A LARANJA E A MAÇÃ -
(Fábula)
Ninguém se sente à vontade
sabendo que seu nome está sendo usado de forma desagradável. Citar o nome de
alguém como exemplo de fatos indesejáveis não faz da pessoa um herói a ser
ovacionado. E foi assim que aconteceu com as amigas Laranja e Maçã.
Era uma fria manhã e o
inverno nem havia começado. A praça principal da cidade dos Sonhos estava
vazia, comparando-se aos dias aconchegantes do verão. Era o momento de tirar do
fundo do baú os maus cheirosos agasalhos.
Sentada em um dos bancos, a
jovem Laranja, cabisbaixa, demonstrava um semblante de tristeza, o que não era
comum naquela jovem alegre e extrovertida. A final, o que a atormentava tanto?
Vez por outra, notava-se uma lágrima escapando de seus olhos entristecidos.
De repente, ela ouve uma
voz, que não lhe era nada estranha:
- Bom dia, minha amiga!
Pareces triste? O que te faz assim?
Levantando a cabeça
lentamente e esfregando os olhos na tentativa de esconder uma preocupação que a
incomodava, Laranja, viu diante de si,
a Maçã, sua amiga e confidente.
- Ah, minha amiga! –
respondeu ela meio sem jeito! E prosseguiu: Você nem calcula a situação em que
me meteram!
- Mas o que te fizeram de
tão grave contigo? – Perguntou a Maçã!
Com uma voz amarga, a
Laranja iniciou sua melancólica narrativa:
- Uns sujeitos mau caráter
fizeram um jogo sujo envolvendo bilhões de dólares, aquela moeda americana,
sabe? Pois bem! Para se livrarem das malhas da justiça dos homens, colocaram
esse dinheiro no meu nome e me meteram numa enrascada sem precedentes!
A Maçã colocou as mãos nos
ombros da amiga e, numa tentativa de confortá-la, desabafou:
- Ah, minha amiga! Eu também
sou vítima de uma injustiça sem fim! Isso faz muito tempo! Foi quando Deus
criou esse mundo terrível em que vivemos! Pois não é que uma tal Eva fez uma besteira e colocaram em a culpa em mim!
A Laranja deu um salto do
banco onde estava e com uma expressão de grande espanto bradou:
- O quê? Fizeram isso com
você? Ah não!!! Isso é uma injustiça, amiga! E você não se defendeu? –
perguntou a Laranja com uma expressão de revolta!
- Como poderia eu, uma
simples maçã, questionar com o meu Criador? – respondeu a Maçã. E continuou: -
E o pior é que ninguém prova que fui eu! Quem escreveu essa história disse
apenas que essa maldita Eva havia comido uma fruta de uma árvore proibida!
- E como você está pagando
por um crime que não cometeu, amiga? Não tem ninguém que te defenda? –
Perguntou a Laranja, cada vez mais revoltada! E desabafou: Ah, não, amiga! Isso
já é demais!!!
A Maçã, sempre conformada,
prosseguiu:
- O problema é que eu sou
vítima de piadas maliciosas, enquanto outros fizeram até músicas envolvendo o
meu nome, sem que eu recebesse qualquer benefício dos direitos autorais! E como
nada posso fazer, continuo sofrendo as consequências dessa injustiça criada
pelos homens contra mim!
Andando de um lado para o
outro, sempre com as mãos para trás e com aquele ar de preocupação, a Laranja
esbravejava:
- É, minha amiga! A vida tem
dessas coisas! Os culpados continuam tentando denigrir a nossa imagem! Mas,
graças a Deus as coisas estão mudando e muitos deles já estão pagando pelos
crimes praticados!
A Maçã retrucou: - Ainda bem
que você tem quem tente amenizar sua situação perante essa justiça que defende
os culpados e continua cruel e perversa com os inocentes! Para mim não tem
jeito! Serei sempre culpada pela desobediência dos outros! Quanto a você, ainda
resta uma esperança!
- Hum! Será, minha amiga?
Cada dia que passa, aparecem mais corruptos usando o meu nome para se livrar
das safadezas que praticam! E o pior é que tem juízes e ministros de um tal
Supremo que defendem esses marginais! Aí minha situação se complica cada vez
mais! – Lamentou a Laranja.
Abraçadas, as duas amigas,
vítimas das injustiças praticadas pelos homens, choraram suas mágoas e se
despediram, sempre alimentando a triste certeza de que continuariam derramando
lágrimas inúteis, sem forças para provarem suas inocências!
(Criação de Adalberto
Pereira)
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