quinta-feira, 30 de julho de 2020

ARARIPINA - A RAINHA DO GESSO


                                       O OURO BRANCO PERNAMBUCANO   
   
Certa vez eu ouvi uma música na qual o compositor apresentava o algodão como o “ouro branco”, riqueza do nosso país. Eu acreditei até o momento em que conheci a Mineração Lagoa de Dentro, na cidade pernambucana de Araripina.

Eu vi de perto um dos maiores espetáculos naturais criados por Deus. Era a mina de gipsita, o produto principal do gesso. Em companhia do cidadão Emanuel Santiago Alencar (Emanuel Bringel), um dos proprietários da mina, fui informado a respeito da extração do minério até a sua industrialização final. Que Maravilha!

Fiquei impressionado ao ver máquinas poderosas esmagando pedras gigantescas e transformando-a em um pó branco chamado gesso. Vi dezenas de carretas prontas para levar aquele produto para outros Estados brasileiros. Fui para casa pensando se não seria aquele o verdadeiro “ouro branco”, riqueza do nosso país!

Inconformado, quis conhecer melhor aquele fenômeno chamado gipsita. Na verdade, eu conhecia Araripina como a “terra da farinha”. Mas não era nada interessante, pois era muito natural ouvirmos as pessoas dizerem: “isso é pior do que a farinha de Araripina!”. Quanto ao gesso, só descobri o seu valor quando fixei residência naquela cidade, em 1986, quando assumi a direção da Rádio da Grande Serra.

Puro engano! A farinha de lá era muito gostosa, assim como era gostoso conviver com as pessoas de lá. Encantei-me com o carinho como os araripinenses tratam os visitantes. Aí conheci pessoas extraordinárias e com elas aprendi a amar a cidade para onde me mudei dominado pelas dúvidas e pela má impressão da qualidade da farinha.

Através de Giovane Pereira Lima, um colega da Faculdade de Agronomia de Patos, conheci a família Pereira Lima, tendo como patriarca Joaquim Pereira Lima, proprietário de um posto de gasolina, logo na entrada da cidade. Daí surgirem, além do Giovane, Joaquim Filho, Maria Darticléia, Gorete, Fátima, Maria Augusta, Camila e muito mais.

Não foi fácil adaptar-me à nova cidade, depois de sair de uma convivência sólida com a sociedade Petrolinense. Mas eu sabia que o tempo se encarregaria de mudar a situação e isso aconteceu mais rapidamente do que eu esperava. Encontrei na Rádio um funcionário de alta competência chamado Josafá Reis, conhecido e respeitado por todos.

Fora do rádio foram surgindo novas amizades: os comerciantes Cícero do Bazar Caruaru, Antônio Carlos, Deodato Alencar, Bartolomeu Dias de Castro, o industrial Valdeir Batista, o jornalista Adauto Ferreira e o próprio prefeito Valmir Lacerda.

Como diretor, enfrentei horrores! Uma rádio desorganizada, sem credibilidade e sem a confiança do comércio local. A situação era caótica e os problemas surgiam de forma inesperada. Colocar a empresa como símbolo de confiança e credibilidade foi difícil, mas conseguimos. Alguns administradores que me antecederam levaram a rádio a um caos profundo.

Foi aí que eu entendi o porquê da frase do Dr. Geraldo Coelho, quando mandou que eu fosse assumir a direção da sua empresa: “Vá tomar conta da minha rádio lá em Araripina, antes que acabem de vez com ela!”. E não faltava muito para isso acontecer. Ele nem sabia o verdadeiro perigo pelo qual passava a sua rádio.

Muitos anunciantes estavam no rol dos inadimplentes, quando na verdade, estavam em dia com os seus compromissos para com a empresa. Certamente alguém estava embolsando o que não lhe era devido. Foi preciso um “jogo de cintura” para colocar as coisas em sua normalidade.

Bem! Este é só o começo de muitas outras publicações evidenciando a minha passagem de 14 anos por Araripina, para mim a "RAINHA DO GESSO".

- Por Adalberto Pereira –

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