terça-feira, 2 de junho de 2020

ACONTECEU DE VERDADE - 24


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.    

44 – Permitam-me fazer mais um registro da minha passagem pelos gramados dos Estados da Paraíba (Patos) e Pernambuco (Petrolina e Araripina), atuando como árbitro central ou bandeirinha. Este fato não poderia deixar de ser contado, por ser para mim, mais um registro interessante.

Em 1979, fui convidado pela Direção da Emissora Rural A Voz do São Francisco para integrar o seu quadro de jornalismo. Sabendo da minha intimidade com o futebol, Teones Batista, diretor do Departamento Esportivo me chamou para fazer parte daquele departamento. Eu aceitei “In loco”.

Sabendo que eu era árbitro de futebol, ele me apresentou a Vinicius Santana, Presidente da Liga Petrolinense de Futebol, para integrar o quadro daquela entidade. Ali, participei de vários jogos e alguns clássicos, como Caiano e América; América e Palmeiras, entre outros realizados  no Estádio da Associação Rural.

Mas o jogo que marcou minha passagem por Petrolina, foi a decisão entre Carranca X Veneza, pelo campeonato de Juazeiro da Bahia, tendo como palco o Estádio Adauto Moraes. A rivalidade entre ambos levava a partida para o mais alto escalão das grandes emoções.

Mas estava havendo um sério problema: as duas diretorias não chegavam a um acordo quanto ao trio de árbitros para a grande decisão. Reunidos na sede da Liga Juazeirense de Futebol, eles apresentavam os seus preferidos, todos da Federação Baiana de Futebol, mas sempre rechaçados, ora pelo Carranca, ora pelo Veneza.

O radialista Herbert Mouzer, da Rádio Juazeiro, que acompanhava as discussões, sugeriu o meu nome, por ser eu um árbitro da Paraíba e não ter nenhum vínculo com os dois clubes. Meu nome foi a solução do problema. Além disso, trazer um trio de Salvador era muito mais dispendioso. Eles nem se preocuparam mais com os auxiliares. Cada um apresentou um nome, que foi imediatamente aceito.

Dia da decisão! Estádio lotado! Nas vestiárias, um dos auxiliares chamou a minha atenção para um jogador do Veneza chamado Mosquito, dizendo o colega que ele era acostumado a agredir os árbitros. Deu até o número da camisa do valentão; nº 3. Eu apenas ri e continuei nos meus preparativos. Eu tinha motivo para estar tranquilo. Na minha mochila, o meu taurus 38 “dormia” tranquilamente.

No centro do campo, um batalhão de repórteres, curiosos para ouvir a Tradicional preleção do árbitro (era muito normal naquela época). Eu apenas disse: Eu sou o árbitro; vocês, os atletas; cada um cuido do seu trabalho e boa sorte! Foi uma frustração para os repórteres, que esperavam uma aula de boas maneiras.

E lá vem o Mosquito entrar em ação! Uma falta violenta no atacante do Carranca e um cartão amarelo para controlar as emoções. Olhei nos olhos dele e senti que ficara com o jeito de quem não gostou. Não dei a mínima. Quem nunca teve medo de cobra jararaca, não ia amarelar diante de um mosquito.

O jogo transcorria normalmente com o empate em 1 X 1. Novamente o Mosquito entra em ação! Outra falta violenta! Agora era avermelhar e espera a reação do valente. Ele não quis sair! Chamei-o à parte e disse baixinho: - Estás vendo aquela torcida? Você tem duas opções: sair numa boa ou aos empurrões e ser desmoralizado diante de todos! Porque comigo você sai de qualquer jeito! A escolha é sua!

De imediato, os colegas do jogador chegaram e o puxaram pelos braços, mandando que ele obedecesse. Eles sabiam que comigo o sujeito saia mesmo. O Mosquito olhou para mim e gritou: lá fora eu te pego! E eu pensei comigo mesmo: então te prepara para pegar o meu taurus também!

Final do jogo: Veneza 2 x 1 Carranca. Um oficial da Polícia Militar, responsável pelo policiamento do jogo perguntou se eu queria proteção policial e eu respondi que não seria necessário, pois estava tudo normal. Nunca deixei de ir a Juazeiro curtir um domingo no Vaporzinho com os colegas e o Mosquito nunca apareceu,

- Por Adalberto Pereira -

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