quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

 

                                O PERIGO DA GENERALIZAÇÃO

Permitam-nos usarmos este espaço para fazermos algumas observações e, se possível for, corrigirmos alguns deslizes que cometemos ao interpretarmos as Escrituras Sagradas. Trata-se da generalização de alguns fatos.

GENERALIZAR (tornar geral) sempre foi e continua sendo um costume de muitos. E não deixa de ser um costume bastante perigoso. Não podemos colocar em pessoas inocentes, qualidades negativas de outras, simplesmente por fazerem parte do mesmo grupo.

Nos meios religiosos, este costume é vivenciado dia após dia, por pessoas que interpretam mal os textos escritos para admoestar ou disciplinar determinadas pessoas. Eu não posso responder pelos erros cometidos por outras pessoas e, muito menos, pagar por eles.

Um exemplo muito difundido pelos pregadores é uma frase que o apóstolo Paulo pronunciou se referindo a ele mesmo, quando ele toma para si a qualidade de um ser “MISERÁVEL”. Em outro momento de desespero, ele diz “SER O PIOR DOS PECADORES”. São qualidades que não podem ser transferidas para outras pessoas. Muito menos para nós.

Entendemos os momentos em que Paulo sentiu na pele o homem que foi no passado, ao perseguir, prender, torturar e matar os seguidores de Jesus Cristo. Aliás, esse remorso o acompanhou ao longo da sua vida.

Ser miserável é ser desprezível, malvado, cruel, abjeto, infame. Uma qualidade que não cabe naquele que, arrependido, foi transformado pelo Espírito Santo do Senhor e passou a ser uma nova criatura.

Na verdade, quando as pessoas generalizam, elas o fazem para mostrar uma humildade que está longe da verdade. A humildade exagerada se transforma em hipocrisia. Cada um deve controlar suas emoções, assim como devem controlar a sua humildade, de forma que ela seja sincera.

Na Carta de João à igreja de Laodiceia, ele chama os crentes de lá de infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus. E ainda ameaça vomitá-los de sua boca (Ap. 3:16 e 17). Os pregadores tomam estas palavras de João, lançando-as contra todos os cristãos. Um grande e terrível absurdo.

Vejam que João fez essa referência única e exclusiva aos crentes da igreja em Laodiceia, o que não aconteceu em relação as outras seis igrejas. Ou seja, as referências feitas são completamente diferenciadas. Mas os pregadores se acostumaram a generalizar os fatos, como se João estivesse se referindo a todos os cristãos do mundo.

Os crentes precisamos ter muito cuidado no momento de mostrarmos nossa humildade diante de Deus. Tem crente que, em suas orações, pede que Deus perdoe AS MULTIDÕES dos seus pecados.

Quer dizer que continuam sendo ESCRAVOS do pecado? Não houve nenhuma mudança de comportamento? Alguma coisa na vida desse crente não está caminhando segundo a vontade e Deus.

Como crentes e mesmo consagrando nossas vidas ao Senhor, continuamos sendo pecadores, mas com MULTIDÃO de pecados!!! Paciência, meu irmão! Agora, transformados pelo Espírito Santo do Senhor, deixamos de ser ESCRAVOS do pecado. É bom acionarmos o pedal do freio em nossas ações.

Paulo diz em sua Carta aos Romanos, que os crentes daquela igreja (não todos os crentes do mundo) não sabem orar como convém. Quando Paulo fez esta observação foi considerando que os crentes daquela igreja só oravam em favor de si mesmos, pedindo o que era do seu interesse.

Ele, em momento algum, quis dizer que nós, de um modo geral, não sabemos orar. É mais um exemplo de generalização. Leiam o que está escrito em Romanos 8:26 e 27.

Se não oramos bem, é porque não estamos sendo orientados pelo Espírito Santo do Senhor. Neste caso, precisamos rever nossa intimidade com Deus. Certamente, algo está errado. Não estamos em consonância com a palavra do Senhor. Mas sempre será um caso isolado, que, infelizmente, continua sendo generalizado pelos pregadores.

A oração do justo pode muito em seus efeitos. Como pode, então, a oração do justo produzir efeitos positivos, se não sabemos orar? Não parece ser uma incoerência? Certamente, neste caso, até os pastores oram de forma errada.

Então, como dizermos AMÉM para uma oração que não serve para nada? Será que está tudo errado?

Precisamos entender que as Escrituras Sagradas estão repletas de admoestações feitas diretamente a determinadas pessoas, mas que servem para nossa meditação, preparando-nos para não cometermos os mesmos erros. Outras são feitas para toda a humanidade.

Será que podemos usar as frases: “Os discípulos traíram Jesus”, só porque Judas, sendo um deles, o traiu? Ou: “Os discípulos negaram a Cristo”, só porque Pedro o negou? Saibam que nós não o traímos e nós não o negamos. Não generalizem. Certo?

Não é por determinado grupo não seguir fielmente aos ensinamentos bíblicos, que a igreja inteira será penalizada. Para isso, existe a mistura do joio com o trigo. O joio vai pagar pelos seus deslizes, sem afetar a pureza do trigo.

Paulo seria muito ousado se dissesse que eu sou um miserável, sem conhecer a minha vida de comunhão com Deus.

Paulo seria muito precipitado se dissesse que eu não sei orar, quando ele nunca viu as minhas conversas com Deus.

Como Paulo poderia dizer que eu sou o pior dos pecadores, sem conhecer a minha vida e o meu relacionamento com Deus?

Finalmente, o apóstolo Paulo não seria tão ousado ao ponto de transferir para nós os erros cometidos por aqueles que ele conhecia e que com eles convivia.

Deixem de se martirizar diante de determinadas pregações que deixam você refém de erros que outros cometeram no passado. Cuidem-se apenas para não cometerem os mesmos erros.

Aqueles que cometem crimes e que são condenados pelas suas ações negativas, servem de exemplos para que não venhamos a agir da mesma forma. O que não podemos é pagar pelos crimes por eles praticados.

Agora, encerro este meu trabalho deixando as seguintes perguntas:.

1 – Será que o que está escrito em Ezequiel 34 não é, também para os pastores de hoje?

2 – Será que o que Jesus Cristo diz em João 10:1 a 18 não é, também para os pastores de hoje?

3 – Será que as orientações dadas pelo apóstolo Paulo a Timóteo, não são, também para os pastores e hoje?

4 – Será que as exigências feitas lá em Tito 1:5 a 9 aos presbíteros não são, também para os presbíteros de hoje?

5 – E o que dizer do texto de Atos dos Apóstolos, capítulo 6, versículos 1 a 7? Será que as exigências feitas para aqueles diáconos não são as mesmas para os diáconos de hoje?

Se é para generalizar, vamos generalizar: da mesma forma que generalizamos as mensagens que nos são agradáveis, façamos com aquelas que nos incomodam.

Certamente os corajosos curtirão, compartilharão e até responderão. Outros, mais ousados, até comentarão. Isso me deixará bastante feliz.

Obrigado pela tolerância e que Deus te dê entendimento.

(A.C.P.)

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