segunda-feira, 27 de março de 2023

FILME//(A ORIGEM COMPLETO DUBLADO

UMA HISTÓRIA COMOVENTE > VALE A PENA ACOMPANHÁ-LA - Parte 6

 

                                            MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE

PARTE 6                         

Desde o primeiro dia da nossa chegada à Campina Grande, minha vida passou por uma transformação impressionante, a começar pela minha adaptação aos costumes da cidade, muito diferentes dos costumes de Paulista.

Lá, os tratamentos que em Paulista eram seu moço e senhora, eram seu Zé e d. Maria; deixei de chamar os meninos de garoto para chamá-los de guri. Venda era bodega; gás era querosene; deixei de saborear meu gostoso amendoim cozinhado e o gostoso mungunzá pernambucano.

Nas minhas narrativas anteriores procurei registrar fatos que marcaram os onze anos bem vividos na Rainha da Borborema. E sempre que um fato era lembrado, outros iam surgindo, chegando a ocupar espaços divididos em seis etapas.

Campina Grande sempre será uma cidade inesquecível para aqueles que viveram  e que ainda vivem grandes aventuras. No meu caso, essas aventuras começaram quando eu ainda tinha 9 anos, ou seja, no ano de 1950.

Vale salientar que o meu primeiro emprego foi numa banca de revista, localizada na esquina do prédio da chamada Mesa de Renda, perto da Prefeitura. Eu tinha 16 anos. De lá, fui trabalhar no escritório de Representações do sr. Geraldo Soares, no Edifício Açu, na Praça da Bandeira. De lá só saí para servir ao Exército Brasileiro.

Quando eu estudava no Colégio Alfredo Dantas muitas coisas aconteceram. Foi nessa época que conheci um jovem poeta chamado Ronaldo Cunha Lima, que sempre tomava seu cafezinho São Braz, no andar térreo do Edifício São Luiz, onde funcionava a Rádio Borborema.

No mesmo local funcionava a Sorveteria Flórida. Aquele local também era frequentado por mais dois ilustres intelectuais conhecidos como Vital do Rego e Raimundo Asfora. Eu sempre gostava de ficar bem próximo aos três, ouvindo palavras eruditas e anotando algumas num papel para, em casa, consultar o dicionário e saber os seus significados.

Na Panificadora Das Neves, eu comprava o saboroso "Pão Recife", o preferido do meu pai. Na Praça da Bandeira, bem na esquina com a Getúlio Vargas, o Edifício dos Correios e Telégrafos era para nós, um local de visita especial. 

Eu e uns colegas do Alfredo Dantas, depois das aulas, íamos até lá para subirmos e descermos no elevador. Um dia faltou energia e ficamos presos por quase meia hora. Era uma aventura inesquecível e que nos deixava muito felizes.

Um fato que não poderia escapar eram as minhas brigas com o colega Mailton. Essas disputas aconteciam ao lado do prédio dos Correios. Tinha até torcida organizada. Uns chegavam a apostar o lanche do dia seguinte.  Minha mãe nem sonhava que aquilo acontecia. Se ela descobrisse a palmatória entrava em ação.

Eu era muito briguento e as brigas aconteciam duas e até três vezes por semana. Depois,  eu e o Mailton seguíamos juntos para casa, pois o trajeto era o mesmo. Nunca ficamos rivais, mesmo porque estudávamos na mesma classe e até algumas vezes dividíamos o lanche: um pão com doce comprado na cantina da d. Júlia, dentro do próprio Colégio.

Nas proximidades dos Correios estava o Cine Capitólio e mais ao lado o Abrigo Maringá, onde estavam muitas barracas, onde meu pai comprava caixas de passas para me agradar. Descendo mais um pouco, a Primeira Igreja Batista, frequentada por meus pais e pastoreada pelo Reverendo  Silas Falcão.

Bem ao lado do prédio dos Correios ficava o Colégio da Damas. Muitas vezes ficávamos sentados na Praça esperando a saída das alunas daquele colégio. Descendo na mesma rua do Cine Capitólio, estava o Cine Babilônia. Os dois eram sensacionais. Mais embaixo estava o Açude Velho. 

Ali também se destacava os Edifícios  Ezial e Açu, onde eu trabalhei no escritório de representações do sr. Geraldo Soares. Era ali, bem na frente onde paravam os ônibus coletivos com destino ao Monte Santo e a Bodocongó,  passando pela Praça Felix Araújo e pela Arrojado Lisboa.

Lembro até da sinuca do Biuzinho, onde eu frequentava para ver um rapazinho chamado Paulo Arruda dar o seu show de sinuca. Ele chegava a dar 50 pontos de vantagem aos seus adversários. Quando o Fluminense do Rio de Janeiro foi jogar amistosamente contra o Treze, os jogadores Pinheiro, Altair, Quarentinha  e o goleiro Castilho foram lá jogar sinuca. O espaço foi pequeno para os curiosos que pediam até camisas aos atletas.

E as lembranças continuam até chegar aos clubes de futebol contra os quais joguei vestindo a camisa 14 do Vasco da Gama do Monte Santo. Cada clube tinha sua sede, onde eram realizadas reuniões todos os sábados à noite. Cada jogador dava a contribuição estipulada pela Diretoria. A contribuição do 1º quadro (o time principal) era maior que a do 2º quadro. 

E por falar em Monte Santo, quero usar este espaço para destacar uma família que eu havia esquecido em minhas citações:  a família do casal "Gorducha" e d. Mercês, pais da Carminha, do Maurício e de um garoto, cujo nome não me chega à memória. Seria uma ingratidão não destacar essas pessoas.

Era naquela casa, que ficava ao lado da nossa, onde nos reuníamos para bater aquele papo gostoso com o Bila, um funcionário da então Cutelaria Caroca. Bila era uma presença indispensável nos nossos jogos oficiais e amistosos. Ele tinha um carinho especial pelo Vasco da Gama. Às vezes servia até de roupeiro.

Voltando ao assunto dos clubes, vamos começar nossa caminhada pelo Humaitá, um time de Bodocongó, onde se destacavam os jogadores Icário, Adautinho, Lelé e o goleiro João Pipoca. Seguimos com o Bangu da Casa de Pedra; o Corinthians, o Flamengo de Zé Pinheiro; o 15 de Novembro; Vitória;  o Nacional do Zezé; o Estudantes, onde atuava o grande atleta Salomão; o Madureira e o Paulistano da Liberdade, entre outros.

O campeonato amador da cidade era tão organizado que até jogadores do Treze Futebol Clube fugiam da concentração para jogar uma peladinha fora do Presidente Vargas e longe dos olhos da Comissão Técnica e diretores. Um desses jogadores era o Josias. ponteiro esquerdo do "Galo".

Importante também é lembrar nossas idas às matinês no Cine Avenida. Como eu era menor de idade, minha mãe me deixava sob os cuidados de uma jovem, que acompanhava outros meninos e meninas das Ruas Monte Santo, Ceará, Olegário Maciel e Conde D'Eu. Era ela quem comprava todos os ingressos. Era  muito engraçado!

A última rua onde moramos foi a do Monte Santo. Alí, passavam cerca de 80% dos féretros com destino ao cemitério do Carmo. Nos dias de Finados, a rua ficava repleta de vendedores ambulantes, que ofereciam flores, velas  e outros apetrechos para enfeitar covas e túmulos. Nossa casa ficava a menos de duzentos metros do portão principal do "campo santo".

Bem! Vou ficando por aqui! A história foi longa e cheia de emoções. Mas todo esse trabalho foi realizado com a ajuda do nosso DEUS, que nos orientou e abriu nossa mente, para registrarmos os fatos nela guardados por longos anos.  A ELE toda a nossa gratidão.

(História escrita por Adalberto Pereira)

(Direitos autorais reservados)


terça-feira, 21 de março de 2023

UMA HISTÓRIA COMOVENTE > VALE A PENA ACOMPANHÁ-LA - Parte 5

 

                                           MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE

PARTE 5                     

Graças ao meu bom Deus consegui avançar na elaboração deste  trabalho que tem servido de teste para minha memória. Creio que quem viveu a época que está sendo aqui registrada, certamente ficará entusiasmado ao poder rememorar os fatos aqui citados. Vamos aos fatos?              

Nesta parte eu tentarei falar de coisas mais agradáveis. E quero começar registrando nomes de pessoas amigas, que foram omitidas nas partes anteriores.

Eu tinha apenas 16 anos quando resolvi fazer uma visita ao então candidato a Prefeito de Campina Grande, senhor Severino Bezerra Cabral, que tinha como adversário o banqueiro Newton Rique, proprietário do Banco Industrial de Campina Grande.

O senhor Severino Cabral residia na Avenida Getúlio Vargas, já próximo ao centro da cidade. Ali, sentada numa confortável cadeira, encontrei d. Anita Cabral que, educadamente, mandou que eu entrasse. Depois, mandou que eu fosse até a sala de jantar, onde o Cabral tomava o seu café da manhã.

Nunca uma pessoa havia me tratado tão bem. Ele mandou que eu sentasse e me convidou para acompanhá-lo no seu desjejum, ao mesmo tempo em que perguntava o que eu estava fazendo ali. O seu jeitão de matuto chegou a me assustar, mas logo notei que aquele era o seu modo de agir.

Eu aproveitei uma oportunidade em que estava sozinho com o Cabral e d. Anita e pedi uma ajuda para o Vasco do Monte Santo. Ele cumpriu a promessa e foi entregar pessoalmente um padrão de camisa e onze pares de meiões. Foi uma festa na sede do time que, costumeiramente se reunia aos sábados à noite, como acontecia com todos os times amadores de Campina Grande.

Acompanhei todas as programações da campanha do Cabral, que, mesmo sendo semianalfabeto, venceu o pleito com uma boa margem de votos. Ele era conhecido como "Pé de Chumbo", porque suas pisadas eram firmes e fortes. Ele tinha em sua "assessoria" as figuras de Vital do Rego e Raimundo Asfora, dois famosos intelectuais campinenses.

Na época, só tínhamos dois partidos políticos: o PSD (Partido Social Democrático) e a UDN (União Democrática Nacional). Meus pais não simpatizavam muito com a UDN, mas também não se manifestavam muito politicamente. Eles eram muito reservados em se tratando de política.

E foi com meu pai que assisti ao primeiro comício da minha vida. Eu tinha apenas 10 anos. Ouvindo alguns bons oradores, fiquei entusiasmado com a política e nunca mais me afastei dela. Daí a facilidade que eu tinha ao assumir várias assessorias (Prefeitura e Câmara municipal; DNOCS e Polícia Militar, em Patos; Câmara Municipal de Araripina

No Monte Santo, destaco pessoas como o casal Misael e d. Moça, os pais de Marina, Olívia, Corina, Teté, Antônio Correia e Nivaldo; a família do Salomão que jogou no Campinense; seu Zé Maria, um cidadão deficiente visual; seu Euclides e Manuel Gago (caminhoneiro); d. Cícera e o marido Antônio de Gama; Terezinha, irmã do cabo Josemar Rodrigues e o José Amilton.

Eu ainda morava na Rua Ceará quando aconteceu uma tragédia envolvendo o seu Euclides e o Manuel Gago. Motivado por uma briga entre os filhos dos dois (os garotos tinham uns nove a dez anos), o motorista Manuel Gago matou seu Euclides com dois tiros de revólver à queima-roupa.

Na Rua Ceará, os amigos mais próximos foram seu Pedro Nicolau e sua esposa d. Inacinha, pais do Pedro, do Antônio, do Noca e da Lília; seu Cícero e sua esposa d. Mariinha, pais do Inácio, da Carminha e do Jurandir; seu João Coveiro e sua esposa d. Ambrozina, pais do  Edson e da Amarílis que, segundo me informaram, foi para o Convento.

E foi justamente na Rua Ceará, onde aconteceu um fato curioso. Lembram que eu falei sobre a minha amizade com Genival Lacerda? Pois ele foi o personagem principal do fato que narrarei agora.

Eu estava estudando quando alguém bateu à nossa porta. Minha mãe estava na cozinha e foi atender ao chamado. Eu a acompanhei, curioso. Na porta estavam uma senhora de idade e um jovem franzino e com um jeito engraçado. Era o Genival Lacerda e sua mãe.

Eu já o tinha visto no programa "Retalhos do Sertão", do Juracy Palhano e logo o reconheci. Fiquei entre feliz e nervoso. Era mesmo o cantor da Rádio Borborema, ou eu estava sonhando? O que ele queria lá em casa?

Minha mãe, sempre educada, abriu a porta e mandou que eles entrassem e se sentassem. A senhora pediu um copo com água e perguntou se minha mãe sabia onde morava o responsável pelo cemitério do Carmo. Minha mãe disse que sim e mandou que eu fosse chamar o Alcides, sobrinho de seu João Coveiro, o administrador do "campo santo".

O objetivo da presença dos dois alí era remover os restos mortais do pai do Genival da cova para um túmulo. Eu acompanhei os três. Pela primeira (e última vez) eu vi um esqueleto humano inteirinho se desmanchando ao ser tocado. É aí que a gente vê o fim da arrogância de muitos.

Depois da visita, ele se colocou à disposição para facilitar o meu acesso aos programas dos quais ele participaria na Rádio Borborema. Foi assim que nasceu a minha amizade com aquele jovem, que anos depois se tornou um dos maiores cantores brasileiros.

Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a sexta parte será publicada brevemente. Aguardem!

(História escrita por Adalberto Pereira)

(Direitos autorais reservados)


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segunda-feira, 20 de março de 2023

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CARTA DO AP. PAULO AOS ROMANOS - ÁUDIO COMPLETO. #romanos #apostolopaulo

Livro de Marcos - Milagres de Jesus (Bíblia Falada)

O PRIMEIRO MILAGRE

 


                                                                  AS BODAS DE CANÁ

O relato encontrado no Evangelho de João, capítulo 2 do versículo primeiro ao décimo-primeiro, coloca-nos diante de um fato que tem sido tratado de formas diversas.

As interpretações são as mais variadas possíveis. É que as Escrituras Sagradas não nos apresentam detalhes sobre aquele acontecimento.  E isso nos tem deixado um tanto preocupados, ao ponto de nos interessar pelo assunto.

Caná era uma pequena cidade que ficava a uns seis quilômetros de Nazaré, que ficava ao sul da Galiléia. E foi em Nazaré onde o menino Jesus cresceu e onde vivia sua família, ou seja seus pais e seus irmãos (leia em Lucas 1:26 a 38).

E foi justamente naquela pequena cidade de Caná onde o Filho de Deus, dotado de todos os poderes dados pelo Pai, (leia em Mateus 28:18),  operou o seu primeiro milagre: a transformação de água em vinho.

E onde eu pretendo chegar com essas explicações? Perguntariam vocês.

O fato é que muitos afirmam que Jesus atendeu ao pedido de sua mãe para que transformasse água em vinho. Isso não é verdade. Em primeiro lugar, quem deveria ficar preocupado com a falta de vinho era o dono da festa e Jesus não  era o dono da festa. Ele era apenas um convidado.

Em segundo lugar, ninguém ali, inclusive sua mãe,  sabia dos poderes de Jesus para operar milagres, visto que aquele seria o primeiro de muitos por ele operados,  graças aos poderes que ele recebera do Pai.

("Jesus aproximando-se, falou-lhes dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra" > Mateus 28:18).

Depois vem a confirmação de que Jesus não veio ao mundo para fazer a vontade dos homens, nem mesmo dos seus parentes, como ele mesmo afirma no Evangelho de João, capítulo 5, versículos 30 e 31:

"Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juizo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim, a daquele que me enviou".

Esta afirmativa de Jesus é confirmada lá em João 6:38: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou..." 

UM LEMBRETE: E quem o enviou não foi a mãe, nem o pai e muito menos os discípulos, mas o Deus Todo Poderoso. Portanto, nenhum ser humano tinha o direito de dizer o que Jesus deveria ou não fazer.

A grande verdade, que muitos tentam esconder, está na resposta de Jesus à sua mãe, registrada  em João 2:3 a 5: "Mas Jesus lhe disse: Mulher,  que tenho eu contigo? Ainda não é chagada a minha  hora. Então ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser"

Em uma outra tradução, encontra-se escrito assim: "Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora. Então ela disse aos empregados: - Façam o que ele mandar".

OBS.: Qualquer outra afirmativa que não sejam as contidas nas Escrituras Sagradas, são invenções humanas e não merecem crédito e nem respeito.

A resposta firme e precisa de Jesus Cristo, fez com que sua mãe se dirigisse a todos e mandasse que eles fizessem tudo o que ele mandasse. E esta é a ordem que, como fiéis seguidores do Filho, temos procurado cumprir, para a alegria do Pai.

Esperamos que a humanidade reserve um tempo para estudar com cuidado as Escrituras Sagradas, para não se apegarem a heresias, que contradizem a Verdade bíblica. É uma forma de não se deixar levar por ensinamentos mentirosos e fantasiosos.

(Texto de responsabilidade de Adalberto Pereira - com base bíblica)

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O PRIMEIRO MILAGRE de JESUS - Caná da Galiléia | Israel

sábado, 18 de março de 2023

UMA HISTÓRIA COMOVENTE > VALE A PENA ACOMPANHÁ-LA.

 

                                            MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE

PARTE 4                   

Campina Grande também teve nomes que causavam terror no meio de sua pacata sociedade. Quem viveu aquela época deve lembrar de elementos como João Cabeludo, o famoso tarado Manteiga e o João Alves de Brito (João Madeira), que assassinou o Vereador Felix Araújo.

Vamos falar um pouco das aventuras e da sorte de cada uma das personagens aqui citadas, E nada melhor do que começar pelo João Cabeludo, o terror da polícia e da sociedade campinenses.

JOÃO CABELUDO

Diziam, na época, que o João Cabeludo, ao ser perseguido pela polícia, entrava no matagal e se transformava num "tôco" de onde saía uma densa  fumaça. Mito ou verdade, o fato é que ele esbanjava terror nos bairros de Campina Grande.

Preso, João Cabeludo ainda tentou uma fuga mas sua ação foi frustrada pela descoberta feita por um policial. Tomando conhecimento do fato, o delegado autorizou que ele fosse conduzido até um local da cadeia, onde receberia uns "conselhos" não muito agradáveis.

Eu estava no quintal de casa quando ouvi alguém dizendo: "Me matem, mas não me torturem! Acabem logo com isso!" Subi no muro e vi que se tratava do João Cabeludo. Um soldado mandou que eu descesse, mas ao ouvir um disparo, subi rapidamente e ainda vi o corpo caído com um buraco nas costas.

A morte do João Cabeludo aconteceu no pátio interno da Casa de Detenção e foi provocada por um tiro de fuzil desferido pelo soldado Matusalém, o mesmo soldado que me mandara descer. O projétil entrou no peito e saiu nas costas, provocando um furo enorme. Foi horripilante.

Saí correndo, entrei em casa e, com os olhos arregalados, como se tivesse visto um monstro, gritei pra minha mãe: "Mãe! o soldado matou um preso e eu vi, mãe!". Ela me agarrou e disse, "Cala a boca, menino! Não vai contar isso pra ninguém, ouviu?". Inútil a advertência,  pois horas depois a cidade inteira já sabia.

JOÃO MADEIRA

João Alves de Brito, o João Madeira, depois de assassinar o Vereador Félix Araújo, pulou o muro do jardim de uma residência, onde ficou escondido, não sei por quanto tempo. Disseram depois que foi na casa de Plínio Lemos. Coincidência ou não, até hoje as más línguas dizem que ele, o Dr. Plínio,  tinha alguma ligação com o crime.

João Madeira foi preso e uma certa noite, já chagando a madrugada, alguém abriu a cela onde ele estava, facilitando a invasão de outros presos que, segundo comentários, também tiveram suas celas abertas propositadamente. Chegaram a dizer que foi o próprio soldado de plantão o facilitador. Quanto ele recebeu e quem o pagou, ninguém arriscou a dizer.

O certo é que os detentos revoltados, invadiram a cela do João Madeira e o assassinaram de forma trágica com golpes de facas de mesa, garfos e outros instrumentos cortantes . Eu  morava no Monte Santo, próximo à Casa de Detenção e, como estava febril e com dificuldade de conciliar o sono, ouvi os gritos da vítima pedindo socorro. De nada adiantou. 

No dia seguinte o corpo foi conduzido até o necrotério do Cemitério do Carmo, onde ficou à disposição dos curiosos até ser jogado numa cova, nu e sem caixão como se fosse um animal desprezível. Eu estava presente e vi  pessoas atirando pedras e torrões sobre o corpo do João Madeira. A cena era comovente e de causar náuseas até nos mais insensíveis seres humanos.

Os órgãos genitais da vítima foram colocados no seu peito, como uma insuportável e repugnante prova da revolta dos presidiários. Lá, no necrotério, ouvi algumas pessoas comentando baixinho que foi uma mulher presidiária a autora da castração. Certo ou errado, o fato é que os "instrumentos" do cadáver estavam lá e eu vi.

MANTEIGA

O Manteiga, cujo nome verdadeiro ninguém nunca soube, era um tarado muito perigoso que causava terror entre as mocinhas de Campina Grande. Se alguém falasse esse nome o desespero tomava conta do ambiente.

E qual o perfil do sujeito? Era um tipo elegante, com um andar diferente, bem perfumado e com uma cabeleira tipo Elvis Presley. O excesso de brilhantina fazia os seus cabelos brilharem ao sol. Tinha muita facilidade de conquistar garotas da sociedade campinense, seus alvos preferidos. 

Mas um certo dia alguém "derreteu" o Manteiga. Ele se deu mal ao mexer com uma jovem da alta sociedade campinense. Depois de ser procurado até no Rio de Janeiro, o "Don Juan" foi descoberto e preso em Campina Grande.

Segundo notícia circulada pela cidade, o cara perdeu os principais documentos que faziam dele um perigo para o mundo feminino.  Chegaram a dizer que o cara ficou tão gordo que era difícil reconhecê-lo.

"RATINHO"

Aproveitando o assunto, vale a pena falar sobre o "Ratinho", um criminoso bastante perigoso, que deixava apavorados os comerciantes de Campina Grande. Ao ser preso, ele se tornou o dono da cela onda estava com mais três bandidos.

Ele costumava usar a sua força física contra quem ali chegasse. Até que um dia chegou um rapazinho que tentara matar um cidadão em uma cidade próxima à Campina Grande. Ratinho tentou "usar" o rapaz, que resistiu enquanto foi possível.

O sujeito era tão mal que a comida que era servida, ele comia primeiro, cuspia no restante e obrigava os comparsas a comerem sem esboçarem qualquer tipo de reação. Ele era o único que dormia numa rede. E ai daqueles que contestassem.

"Ratinho" fez um sorriso irônico e disse: "Vai dormir, garoto. Amanhã você será o meu "café da manhã", Durante a noite, enquanto todos dormiam, o rapaz com muito esforço, conseguiu arrancar o cano da pia. 

Era madrugada quando ele alcançou o seu objetivo. Silenciosamente deu umas cutucadas no "Ratinho" e com duas pancadas na cabeça, matou o brutamontes. Outro bandido que acordou teve o mesmo fim. Um terceiro ainda chegou a ser levado ao hospital, mas morreu no caminho.

Nunca um presidiário recebeu tantos presentes, como o matador dos três bandidos. É que comerciantes e comerciários de Campinas Grande comemoraram a morte do cara que os deixava em pânico. Até uma cama com colchão e cobertores foram enviados para o jovem.

Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a quinta  parte será publicada brevemente. Aguardem!

(História escrita por Adalberto Pereira)

(Direitos autorais reservados)


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                                            MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE

PARTE 3

Já estava bastante ansioso para dar sequência a este pequeno relato sobre os meus onze anos em Campina Grande. É preciso falar um pouco sobre os meus momentos de laser.

Na Rainha da Borborema tivemos a felicidade de residir em locais diferentes, como Rua Liberdade, Rua Paraguai, Av. Rio Branco, Rua Idelfonso Aires, Rua Arrojado Lisboa, Rua Ceará e, finalmente, Rua Monte Santo.

Em todos esses locais deixamos grandes amigos, dos quais ainda guardamos muitas boas lembranças. Podemos citar entre eles o senhor Silveira, o senhor Cristiano Barros, d. Sebastiana, d. Isaura, o senhor Zé Crente, o casal Pedro Nicolau e Inacinha,  d. Ambrozina, e o casal Cícero e Mariinha.

A minha primeira namorada foi a Lourdinha, filha de d. Isaura e irmã do Irã, um grande amigo meu. Eu posso dizer que foi um namoro inocente envolvendo duas crianças. 

E como o destino é um aro gigante, cujas extremidades se encontram quando menos esperamos, oito anos depois nos reencontramos. Foi aí que descobrimos que nos amamos de verdade.

Não foram poucos os namoros e as paqueras. Dá para lembrar a Joana D'Arc (em José Pinheiro), a Célia (na Prata), a Carminha (na rua Ceará), 

Mas os momentos que marcaram os meus anos em Campina Grande, foram os vividos nos programas da Rádio Borborema, onde me deleitava ouvindo a orquestra Borborema, regida pelo maestro Nilo Lima. 

Algumas vezes assisti ao programa matinal Retalhos do Sertão, apresentado por Juracy Palhano, onde as grandes atrações eram os poetas repentistas José Gonçalves e Cícero Bernardes, apelidados pelo "capitão Mané Coió" (humorista), de  "cupim" e "coruja".

As tardes dos domingos a atração principal era o programa "O Domingo Alegre", apresentado por Leonel Medeiros. Alí, se apesentavam os cantoras da "casa": Silvinha Alencar, Maria das Neves, Maria do Carmo, Ronaldo Soares, os irmãos Gilson e Geisa Reis, Geraldo Andrade e Genival Lacerda.

Outro programa que prendia a nossa atenção era a Escolinha do Professor Nicolau, onde se destacavam os alunos Chico (o ignorante), Bobozinho (o ingênuo), Alfeu (o bajulador do professor) e Linda (a inteligente da turma). 

Era muito engraçado. Sempre que o professor Nicolau fazia uma pergunta ao Bobozinho, ele começava assim: "fessô... fessozinho... o sinhô é tão bonzinho!". Falava alguma coisa desconexa e não respondia nada.

Tinha uma música que identificava muito bem a escola. Em uma determinada parte dela, os alunos cantavam: "Na escola do Nicolau, nós vai desaprender...". e terminava assim: ..."Salve a escola ideal, do ignorante Nicolau! Quem não quiser aprender no fim do ano leva pau; pararapapau-pa-pau".

No final do ano, o sucesso ficava a cargo dos pastoris, apresentados por Leonel Medeiros (defendendo o cordão azul), e Palmeiras Guimarães  (defendendo o cordão encarnado). Eu ficava rouco de tanto gritar "azul é o céu, azul é o mar, azul é a rainha que nós vamos coroar".

Pelo lado cultural, vale lembrar o programa "O Céu é o Limite". Um dos slogans dizia: "Eles são eruditos. Merecem os nossos aplausos". Lembro do poeta Ronaldo Cunha Lima respondendo sobre a vida de Augusto dos Anjos. Ele deu um verdadeiro show de conhecimentos.

Em casa, minha mãe, diante do rádio SEMP (de válvulas), não perdia um capítulo das novelas "O Anjo Negro", "A Cabana do Pai Tomaz", "Maria Alaô" e "Antônio Maria", todos levados ao ar pela Rádio Borborema. Uns enlatados; outros ao vivo, apresentados pelos atores da própria emissora.

A Rádio Borborema era um verdadeiro celeiro de grandes artistas, entre os quais podemos lembrar de Eraldo Cesar, Genésio de Sousa, Epitácio Soares, Temístocles Maciel. o garoto Benjamin Blay. Ariosto Sales, Hilton Mota, Palmeiras Guimarães, Joel Carlos e Pinto Lopes.

Lembro que em um dos programas "Domingo Alegre" eu ganhei no bingo do Café São Braz, uma cama de solteiro tipo faixa azul, produtos São Braz e uma foto da Miss Brasil, Martha Rocha. A última  pedra chamada foi a de número 10. Ganhava uma cartela quem levasse cinco saquinhos vazios dos produtos São Braz (Café São Braz, Coloral Primor e Fubá Vitamilho).

Tinha uma sequência chamada "É muita Coincidência". Leonel Medeiros, o animador do programa, perguntava quem havia levado determinado objeto (geralmente os mais antigos possíveis); quem apresentasse primeiro, ganhava o brinde anunciado. Tinha gente que levava sacolas de "bugigangas". Era muito divertido.

Outra sequência muito engraçada e bastante concorrida era a chamada "Dançando e Baixando!", onde vários casais do auditório se apresentavam. À proporção que eles iam dançando e passando debaixo de uma espécie de trave, iam continuando até derrubarem a barra, quando eram eliminados. Tinha até torcida organizada.

O programa era animado pelo Conjunto Regional sob o comando de Orgírio Cavalcante. Lembro de Arlindo do Piston,  Jaime Seixas no piano e o próprio Orgírio no acordeom. Isso, além dos cantores pertencentes do cast da Borborema.

Geralmente eu não pagava ingresso. Eu ficava na porta da emissora esperando o Genival Lacerda chegar. Quando isso acontecia, ele subia a escadaria comigo e dizia para o  porteiro: "Esse aqui está comigo!". Nossa amizade é assunto para a próxima etapa.

Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a quarta parte será publicada brevemente. Aguardem!

(História escrita por Adalberto Pereira)

(Direitos autorais reservados)


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quinta-feira, 16 de março de 2023

 

                                           MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE

PARTE 2

Os onze anos que vivi em Campina Grande são traduzidos por momentos relevantes, que jamais serão esquecidos. Eles são cheios de emoções, mas também registram alguns momentos melancólicos, mas que, mesmo assim, precisam ser relembrados

Na primeira parte do nosso registro, lembramos de momentos que muitos nem conseguem rememorar. Uns por não acharem graça nenhuma; outros por negligência ou por problemas de memória.

Aqui, eu começo lembrando meus tempos de futebol. Comecei só aos 15 anos, jogando num campinho denominado "Cova da Onça". O porquê do nome, não me perguntem.

Era a famosa "barra a barra". A gente fazia nossas próprias bolas de pano, eram meias recheadas de panos que, bem socada e bem costuradas, ficavam prontas para serem chutadas por dois disputantes, distantes uns 20 a 30 metros.

Só depois é que vieram as bolas de borracha, usadas para disputas entre duas equipes, no nosso caso de seis jogadores, devido ao tamanho do campo. Era um tipo de bola difícil de ser dominada.

Consigo lembrar dos colegas que comigo participavam das disputas, ou peladas, como desejarem: Antônio Correia, Nivaldo, Zé Costa Barros, Zé Costa Lima, todos da Rua Monte Santo. Tinha também o Inácio Pelado, o Edson, o Noca (estes da rua Ceará).

Foi dali que fui para o juvenil do Vasco da Gama, time do Monte Santo, que tinha como Diretor de Futebol, seu Silva do Bar e como treinador o Guilherme. Enxadeco era o massagista e Bila o roupeiro. As mãos do Enxadeco eram um exagero!

Vale a pena lembrar alguns jogadores do nosso time: Juvenal, Carboreto, Chico, Raimundinho, Gringo, Paulinho,  Alaim, Antônio Correia, Pernambuco. Eram pessoas que tinham o futebol como prioridade nos seus momentos de lazer.

Minha primeira participação no time, calçando chuteiras foi numa partida contra o Bangu de um bairro chamado Casa de Pedra. Eu substitui o Carboreto, que estava febril. 

Não fui muito feliz na minha estreia. Fiz um gol contra e só não desisti por causa da insistência dos colegas Chico, Juvenal, Gringo e do próprio Diretor de Futebol, seu Silva. Todos me deram total apoio.

Não dá para esquecer os filmes que assisti no Cine Capitólio, Cine Babilônia, Cine Avenida e Cine São José. Também assisti alguns no Cine Brasil, no bairro de José Pinheiro. 

O Cine Brasil tinha uma particularidade: se todos resolvessem se encostar ao mesmo tempo as cadeiras desabavam e todos caíam nos colos dos que estavam na fila de trás.

Na Escola de Datilografia de d. Elisa Santana, fiz meu curso de datilografia. A escola ficava ao lado do Cine Avenida, na Rua Getúlio Vargas.

Com 18 anos fui servir ao Exército Brasileiro, no Batalhão de Serviços de Engenharia, lá na Palmeira, onde recebi o nome de guerra de CLAUDINO e o número 216. Estava realizando um dos maiores sonhos da minha vida.

De lá, vêm à lembrança os nomes do tenente-coronel Queiroz (nosso comandante), os majores Maurício e Marcelo; o capitão Braga, os tenentes Negri, Marques, Almeida Passos, Almeida, Rego Barros; o sargento Paulo, os cabos Pereira, Carlos, Luiz e o Rodrigues; além dos soldados: Aleixo, Aguinaldo, Pimentel, Da Silva, Leite, Pereira, Mário, Suetônio, Bonifácio, Oliveira (tratorista), Valdemar, Romeu e Vanaldo.

Ali, fiz parte da banda marcial, comandada pelo sargento 62 (chamado meia dois); integrei o time de futebol do Batalhão e, depois de aprovado num teste entre mais de 80 concorrentes, passei a trabalhar na F.A. (Fiscalização Administrativa), sob o comando do tenente Negri, um descendente de italianos.

Comigo também trabalhavam os soldados Vanaldo e Romeu, e  um rapaz  chamado Cícero. Era um ambiente saudável e minha função era de grande responsabilidade, pois eu cuidava dos protocolos de rádios e ofícios expedidos e recebidos; memorandos, partes e outros documentos. Era um cargo de extrema confiança. Daí o interesse deles pelo meu engajamento.

Ao lado dos colegas Congo e Isidoro, participei de corridas e outras atividades esportivas, Arrisquei o curso de paraquedista do Exército, onde passei seis meses. Lembro que dos colegas, apenas um, o soldado Magalhães, seguiu carreira. Eu o reencontrei anos depois em uma exibição na cidade de Patos.

Deixei os serviços militares no BSvE contra a minha vontade, visto que minha mãe não aceitava deixar-me em Campina Grande, quando a família estava prestes a se mudar para Patos, onde meu pai já estava. Sai com seis elogios, sendo três individuais e três coletivos.

Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a terceira  parte será publicada brevemente. Aguardem!

(História escrita por Adalberto Pereira)

(Direitos autorais reservados)


Culto de Louvor e Adoração de 12/03/2023.

É De Arrepiar! O Que Essa Jovem Pregou - Pregação de Arrepiar 2023

 

                                           MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE     

PARTE 1

Campina Grande é uma cidade que, ao longo dos anos, tem passado por transformações extraordinárias. É uma cidade que tem uma história cheia de emoções, não só na política, como em outros segmentos da sociedade.

Foi lá onde vivi momentos que merecem ser levados em consideração pelas formas como se desenrolaram, fazendo dos seus personagens figuras inesquecíveis pela maneira de cada um se comportar.           

No Alto da Bela Vista, a figura de destaque foi o Bruxelas, um vizinho metido a entendedor de política, mas que ficava furioso se alguém falasse mal da UDN (União Democrática Nacional),  partido que se identificava pela cor amarela.    

Na Rua Monte Santo, os acontecimentos foram os mais diversos, mas sempre existe aquele que nos chama mais a atenção. Não dá para esquecer os momentos na casa do Bila, um funcionário da Cutelaria Caroca. 

Ali acontecia de tudo, até os ensaios da Escola de Samba  do Vasco da Gama, o time de coração do Bila e onde dei meus primeiros passos no futebol,  integrando o seu quadro juvenil ao lado de outros garotos, entre eles Antônio Correia, Nivaldo e Zé Costa.

Era um local meio desorganizado, mas gostoso de se visitar. Também era difícil resistir ao olhar fulminante da Carminha, filha de d. Mercês e irmã do Maurício que foi para o Rio de Janeiro e virou cabeleireiro.

Certa vez, inventaram de convidar o cantor Zito Borborema para um almoço num dia de domingo. Para isso, minha mãe teve que colaborar com os ingredientes principais. A única galinha disponível pela família era uma que estava doente e prestes a dar o último "suspiro". Aproveitaram e serviram ao cantor, que não desconfiou de nada.

Só sei que o almoço foi bastante animado e nós não podíamos perder o saudável "evento". Só não arriscamos provar da galinha. Ficamos apenas a observar como o convidado saboreava a "penosa" com tanto prazer. 

Houve um momento em que o Bila passou por mim, deu uma leve cotovelada e piscou como se quisesse dizer alguma coisa que ninguém podia ouvir, principalmente o cantor Zito Borborema.

Na Rua Arrojado Lisboa, o destaque ficava por conta do Dr. Mário, que de doutor só tinha mesmo o apelido. Era um sujeito de meia estatura, que não largava do paletó e muito menos da idéia de que era um grande orador.

Morava numa casinha ao lado da nossa e todas as vezes que saltava da lotação, ficava em pé na nossa calçada e ali permanecia até descobrir que não era observado, para entrar em sua casa.  Era muito conhecido pelas pessoas da alta sociedade campinense, que o tinha como objeto de diversão.

Lá, na Praça da Bandeira, o dr. Mário fazia seus discursos, usando palavras eruditas, ouvidas e decoradas por ele ao presenciar conversas entre Ronaldo Cunha Lima, Vital do Rego e Raimundo Asfora, na calçada do café São Braz.

Mas não poderia falar na Arrojado Lisboa e omitir a Escola de d. Adelma, onde d. Guiomar, sua filha, era a professora principal. Esta escola era referência, inclusive para chacotas. Muitos chegavam a dizer ironicamente: estudou na escola de d. Adelma.

Mas a figura mais lembrada em minhas conversas era d. Ambrozina, casada com Seu João Coveiro, assim conhecido por ser administrador do Cemitério do Carmo. Ela era daquelas pessoas que só tinham parentes ricos e famosos.

Certa vez, um seu sobrinho que era funcionário da Prefeitura Municipal de Campina Grande e responsável pela manutenção da iluminação pública, ao subir na escada para trocar uma lâmpada, desequilibrou-se e caiu da escada.

Ele ainda foi levado ao hospital, mas não resistiu e veio a falecer. Uma vizinha nossa, sabendo da morte do eletricista, correu até a residência de d. Ambrozina para comunicar o triste fato.

Mas a reação da nossa personagem foi surpreendente. Mostrando total indiferença,  olhou nos olhos da informante e disse que ela não tinha nenhum parentesco com o infortunado cidadão. Disse ser ele apenas um conhecido da família.

Dias depois, ela bateu em nossa porta, chamou minha mãe e a abraçou em soluços. Minha mãe perguntou o que havia acontecido e ela disse em prantos, que seu primo, um odontólogo, havia falecido. Depois descobrimos que, em relação ao parentesco, era tudo mentira.

Mas o que marcou a figura de d. Ambrozina foi a forma como ela se comportava diante de suas visitas aos enfermos. Certa vez, ao visitar um cidadão que se encontrava bastante febril, ela olhou para a esposa do enfermo e disse:

- Minha filha! Pra ser sincera, pelo jeito ele não vai até amanhã. Veja! Ele não tem uma gota de sangue! Já vi um caso igual e a pessoa só teve uma semana de vida. Pode preparar a mortalha!

E se pensam que ela falava baixinho, estão totalmente enganados. O enfermo olhou para a incômoda visitante e quase a engole com um olhar de raiva. A família ficou revoltada e para evitar que a situação piorasse, educadamente convidou-a para tomar um cafezinho. Única forma de afastá-la do local.

Para d.Ambrozina  era tão normal agir daquela maneira que as pessoas até passaram a evitar  recebê-la para visitar seus enfermos. Certa vez, Seu Pedro Nicolau, um vizinho nosso, cuja casa ficava em frente à nossa,  estava enfermo e ela foi visitá-lo. Chegou à porta da residência e gritou:

- Ô de casa! D. Inacinha, a senhora tá em casa?

Ao abrir a porta e se deparar com d. Ambrozina, d. Inacinha, a esposa do enfermo, adiantou-se dizendo que ele já estava bem e que já havia até saído para o trabalho. Assim, evitou a "trágica" visita. Mas Seu Pedro estava lá no quarto em pleno repouso e livre do pessimismo da visitante.

Falar sobre Campina Grande e não lembrar algumas figuras que marcaram os meus onze anos vividos alí, seria uma imperdoável ingratidão. Infelizmente não consegui lembrar de todos, pois minha memória tem seus limites.

Assim, vale a pena citar professores como d. Raimunda, d. Terezinha, d. Otília (primário); Marly Carvalho e d. Jacinta (Francês); Pe. Emídio e Sevi Nunes (Latim); d. Vanda (Geografia); Gadelha (Canto Orfeônico); Raimundo Suassuna (História); Sinval (Matemática); Paloma (Inglês); Djalma (Trabalhos Manuais). 

Também devem ser citados os Diretores, José Loureiro e Severino Loureiro (Colégio Alfredo Dantas); Raul Córdula e William Ramos Tejo (Colégio Estadual da Prata). Homens ilustres e eruditos, que muito contribuíram para o soerguimento do sistema educacional da Rainha da Borborema.

Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a segunda parte será publicada brevemente. Aguardem!

(História escrita por Adalberto Pereira)

(Direitos autorais reservados)