sábado, 7 de dezembro de 2019

A FÁBULA DA LARANJA E DA MAÇÃ


                                   A LARANJA E A MAÇà   -   (Fábula)

Ninguém se sente à vontade sabendo que seu nome está sendo usado de forma desagradável. Citar o nome de alguém como exemplo de fatos indesejáveis não faz da pessoa um herói a ser ovacionado. E foi assim que aconteceu com as amigas Laranja e Maçã.
Era uma fria manhã e o inverno nem havia começado. A praça principal da cidade dos Sonhos estava vazia, comparando-se aos dias aconchegantes do verão. Era o momento de tirar do fundo do baú os maus cheirosos agasalhos.
Sentada em um dos bancos, a jovem Laranja, cabisbaixa, demonstrava um semblante de tristeza, o que não era comum naquela jovem alegre e extrovertida. A final, o que a atormentava tanto? Vez por outra, notava-se uma lágrima escapando de seus olhos entristecidos.
De repente, ela ouve uma voz, que não lhe era nada estranha:
- Bom dia, minha amiga! Pareces triste? O que te faz assim?
Levantando a cabeça lentamente e esfregando os olhos na tentativa de esconder uma preocupação que a incomodava,  Laranja, viu diante de si, a  Maçã, sua amiga e confidente.
- Ah, minha amiga! – respondeu ela meio sem jeito! E prosseguiu: Você nem calcula a situação em que me meteram!
- Mas o que te fizeram de tão grave contigo? – Perguntou a Maçã!
Com uma voz amarga, a Laranja iniciou sua melancólica narrativa:
- Uns sujeitos mau caráter fizeram um jogo sujo envolvendo bilhões de dólares, aquela moeda americana, sabe? Pois bem! Para se livrarem das malhas da justiça dos homens, colocaram esse dinheiro no meu nome e me meteram numa enrascada sem precedentes!
A Maçã colocou as mãos nos ombros da amiga e, numa tentativa de confortá-la, desabafou:
- Ah, minha amiga! Eu também sou vítima de uma injustiça sem fim! Isso faz muito tempo! Foi quando Deus criou esse mundo terrível em que vivemos! Pois não é que uma tal  Eva fez uma besteira e colocaram em  a culpa em mim!
A Laranja deu um salto do banco onde estava e com uma expressão de grande espanto bradou:
- O quê? Fizeram isso com você? Ah não!!! Isso é uma injustiça, amiga! E você não se defendeu? – perguntou a Laranja com uma expressão de revolta!
- Como poderia eu, uma simples maçã, questionar com o meu Criador? – respondeu a Maçã. E continuou: - E o pior é que ninguém prova que fui eu! Quem escreveu essa história disse apenas que essa maldita Eva havia comido uma fruta de uma árvore proibida!
- E como você está pagando por um crime que não cometeu, amiga? Não tem ninguém que te defenda? – Perguntou a Laranja, cada vez mais revoltada! E desabafou: Ah, não, amiga! Isso já é demais!!!
A Maçã, sempre conformada, prosseguiu:
- O problema é que eu sou vítima de piadas maliciosas, enquanto outros fizeram até músicas envolvendo o meu nome, sem que eu recebesse qualquer benefício dos direitos autorais! E como nada posso fazer, continuo sofrendo as consequências dessa injustiça criada pelos homens contra mim!
Andando de um lado para o outro, sempre com as mãos para trás e com aquele ar de preocupação, a Laranja esbravejava:
- É, minha amiga! A vida tem dessas coisas! Os culpados continuam tentando denigrir a nossa imagem! Mas, graças a Deus as coisas estão mudando e muitos deles já estão pagando pelos crimes praticados!
A Maçã retrucou: - Ainda bem que você tem quem tente amenizar sua situação perante essa justiça que defende os culpados e continua cruel e perversa com os inocentes! Para mim não tem jeito! Serei sempre culpada pela desobediência dos outros! Quanto a você, ainda resta uma esperança!
- Hum! Será, minha amiga? Cada dia que passa, aparecem mais corruptos usando o meu nome para se livrar das safadezas que praticam! E o pior é que tem juízes e ministros de um tal Supremo que defendem esses marginais! Aí minha situação se complica cada vez mais! – Lamentou a Laranja.
Abraçadas, as duas amigas, vítimas das injustiças praticadas pelos homens, choraram suas mágoas e se despediram, sempre alimentando a triste certeza de que continuariam derramando lágrimas inúteis, sem forças para provarem suas inocências!

(Criação de Adalberto Pereira)

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