segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

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sábado, 11 de fevereiro de 2023

 

                                                                    BOCA DE BODE

O vocabulário do nordestino é repleto de termos que, quando não causa admiração, ´provoca espanto. Isso é produto das diferenças existentes entre a cultura de cada região.

Saindo de Paulista, cidade pertencente ao chamado "Grande Recife", para fixar residência em Campina Grande, encontrei na Rainha da Borborema costumes que me deixaram espantado e até com vontade de voltar para o meu lugar de origem.

Meu pai se divertia quando eu reclamava do dono da venda, que lá em Campina Grande era bodega. Eu fui comprar gás e como não sabia que lá era querosene, voltei pra casa com o litro vazio.

Os meses iam passando e eu fiz amizade com alguns guris, como a gente chamava em Recife mas que em Campina Grande eram os "Zés". Depois é que fiquei sabendo que na Paraíba, quando não se sabia o nome da pessoa, homem era seu Zé e mulher era dona Maria.

Certa vez, o que eu ouvi de um cidadão foi de arrepiar. Eu estava na calçada de casa, quando dois caras se encontraram e um perguntou ao outro se a peça que ele comprou tinha dado certo, ao que o outro respondeu:

Deu certinho como BOCA DE BODE!

Eu nunca fiquei tão ansioso pela chegada de meu pai, como naquele dia. Eu queria que ele me explicasse o que era BOCA DE BODE. Meu pai sempre sabia o que significavam certas coisas absurdas,. Para não esquecer, eu fiquei a manhã todinha com aquelas palavras na memória: Boca de bode... boca de bode... boca de bode,,,

Até me fez lembrar um amigo meu que a mãe mandou ele comprar bicarbonato. Para não esquecer, ele foi até a venda repetindo: bicarbonato... bicarbonato... bicarbonato... até deu uma topada e trocou a palavra: carboreto... carboreto... carboreto... O resultado foi um desastre..

Bem, vamos ao que interessa! Quando a porta de casa se abriu, eu saí como louco ao encontro de meu pai e fui logo gritando: Pai, o que BOCA DE BODE?

Meu pai quase cai de costas. Olhou para mim e notou que minha curiosidade não aceitava demora na resposta e foi dizendo: Bem, meu filho, boca de bode é quando as coisas dão certo.

Eu vou te dar um exemplo. Olhou em redor até que sua vista deu com uma caixa onde minha mãe guardava botões, agulhas e linhas. Apontou para o objeto e ordenou: vá buscar aquela caixa. Eu nem pensei duas vezes e em questão de segundos a caixa já estava nas mãos do meu pai.

Meu querido velho fez um leve sorriso, tirou a tampa da caixa e falou: Veja como eu vou colocar esta tampa, e o fez como se estivesse em câmara lenta, enquanto dizia: Veja como ela entra certinho... (plô) viu??? Eu respondi que SIM.

Aí ele olhou para mim e sorrindo falou: entrou certinho como BOCA DE BODE!!!

Ato contínuo, ele me sentou no colo e disse: Depois eu vou te mostrar como a boca de um bode fecha direitinho como a tampa dessa caixa, tá certo??? Espere só a gente encontrar um bode solto por aí!

Olhei para ele e orgulhoso pelo pai que eu tinha, dei um longo suspiro de satisfação e disse: tá certo, pai!

- Criado por Adalberto Pereira -

(Direitos autorais reservados)


 

                                                             A CORDA E A CANECA

Duas pessoas resolveram fazer um pacto de fidelidade. Muitos não acreditavam que aquele pacto fosse possível. Afinal, fidelidade para muitos é "produto em extinção". 

Um desses que se metem em tudo que não lhe diz respeito, chegou a sugerir que os dois amigos fossem a um cartório registar a façanha, dizendo que assim, tudo ficaria mais seguro.

A sugestão do "metido" não foi levada a sério pelos pactuantes, que eram muito seguros no que estavam fazendo. Mesmo assim, outros "metidos" ocultos não deixavam de murmurar entre si, desacreditando no sucesso do que eles passaram a chamar de "louca aventura".

E o que tem isso a ver com A CORDA E A CANECA? Perguntariam vocês. É que os dois  amigos passaram em frente â nossa casa e sabendo do pacto feito entre ambos, meu pai me deu uma cutucada com o cotovelo e disse baixinho: "lá vai a corda e a caneca!".

Admirado, eu olhei para o meu querido velho e perguntei o que ele queria dizer com aquilo. Foi aí que ele com um leve sorriso me disse que, em se tratando de uma corda e de uma caneca, elas sempre aparecem juntas. Uma sempre precisa da outra.

Não sei se meu pai tinha razão, mas achei a comparação bem interessante quando,  certa vez ao me aproximar de um poço que havia no quintal da casa da minha avó Mãe Gustinha, em Santa Rita, vi ali justamente uma corda amarrada numa caneca. Ri sozinho lembrando da comparação do meu pai.

Bem! E quanto o compromisso assumido entre os dois amigos? Eles conseguiram cumprir o pacto? Eu garanto a vocês que até o ano em que sai de Campina Grande para morar em Patos, tudo ia dando certinho, como "boca de bode!",

Boca de Bode??? Bem esta será outra história que ainda contarei a vocês! Coisa de nordestino mesmo!

- Criado por Adalberto Pereira -

(Direitos autorais reservados)