sábado, 28 de julho de 2018

FALANDO DE CORDEL - Parte 2


        PRIMEIRO CONGRESSO DE POETAS REPENTISTAS DO ARARIPE

          No Primeiro Congresso de Poetas Repentistas do Araripe, realizado na cidade de Araripina, Pernambuco (de 05/07 a 07/07/1986) e que eu tive a felicidade de promover, vários foram os  gêneros e os temas cantados pelos participantes. Entre eles, escolhi alguns que foram registrados ao longo do evento. Vejamos os temas e seus respectivos gêneros:

SEXTILHAS:  “O mentiroso”; “Uma noite de São João”; “A seleção brasileira”; “O repentista sem sorte”; “Um rico avarento”; “Uma noite de Natal”; “Uma mãe desprezada”; “A reforma agrária”; “Um bodegueiro ladrão”; “Uma mulher ciumenta”; “Uma Igreja abandonada”.
MOTES EM SETE SÍLABAS: “Muita gente se escondeu com medo de Lampião”; “Vamos construir amor no lugar da violência”; “Depois do caso passado, não adianta chorar”; “A mulher que gosto dela, faz é tempo que não vejo”; “O mau vizinho é a fera maior que pode existir”; “Eu estou apaixonado pela filha do patrão”; “Só morre minha esperança depois que eu falar com ela”; “Pra não morrer de saudades, vou voltar pra meu lugar”; “Meu cavalo bom de gado, morreu numa vaquejada”; “Quem é cristão sente pena da criança abandonada”; “No bem da mulher amada está o bem da criação”; “Um prefeito preguiçoso deixa o povo revoltado”

MOTES EM DECASSÍLABOS: “Sua jura quebrada pareceu com o fim do romance de amor”; “O suor do candango nordestino fez São Paulo aumentar sua riqueza”; “A campanha política está chegando para o povo escolher seu candidato”; “Nosso mundo soluça agonizante no abismo da guerra nuclear”; “O pacote econômico agora fez a pobreza sorrir de alegria”; “A TV brasileira tem mostrado terrorismo, amor e violência”; “Não devaste a floresta brasileira, pra não ver nossa terra destruída”; “O pecado do crime é tão pesado, que a balança de Deus fica tremendo” (Zé Morais); “A velhice é doença que não tem medicina que possa lhe curar”; “A cascata chorava sem parar na primeira chuvada de janeiro”; “Quem odeia a sagrada poesia, não entende das coisas que Deus fez”.

OUTROS GÊNEROS: Quadrão à beira-mar; Martelo agalopado; Gemedeira; Me responda, cantador!; Rojão pernambucano (Quando eu voltava, ela ia); O cantador de vocês; Dez de queixo caído; Dez pés a quadrão; Mourão voltado; “Brasil caboclo”.

OS CRITÉRIOS PARA A REALIZAÇÃO DO PRIMEIRO CONGRESSO DE POETAS REPENTISTAS DA REGIÃO DO ARARIPE:

1)- Foram oito (8) envelopes numerados, de 01 a 08;
2)- Cada envelope continha um papel com a numeração idêntica à do envelope, contendo os estilos que seriam desenvolvidos pelas duplas de poetas participantes;
3)- Cada dupla de poeta teria cinco (5) minutos para desenvolver os temas contidos no envelope sorteado;
4)- As notas seriam dadas pelos jurados, de 01 a 05;
5)- Quatro (4) duplas se apresentaram em cada noite, sendo classificadas três delas para a finalíssima;
6)- Concorreriam as oito (8) duplas inscritas legalmente, totalizando dezesseis (16) poetas repentistas;
7)- Os prêmios foram anunciados e comunicados aos concorrentes, quarenta e oito (48) horas antes do início do Congresso;
8)- Somente estariam legalmente inscritos aqueles que concordassem com os critérios do Congresso;
9)- Todos os gêneros, motes e seleção dos envelopes, bem como de todos os materiais utilizados no Congresso foram supervisionados e preparados por uma comissão formada por poetas e acompanhados pelo promotor do evento;
l0)- O Primeiro Congresso de Poetas Repentistas da Região do Araripe teve como local a Associação Recreativa e Cultural de Araripina – ARCA – ficando a comissão na obrigação de comunicar com antecedência, qualquer mudança de local, em caso de necessidade.

          OBS: O Congresso foi aberto pelos poetas repentistas Moacir Laurentino e Raimundo Borges, que tiveram o patrocínio exclusivo do “Mercadão dos Tecidos”, através do seu gerente Normando Sóracles Gonçalves, que também esteve presente na apresentação do evento.
          No primeiro dia se apresentaram as duplas: Borboleta do Norte e Assis Rosendo; João Batista e Vitorino Bezerra; José Melquíades e Reinaldo Ribeiro; Antônio Ricardo e Nei Ricardo.
        Dessas quatro duplas, três seriam classificadas para a fase seguinte, ficando apenas uma dupla desclassificada.

OS PATROCINADORES: O Primeiro Congresso de Poetas Repentistas do Araripe aconteceu graças ao patrocínio de algumas prefeituras e de empresas, cujos proprietários eram grandes admiradores dos cantadores de violas.
Prefeitura Municipal de Ouricuri (Prefeito Carlos Alberto Muniz Coelho);
Prefeitura Municipal de Trindade (Prefeito Francisco de Carvalho Leite);
Prefeitura Municipal de Araripina (Prefeito José Valmir Ramos Lacerda);
ARTEFIL (Araripina Tecidos e Fios Ltda.) > Valdeir Batista;
ICOASA (Indústria e Comércio de Óleo Araripina Sociedade Anônima) > Antônio Lacerda;
Mercadão dos Tecidos (Normando Sóracles Gonçalves – gerente);
Rádio da Grande Serra Ltda. (Adalberto C. Pereira – gerente).

Aguardem a continuação


O MUNDO ENCANTADO DO RÁDIO  -  Parte 2

Por Adalberto Pereira

                            O CORREDOR DA MORTE

     Durante a minha carreira de radialista cheguei a fazer de tudo um pouco. Fui locutor, redator, operador de áudio, discotecário, narrador esportivo, repórter de campo, comentarista esportivo, cronista e até gerente administrativo.

     Como repórter policial tive a ajuda do soldado Albino, que sempre me informava quando acontecia um fato interessante. Graças a ele, os casos policiais eram levados aos nossos ouvintes em primeira mão. Isso me colocava entre os repórteres mais atuantes na região.

     E foi através de uma informação do Albino que fiz a cobertura do assassinato de um “puxador” de carro conhecido como Joel, que se encontrava na cadeia pública de Patos e, segundo os policiais, tentara fugir. Descobri que tudo não passara de uma armação.

     Pelos hematomas nos braços e no pescoço, descobri que ele fora obrigado a sair de sua cela para dar a impressão de uma tentativa de fuga. Por ter resistido, Joel foi empurrado para fora e  fuzilado no corredor da cadeia. O fato foi publicado pelo Diário da Borborema e eu fui ameaçado pelo então comandante do III BPM.

     Sabendo do que estava acontecendo, o Pe. Joaquim de Assis Ferreira, nosso diretor, mandou que fossem gravados todos os telefonemas a mim dirigidos. O caso foi parar na Secretaria de Segurança Pública do Estado e o comandante do III BPM foi substituído imediatamente.

     A imparcialidade na divulgação dos fatos é uma obrigação do bom profissional. Esta não tem preço e a sua credibilidade passa a ser uma característica de bom caráter. Não resta dúvida de que o preço a pagar é muito alto, mas vale a pena arriscar, mesmo sabendo que vai desagradar alguns.

(...)

O OUTRO LADO DA MOEDA


DESVENDANDO UMA  VERDADE OCULTA

Por Adalberto Pereira

Antes de iniciar esta minha narrativa, quero lembrar uma frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula Da Silva, ao discursar em uma de suas campanhas à Presidência da República: “NO MEU PALANQUE CORRUPTO NÃO SOBE! NO MEU GOVERNO CORRUPTO NÃO ENTRA!” (Quem tem boa memória deve lembrar).

Desde a sua fundação, em 10 de fevereiro de 1980, o Partido dos Trabalhadores pautou-se no discurso de que seria um partido honesto, transparente e que, chegando ao poder, mostraria ao Brasil e ao mundo como governar com dignidade. Insistiram tanto neste discurso, que quase me convenceram a segui-lo na certeza de que estaria no caminho de uma democracia séria e voltada para um povo que clamava pelo fim da corrupção. Já contava, na época,  com 39 anos bem vividos, idade suficiente para tomar minhas próprias decisões.

Via um PT firme em sua ideologia política de não se aproximar e nem se “misturar” com os demais partidos da época, principalmente quando se tratava do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), hoje Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Esse propósito do PT, levou o partido a uma sequência de derrotas nas urnas. Foram três derrotas consecutivas na caminhada em busca do Palácio do Planalto e várias décadas de pregações firmes e irreversíveis. Parecia ser um partido sério.

Lendo a respeito dos xiitas, uma seita islâmica (partidários de Ali), que atinge 2/3 dos 95% da população muçulmana, passei a fazer um paralelo entre aquela seita e o Partido dos Trabalhadores, pelo radicalismo que muito os identifica. Notei que a diferença era tão insignificante que ambos chegavam a ser iguais em propostas e comportamentos.

Os xiitas seguiam religiosamente Ali Abu Talib o sucessor legítimo da autoridade islâmica; os petistas seguem religiosamente Luiz Inácio Lula da Silva como autoridade máxima e  mandatário  insubstituível, cujos ideais devem ser rigidamente respeitados. Quem não o fizer, é sumariamente “excomungado”.

A exigência do PT é que petista é obrigado a votar em petista, a não ser que o “poderoso chefão” decida, visando seus interesses pessoais, apoiar outro ou outros candidatos. Quem desobedecer a ordem do  ex-metalúrgico passa a ser considerado inimigo do sistema ditatorial imposto pelo “clã” da estrela cubana.

Foi assim com alguns políticos que, por não concordarem 100% nas propostas petistas, chegaram a ser expulsos da agremiação de propriedade do Lula. A opressão é o cardápio principal das leis internas, que eles tentam transferir para o nosso cotidiano. É a lei do CUMPRA-SE, muito comum no sistema imperialista.

Depois de derrotado por várias vezes e vendo que suas pretensões de chegar ao poder eram cada vez mais impossíveis, Luiz Inácio da Silva resolveu partir para uma estratégia que o distanciaria do discurso de que sozinho venceria os seus maiores “inimigos”, sendo o PMDB e o PFL os maiores alvos de seus ataques verbais. Apegavam-se então àquela ideologia medíocre e covarde de que “se você não pode com seus inimigos, junte-se a eles”. Para os petistas, o importante agora era chegar ao Palácio do Planalto a todo custo.

A estratégia deu certo.  Desavergonhadamente,  juntou-se ao PDMB, partido “massacrado” por eles ao longo dos anos, desde a existência do MDB. Para isso, usando sua já costumeira e conhecida arrogância, Lula obrigou seus aliados a se calarem diante da promessa de entregar todos os Ministérios aos oportunistas peemedebistas. O resultado foi extraordinário para os xiitas brasileiros. 1º de janeiro de 2003 e lá estava o ex-torneiro mecânico enfaixado e pousando garbosamente para a posteridade melancólica de um país sem princípios éticos e morais.

Eufóricos e ansiosos, milhões de brasileiros (não me incluam entre eles) esperavam ver um país diferente: com um governo honesto, transparente, distante da corrupção. Estava perto de ser realizado o sonho de ver uma educação primorosa, um sistema de saúde a nível de primeiro mundo e uma segurança a causar inveja. Afinal, este foi o quadro pintado ao longo das campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores. Mas não passava de um falso retrato do que estaria por vir.

Consolidada a vitória do 35º Presidente da República, esperava-se uma palavra de gratidão ao PMDB, responsável maior pela ascensão do primeiro mandatário do PT na política nacional resultando na sua chegada à Presidência da República. Mas a arrogância petista deixou de lado o seu “trampolim” político e passou a enaltecer a si próprio, como se tivesse conquistado a vitória sem ajudas externas.

Esqueciam-se de que um partido que elege apenas dois governadores, não tem respaldo político para eleger sozinho um Presidente da República. O Palácio do Planalto virou reduto dos maiores corruptos da história do Brasil. Para quem havia prometido que “em seu palanque corruptos não subiam e que  em seu governo corruptos não entravam”, o exemplo foi o pior possível.

Foram, ao todo, cento e duas (102) denúncias de corrupção, num prazo de oito anos. Superou as denúncias nos governos Sarney (6), Collor de Melo (18), Itamar Franco (31) e FHC (44), totalizando 99. Uma imperdoável decepção para quem pregava honestidade e um governo diferenciado.

Dizendo-se defensor da democracia e lançando o seu veneno mortífero contra o Regime Militar, que combateu a invasão do comunismo no Brasil, os militantes do Partido dos Trabalhadores sempre defenderam com veemência o regime cubano, ao mesmo tempo em que lançam seus aplausos  as ações criminosas do chavismo na Venezuela. Pergunta-se, então: - como pode um partido defender a democracia, quando, na realidade,  defende claramente  duas ditaduras que oprimem e perseguem?

Lembro-me que o PT não contribuiu em nada para o progresso da Nação, uma vez que tinha como obsessão vigiar os erros dos partidos adversários, fazendo grandes “tempestades em copo d’água”. Um deslize, por menor que fosse, transformava-se numa acusação implacável. Teimava em dizer que dera grande contribuição para o combate ao regime militar quando, na realidade, o maior combatente foi o MDB, que fazia severa oposição à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), defensora do regime da época.

O MDB “arregaçou” as mangas e lutou por uma democracia nacional. Foram os líderes peemedebistas do passado, homens de caráter, que elaboraram a Constituição de 88, da qual o PT foi extremamente contrário e a quem fez ferrenha oposição.

Foi o próprio Luiz Inácio Lula da Silva que, em 1990, fundou,  juntamente com o ditador cubano Fidel Castro, o Foro de São Paulo, movimento que congregava a esquerda da América Latina e do Caribe. Nota-se que a amizade com o pior usurpador da liberdade do povo cubano vem de longas datas.  É o mesmo Fidel Castro que pretendia implantar o comunismo no Brasil em 1964. É este o Lula  que tinha um patrimônio de 840 mil reais em 2006 e hoje, apenas oito anos depois, conta com bens incalculáveis. Um mágico de causar inveja ao próprio David Copperfield. 

Diante do que foi exposto, fica mais do que evidente que o PT é arrogante, prepotente, ganancioso, mentiroso, incoerente, ingrato e, consequentemente, indigno da nossa confiança. Acredito que, pelo menos para as pessoas de bom caráter, eu tenha justificado com clareza os motivos pelos quais eu não confio no Partido dos Trabalhadores. Trata-se de uma decisão de quem conhece o PT desde a sua fundação e que acompanhou o comportamento de políticos e adeptos do partido. É uma decisão de quem não tem “rabo preso” e que tem moral para se posicionar da maneira mais coerente possível.

Sei que muitos virão com aquela justificativa própria dos culpados sem argumentos inteligentes, de que no governo do PT a corrupção foi investigada e os corruptos presos. Será que é assim mesmo? Por que, então, os que punem os corruptos petistas são exonerados de seus cargos, enquanto outros são obrigados a optar pela aposentadoria? Por que  mudam tantos ministros do Supremo?

Faz-se necessário lembrar, e isso tem sido mostrado pela imprensa nacional,  que quando as acusações são contra os adversários petistas, estes saem às ruas clamando por CPIs contra aqueles. Nesse caso os denunciados são castigados  impiedosamente e até aprisionados na Superintendência da Polícia Federal.  Quando as denúncias envolvem adeptos do PT, sempre é perseguição política, mesmo diante de provas concretas. Aí, aparecem defesas por todos os lados, sempre patrocinados pelo Palácio do Planalto.

Que tal citarmos o  exemplo do que aconteceu com o Senador José Sarney, então Presidente do Senado que, com onze denúncias nas “costas”, foi blindado por forças palacianas? Mais revoltante ainda foi o PT escolher os integrantes da Comissão de Ética para julgar o caso, tendo como presidente um integrante do partido governista e como relator um amigo íntimo do acusado.

Na verdade, as denúncias contra o PT se acumulam, mas são atiradas nos esgotos do Congresso Nacional, sendo engolidas pela podridão do protecionismo político.

Tenho Dito!

sexta-feira, 27 de julho de 2018

O NACIONAL ATLÉTICO CLUBE DE PATOS EM DOIS MOMENTOS PARA MATAR SAUDADES.


NA FOTO 2 - Em Pé: Teomar, Bastinho, Zé Pereira, Didi, Pistola e Pedrinho; Agachados: Messias, Nego Côco, Totinha, Tico e João Grilo.

OBS.: Um dos maiores e mais respeitados times que o Nacional formou.

BANDA MARCIAL MONSENHOR MANOEL VIEIRA - COLÉGIO PEDRO ALEIXO - PATOS - PB.


O RÁDIO NA ERA CONTEMPORÂNEA - ENCANTO OU DESENCANTO?


O MUNDO ENCANTADO DO RÁDIO  -  Parte 1
Por Adalberto Pereira

        Estamos acostumados a ouvir dizer que o objetivo maior do rádio é deixar os seus ouvintes bem informados. Há quem diga que o rádio é para promover a cultura de um povo, primando pela divulgação das notícias de maneira clara, objetiva e imparcial.

      Já ouvi de outras pessoas que o radialista deve falar de uma forma que todos entendam. Não pensem que tudo isso não passa de sonhos ou fantasias. Esta é uma grande realidade. Mas será que as emissoras de rádio estão seguindo os  princípios éticos para os quais foram postas em funcionamento?

Na verdade, o rádio de hoje não é mais aquele veículo de comunicação, cujo objetivo era informar e educar. Ele foi transformado em fonte de renda que beneficia apenas empresários gananciosos e mercenários. Se o programa dá lucro, vai ao ar. E o ouvinte que engula tudo calado!

                     UM RÁDIO SEM COMPROMISSO

Certa vez, quando cursava Agronomia, na Fundação Francisco Mascarenhas, um colega alagoano perguntou-me por que os locutores não divulgavam determinadas notícias. Fiquei meio sem jeito, mas não o repreendi. Ele estava certo. Havia realmente as notícias agradáveis e as desagradáveis, segundo a concepção dos donos da empresa e seus amigos.

O rádio perdeu seu compromisso com a ética e com a moral, a partir do momento em que as concessões passaram a beneficiar empresários que nada entendem de radiodifusão. Eles simplesmente usam e abusam do rádio para monopolizarem determinadas regiões.

Para piorar ainda mais a situação, as emissoras de rádio, principalmente no interior, transformaram-se em comitês eleitorais, elementos preponderantes  para a promoção de partidos e políticos, verdadeiros senhores detentores de poderes sobre a imprensa escrita,  falada e televisada. Tudo isso faz dos jornalistas figuras fragilizadas.

Infelizmente algumas emissoras de rádio transformaram-se em fábricas de mentiras,  jogando na lama uma idoneidade moral construída com sacrifício por quem fez da profissão um verdadeiro sacerdócio, construído sobre um alicerce fortalecido pela verdade.

(...)


ANTÔNIO TRANCA RUA – UM NOME A SER LEMBRADO

Antônio Tranca-Rua era uma figura muito querida pela população patoense. Ele era dono de uma presença de espírito incrível e invejável, fato este que o fez bastante conhecido por toda a região das Espinharas. Falar de Antônio Tranca-Rua é falar um pouco da história de Patos, cidade conhecida como “Morada do Sol”. Arrisco-me ao contar alguns momentos agradáveis que ainda guardo na memória.

Certa vez, ao tentar atravessar a Avenida Solon de Lucena, próximo à Lanchonete Pedregulho, ele quase foi atropelado. Todos que presenciaram a cena chegaram a pensar que seria o fim para aquela figura tão querida e engraçada. Foi quando algumas pessoas gritaram: - Escapou fedendo, hein Antônio? Ao que ele respondeu imediatamente: - É melhor do que morrer cheirando!

Em outra ocasião, ele passava apressado pelas calçadas das lojas da Solon de Lucena, quando uma funcionária da Casa dos Retalhos gritou: - Antônio, conta uma mentira pra gente! Ao que ele respondeu: - Não posso! Minha mãe acaba de morrer! Foi um silêncio total. Terminado o expediente, alguns curiosos correram à casa do Antônio. Lá chegando o encontraram ouvindo rádio na maior tranquilidade. Alguém perguntou: - Você não disse que sua mãe havia morrido? Ele foi imediato: - Vocês não pediram pra eu contar uma mentira!!!

O Dr. Antônio Magalhães, então juiz de Direito de Patos, baixou uma Portaria proibindo vendida de bebidas alcoólicas no período de Carnaval. No domingo Antônio Tranca-Rua chegou a uma barraca localizada na Praça dos Pombos, próximo à Estação Ferroviária, e pediu uma “pinga”. O proprietário disse que não podia. Ele então insistiu e mandou que o cidadão botasse a “pinga” numa xícara e foi logo atendido. Foi nesse momento que uma carro da polícia parou em frente à barraca. Antônio não pensou duas vezes, levantou a xícara e ofereceu aos policiais: - vocês querem “um cafezinho”? Eles agradeceram sorridentes e foram embora.

Mas todo leão tem o seu dia de tapete! Certo dia, um viajante recém-chegado a Patos, perguntou ao Tranca-Rua onde poderia encontrar uma lanchonete para fazer um lanche. Imediatamente Antônio disse: - Na rua do Prado tem a Lanchonete Sem Porta, que fica em frente ao Posto de João Francisco! Foi aí que o visitante perguntou: - E como eu entro, se a lanchonete não tem porta? Antônio Tranca-Rua ficou uma fera! (tratava-se da Lanchonete Porta Aberta, que ele mudou o nome para brincar com o viajante).

OBS.: Pessoas como Antônio Tranca-Rua, o mudinho do cinema, Severino e outros precisam ser lembradas com carinho e respeito, pois elas fazem parte da nossa história.

Escrito e postado por Adalberto Pereira.


quinta-feira, 26 de julho de 2018

MOMENTOS COM O FOLCLORE PORTUGUÊS - Parte 2


FALANDO DE CORDEL - Parte 1


                                   LITERATURA DE CORDEL

       No Brasil, a Literatura de Cordel tem sua origem no Nordeste. Este nome é oriundo dos varais improvisados com cordinhas para pendurar os folhetos com versos que relatam, entre outros, acontecimentos dramáticos do nosso cotidiano, bem como da história política, ou reproduzem lendas e histórias. Esses folhetos, conhecidos como “livrinhos de cordel”, são impressos em papel barato ilustrados com xilogravuras. Muitas vezes os próprios artistas chegam a vendê-los nas feiras e nas ruas.
          Entre os diversos temas utilizados pelos escritores, ou poetas populares, podemos destacar as grandes enchentes, as vidas dos artistas mais populares; as façanhas de Lampião, o rei do cangaço e seus cangaceiros; a epopéia do rei Carlos Magno e os Doze Pares de França. A Morte de Getúlio Vargas, lançado logo após o suicídio do ex-presidente, em agosto de 1954, foi considerado um dos campeões em tiragem, chegando a vender 70 mil exemplares em apenas 48 horas. O poeta pernambucano Leandro Gomes de Barros é considerado um dos mais conhecidos poetas de cordel. Ele, segundo estimativas, foi autor de mais de mil títulos.
        Nem mesmo o aumento das tiragens dos jornais conseguiu provocar o desaparecimento dos livrinhos de cordel, como temiam os estudiosos do folclore brasileiro. No entanto, não se pode negar que houve uma certa adaptação, principalmente em São Paulo, com a industrialização do cordel, que passou a ser impresso em gráficas e com papel de melhor qualidade. As capas com desenhos rústicos deram lugar a um colorido especial, cuidadosamente bem acabadas.
     Um dos trabalhos bastante conhecidos é “O Pavão Misterioso”, que conta a história de um rapaz que, em um pavão fabricado sob encomenda, vai raptar uma donzela, filha de um conde. É um fato que, segundo o autor, ocorre na Grécia Antiga. No final, Evangelista, tido como o herói da trama, consegue casar com Creusa e se transforma em conde.
         Baseado nessa estória, Manoel Apolinário Pereira criou “O Filho de Evangelista do Pavão Misterioso”. Aqui, o autor coloca como personagem principal um jovem chamado Genival Batista. A história começa com a festa em comemoração às bodas de prata de um conde de Macedônia. Alí, Genival conhece Isabel, filha do conde e que completava 13 anos naquele mesmo dia. No final, estimulado e ajudado pelo pai Evangelista, Genival, usando o mesmo pavão, levou Isabel para a Grécia, casaram e foram muito felizes. Vale a pena conferir este trabalho cheio de emoções.
        Outras literaturas foram escritas e fizeram muito sucesso, entre elas estão:  “O Filho do Herói João de Caldas”, de Caetano Cosme da Silva; “O Capitão do Navio”, de Silvino Pirauá de Lima; “A Traição de Dalila e a Força de Sansão” e “Os Cabras de Lampião”, de Manoel D’Almeida Filho; “Rei Orgulhoso na Hora da Refeição”, de Pedro Rouxinol;  e “Zé Bico Doce, o Rei da Malandragem”, de Paulo Nunes Batista.

                          OS POETAS REPENTISTAS

          Bastante diferentes dos “poetas de gabinetes”, aqueles que escrevem poesias estudadas e acompanhadas pelos dicionários, o poeta repentista é aquele que faz versos improvisados. Com eles, as idéias surgem de forma repentina, numa demonstração de conhecimentos e reflexos. São homens que, em sua grande maioria, não tiveram o prazer de freqüentar escolas, colégios, cursinhos ou universidades. Para eles, a vida representa uma escola gigante, com professores das mais diversas categorias, que podemos classificá-los de “experiências da própria vida”.
          Os maiores diplomas conquistados por esses poetas e que passaram a ser seus companheiros inseparáveis são as suas violas, cujos repiques transmitem uma sonoridade indecifrável, talvez uma das maiores causadoras da inspiração poética. E assim caminham os nossos espetaculares poetas repentistas, em busca de oportunidades para mostrarem uma cultura que somente eles sabem transformar em aplausos e reconhecimento por parte daqueles que sabem ovacionar os grandes valores da poesia nordestina.
                               OS TIPOS DE CANTORIAS
          Existem dois tipos de cantorias: a cantoria de pé de parede, aquela em que os poetas se apresentam em ambiente aberto ao público, sem qualquer acerto financeiro, colocando-se diante deles uma bandeja ou algo parecido, sobre uma mesa ou outro suporte, para que, à proporção em que eles forem cantando, as pessoas presentes possam colocar suas contribuições, que serão divididas entre os poetas no final da apresentação; e a cantoria ingressada, aquela  em que os poetas se apresentam em ambiente fechado e onde são cobrados ingressos, ficando o público sem a obrigação de contribuir. Esse é o caso de congressos, festivais, festas de aniversário, etc.
                                      AS SEXTILHAS
          Vários são os gêneros apresentados pelos poetas repentistas em suas cantorias, que, tradicionalmente, sempre começam pelas sextilhas, nas quais eles cantam assuntos diversos, na maioria das vezes escolhidos por eles mesmos. Vejamos um exemplo de sextilhas cantadas pelos poetas José Melquíades e Reinaldo Ribeiro, durante o Primeiro Congresso de Poetas Repentistas do Araripe, realizado em Araripina, Pernambuco. TEMA: “A Reforma Agrária”.

“ O Governo da Nação, que boa lei ele tem,
Acho que a Reforma Agrária com certeza agora vem
Tomar terra de quem tem terra e dar terra a quem não tem.”
“O rico tem condição, propriedade comprida
E o pobre que trabalha com a matéria abatida
E o pobre que não tem terra é mesmo que não ter vida.”
“Vive o pobre cansado numa vida aperreada,
O rico que tinha terra, tanta terra desprezada
Agora veio o momento de vender sem ganhar nada.”
                                MOTE EM SETE SÍLABAS
Outro gênero bastante conhecido e muitas vezes cantado é o mote em 7 sílabas. Este gênero depende muito do mote solicitado. Por exemplo, se alguém pedisse o mote “Meu cavalo bom de gado, morreu numa vaquejada”, ficaria assim, como cantaram os poetas José Melquíades e Reinaldo Ribeiro no mesmo congresso:

“Acho bom dizer agora, que isso me adianta:
Com cavalo a gente canta, sem cavalo a gente chora;
Guardei até a espora, que já está enferrujada,
Chorei até na calçada igualmente um desgraçado,
Meu cavalo bom de gado morreu numa vaquejada.”

“Nunca mais eu dei carreira, outro cavalo eu não quero,
De manhã me desespero e choro lá na porteira;
Nunca mais usei perneira, que está suja e encostada,
A sela está pendurada, usei no ano passado,
Meu cavalo bom de gado morreu numa vaquejada.”
                             MOTE EM DECASSÍLABO
O mote em decassílabos é outro gênero bastante solicitado, não só pelo seu ritmo bastante sugestivo, mas pelos temas que são colocados diante dos repentistas. No Primeiro Congresso de Poetas Repentistas do Araripe, os poetas José Melquíades e Reinaldo Ribeiro foram contemplados com o belíssimo mote “A velhice é doença que não tem medicina que possa lhe curar”. Os poetas se saíram muito bem e tivemos até uma certa dificuldade para escolher os melhores versos. Vamos presenteá-los com esses:

“Lá, pertinho da minha moradia, tinha um velho, bem velho, que morava,
E com tantos gemidos que ele dava, tinha noite que a gente não dormia,
Todo dia esse velho adoecia, aí veio um doutor lhe receitar.
Receitou e falou: ‘pra que gastar, que se cura para esse aqui não tem,
Que velhice é doença que não tem medicina que possa lhe curar!” (José Melquíades)

Certo dia eu andando no Sertão, encontrei um velhinho na estrada
Com a cara já toda enferrujada, pensativo, escorado num bastão,
Barba branca igual a Frei Damião celebrando uma missa no altar.
O velhinho inda pôde me falar: ‘Ninguém vive igual a Matusalém,
Que velhice é doença que não tem medicina que possa lhe curar”. (Reinaldo Ribeiro)

Certo dia à tardinha eu fui chegando, estava um velho deitado na calçada,
Numa vida cansada, aperreada, e seu filho mais novo namorando,
E o velho, coitado, se apertando vendo o filho a mocinha agarrar.
Ele vendo seu filho namorar, disse a ele: ‘eu já fui assim também,
Mas a velhice é doença que não tem medicina que possa lhe curar”. (José Melquíades)
                                        OS DESAFIOS
 Um dos melhores momentos de uma cantoria, pelo menos para a grande maioria das pessoas que admiram os trabalhos do poeta repentista, é quando os poetas entram num desafio, que pode ser apresentado de várias formas. Vejamos este desafio entre José Melquíades e Reinaldo Ribeiro no gênero intitulado “O cantador de vocês”, quando da realização do Primeiro Congresso de Poetas Repentistas do Araripe:

“Vou lhe dar uma lapada que é pra ver se adianta,
Que poeta que não canta, não pisa na minha estrada.
Que cantiga embaraçada! Vá comer osso em hotéis
É treze com doze, é onze com dez, é nove com oito, é sete com seis,
É cinco com quatro, mais um, mais dois e mais três;
Já estou de sangue quente, quebro braço, boca e dente do cantador de vocês” (Reinaldo Ribeiro)
                                                                                                       
“Esse cantador caipora, para mim não canta nada,
Pois só tem muita zoada, perto de mim se apavora,
Vai sair daqui, agora, pra dormir lá nos motéis.
É treze com doze, é onze com dez, é nove com oito, é sete com seis,
É cinco com quatro, mais um, mais dois e mais três;
Ele só tem é zoada, nem toca, nem canta nada, o cantador de vocês”. (José Melquíades)                                                                                                   
 “Você diz  que é repentista, que é homem de qualidade,
Mas sua velocidade não passa na minha pista
Pra ser grande repentista, valer mais do que tu és
É treze com doze, é onze com dez, é nove com oito, é sete com seis,
É cinco com quatro, mais um, mais dois e mais três;
Vou botar cela e espora, para ver se canta agora, o cantador de vocês.” (Reinaldo Ribeiro)
                                        A GEMEDEIRA
    No mesmo Congresso, os poetas repentistas José Melquíades e Reinaldo Ribeiro arrancaram os aplausos do auditório, no momento em que cantaram uma “Gemedeira”, da qual transcrevo apenas três partes:

“O homem geme doente quando está no hospital,
Geme até o deputado, mesmo sendo estadual,
E o cantador de repente, ai, ai, ui, ui,
Geme abrindo um festival” (Reinaldo Ribeiro)

“Doente no hospital geme porque tem razão,
Prefeito geme com medo de perder a eleição,
E cantador de viola, ai, ai, ui, ui,
Geme sem ter precisão” (José Melquíades)

“Vi um velho e uma velha lá na Vila de Morais,
O velho ia pra frente, a velha ia pra trás,
A velha dizia assim: ai, ai, ui, ui,
Meu velho não presta mais” (Reinaldo Ribeiro)
                                   O BRASIL CABOCLO
      A abertura do Primeiro Congresso de Poetas Repentistas do Araripe foi feita pelos poetas Moacir Laurentino e Raimundo Borges, oportunidade em que eles apresentaram um “Brasil Caboclo”, do qual tiramos esses versos:

          “José Sarney, obrigado, presidente brasileiro,
          Que tem trocado o cruzeiro, tendo ele modificado,
          Trocou cruzeiro em cruzado, melhorou nossa Nação,
          Essa modificação diminuiu mais um pouco,
          Nesse Brasil de Caboclo, de Mãe Preta e Pai João.
          Nesse Brasil de Caboclo, de Mãe Preta e Pai João.”

Aguardem a continuação...