A PAZ
A luta pela paz tem movimentado os mais diversos setores da sociedade brasileira, estendendo-se por este Universo sedento de mudanças. Ao longo dos séculos, planos mirabolantes e incalculáveis têm sido colocado em prática para se alcançar algo que, a cada passo, torna-se praticamente impossível.
Mantemos dentro de nós um coração impuro, com "pitadas" de egoísmo, prepotência, arrogância, ganância, inveja, cobiça, desejos hostis e imorais. Tudo isso, somado a falta de ações corajosas, acaba enfraquecendo o desejo de lutarmos por um mundo melhor e mais justo.
Somos iguais biologicamente, parecidos fisicamente e diferentes psicologicamente. Não existe uma população homogênea. Daí aquele adágio popular "cada cabeça, um mundo". Numa família de cinco pessoas, todas pensam diferentes, têm gostos diferentes e agem de formas diferentes, mesmo recebendo a mesma educação e convivendo com os mesmos costumes.
Às vezes fico a meditar a respeito daqueles que são agraciados com o tão cobiçado Prêmio Nobel da Paz. Muitos deles não vivem em paz nem com a própria família. Talvez os critérios exigidos para tal conquista não sejam tão notáveis como parecem ser ou como muitos pensam.
Se o simples fato de escrevermos belos artigos e nos declararmos favoráveis a uma paz saudável, permanente e sem interferência dos amantes da desordem, coloca-nos entre os privilegiados de receberem tão nobre reconhecimento, aguardo ansioso a minha oportunidade.
Quer queiramos, quer não, a paz que nos alcança é efêmera, tem seus limites. Assim sendo, ela nunca será completa e permanente. Abraça-nos agora e, num simples piscar de olhos, nos abandona, lançando-nos da angústia da solidão.
Há uma frase latina a respeito da paz que diz: "Si vis pacem, para bellum". Traduzindo-a, ficamos perplexos diante de um verdadeiro paradoxo: "Se queres a paz, prepara-te para a guerra".
Quem sabe, esta frase não tem levado as maiores potências mundiais a viverem em guerra entre si, tentando alcançar a paz? Esta luta cruel e maldita tem ceifado milhões de vidas, em sua grande maioria pessoas que nem sabem por que ou por quem estão morrendo.
Sempre é saudável levarmos em consideração algumas frases, mesmo não sendo elas criadas por personalidades eruditas. É aí que me vem à lembrança esta que diz: "Quando um não quer, dois não brigam". É simples, mas real.
Se não aprendermos a conviver com as diferenças, jamais evitaremos conflitos de opiniões. A paz gera felicidade. Esta, por sua vez, leva-nos a uma vida de alegria e de menos enfermidades físicas e psicológicas.
Já participei de campanhas pela paz. Eram movimentos em busca de uma transformação moral de uma sociedade desprovida de desejos de mudanças. Mesmo sendo um movimento a nível nacional, nada mudou, apesar das roupas brancas, dos sorrisos mentirosos e das frases fabricadas por especialistas na área.
Incoerência ou não, o fato é que foi redigido e enviado um Ofício solicitando a presença de uma guarnição para garantir a ordem durante aquele evento. Meio vacilante, resolvi questionar junto a nossa Diretora.
Quis saber da ilustre "chefe" o porquê da presença de policiais em um evento pela paz. Meio sem jeito, ela tentou justificar o injustificável. Fiz que entendi, lancei um leve e irônico sorriso e me afastei.
São vários os fatores que impedem a possibilidade de convivermos com a paz. Um desses fatores é o egocentrismo. Esse comportamento leviano leva o elemento a tentar induzir pessoas a segui-lo em seus pensamentos e atitudes, como se o mundo girasse em torno dele.
Em se tratando de bom exemplo, citamos a Igreja primitiva, onde todos tinham TUDO em comum. Aí está um dos maiores exemplos de um povo que vivia em paz uns com os outros. Eles chegavam a vender o que tinham para suprir as necessidades dos que não tinham.
A nossa realidade é preocupante em termos de paz. O nosso país acompanha passivamente o crescimento da violência e não há esperança de um empenho das nossas autoridades constituídas para coibir esta trágica e reconhecida realidade.
A cada dia aumenta o número de casos de violência contra as mulheres; pessoas idosas, devido a sua fragilidade, continuam sendo alvos de bandidos cruéis e impiedosos; sequestros e assaltos à mão armada já se tornaram algo bastante comum no nosso cotidiano.
Esta é uma verdade reconhecida até mesmo por aqueles que podem mudar o rumo desta trágica realidade que nos aflige e nos transforma em verdadeiros prisioneiros de nós mesmos. Mas, infelizmente a insensatez é um fator predominante na vida deles.
Enganadores dos ingênuos e indiferentes à insegurança dos seus sustentadores, esses que têm poderes para tornarem as leis mais rigorosas se acomodam nos seus majestosos "castelos", fortemente protegidos das presenças dos transgressores da lei, os chamados elementos de alta periculosidade.
A PAZ NA VISÃO DOS ANTIGOS
A paz era definida pelos antigos como a "tranquilidade da ordem". Pode-se dizer que a paz é a inspiração fundamental de cada homem e de toda a humanidade, a ponto de seu conceito quase se confundir com o de felicidade. Ela tem uma dimensão interna, moral e psíquica, e uma dimensão externa social.
A plenitude da paz interna só é atingida pelo homem quando ele consegue ordenar suas potencialidades em torno de um ideal digno de ser vivido.
A paz verdadeira é durável; não se altera com as lutas e tribulações da vida, porque não se confunde com fases transitórias de euforia.
A paz social só pode resultar de um relacionamento entre pessoas, grupos e nações, fundado n a justiça, na lealdade e n o amor. Antes, as elites políticas, culturais e financeiras viviam numa paz aparente.
Enquanto existir fome e miséria, persistirá uma desordem radical, fruto do egoísmo dos indivíduos, dos grupos e das nações, sobre a qual é impossível conquistar uma paz duradoura.
Não pode haver paz, enquanto não houver para todos, condições concretas para atingir níveis de vida compatíveis com a dignidade humana.
Não poderá haver paz construída sobre a frustração de milhões de seres humanos iguais em dignidade aos que desfrutam de todos os requintes da cultura. Cresce, na humanidade, a consciência dessa verdade.
- Por Adalberto Pereira -
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