sexta-feira, 30 de setembro de 2022
TENHO DITO!
OPINIÃO
O nível cultural de um povo não se mede pelo acúmulo de anéis e diplomas, mas pela sua maneira de agir nos momentos das grandes decisões. Quem age com prudência é inteligente e sábio. A este a minha admiração e o meu respeito.
Miseráveis e sem escrúpulos são aqueles que se desfazem do seu caráter natural em troca de um “punhado de farinha”, mesmo sabendo que isso não solucionará as suas mais prementes necessidades.
Viver em função de esmolas é uma característica de quem ainda não descobriu o valor do caráter e da dignidade pessoal. Infelizmente estamos cercados de elementos que se acomodam em sua insignificância. São os famosos parasitas sociais.
Tenho exemplos, e não são poucos, de pessoas de baixíssimo nível cultural, mas que foram sábias ao decidirem seguir aos ensinamentos de Deus, enquanto outros, acumuladores de anéis e diplomas, optaram por seguirem em direção ao lago de fogo e enxofre. É questão de princípios.
É lamentável ficarmos diante de pessoas que, não sabemos se levadas pela ingenuidade ou pela imbecilidade, preferem se entregar aos lamentáveis costumes do “lava mãos”, sem refletirem sobre o mau que está causando a si mesmo e à sua família.
Ser conivente com a cretinice dos espertalhões é estar além deles no tocante à irresponsabilidade moral. Até parece que ser idiota é bem mais cômodo do que ser autêntico pensador e portador de grandes ideais.
O mundo declina em direção ao avanço da ideologia paupérrima dos que foram maus gerados. E esta realidade faz mal aos intelectuais que se esforçam para evitar que isso aconteça. É aí que descobrimos o quanto ser sábio faz bem.
Conversava certa vez com um cidadão que se dizia portador de vários diplomas, mas que lamentava o infortúnio do desemprego. Quis saber o porquê da sua “falta de sorte”. Acabei descobrindo que suas atitudes não eram coerentes com o que ele mostrava ser.
Tentei levá-lo a mudar de comportamento, mas a sua teimosia era crônica. Ele fora educado para ser antagonista, mesmo diante de situações que não condiziam com a realidade. Vestiu uma camisa ideológica retrógrada, criada por homens incompetentes e desonestos.
Iguais a ele conheço milhares. Infelizmente, este não é um mal de poucos. Enquanto elementos desnutridos de moralidade se fizerem presentes em nosso meio, nossa luta para alcançarmos a perfeição se torna cada vez mais inútil.
Olhando pelo lado quantitativo, cresce a passos largos o número de dependentes de favores. São aqueles que se limitam ao presente, sem refletirem sobre as consequências do futuro. E nem se preocupam em reclamarem constantemente dos resultados negativos causados pela sua imbecilidade e pela sua falta de caráter.
Faço aqui presente uma frase que ouvi de um certo político patoense, isso quando eu estava no alge das minhas atividades na condução da política. Palavras dele: “Para ganhar a eleição, faço pacto até com o Diabo. Depois, o resto que se dane.”
Foi aí que comecei a entender o verdadeiro sentido da política vivida por “profissionais”, que maltratam o raciocínio lógico de quem ainda não amadureceu ao ponto de combatê-los. Então, eles, os “profissionais”, se aproveitam da ociosidade dos imaturos para dar continuidade aos seus desmandos.
São muitos os que se conluiem com aqueles a quem, antes, atacaram com suas críticas avassaladoras e lançaram sobre eles seus venenos mortíferos. São homens sem caráter e sem idoneidade moral, que merecem o nosso repúdio.
Sei que muitos se sentirão ofendidos. Mas isso pouco me incomoda. O certo é que cumpri com a minha obrigação de mostrar uma verdade que precisava ser dita. Se esta foi uma orientação Divina, está cumprida.
Por Adalberto Pereira
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terça-feira, 27 de setembro de 2022
domingo, 25 de setembro de 2022
sábado, 24 de setembro de 2022
UM FALATÓRIO CONFUSO
UM CATAFÉRICO DISCURSO
DE UM ORADOR ENCOLÉRICO!
Nas reentrâncias da
psicologia humanitária, os paradoxos são cada vez mais periféricos.
As congruências se
aglutinam nas arestas das divergências intelectuais, evitando assim a
insignificância dos maledicentes portadores das incríveis desnutrições morais.
Afastadas das
potencialidades aliadas aos protagonizadores das mais potenciais ineficácias
aglomeradas nas mentalidades infrutíferas de quem nasceu para proliferar as
discórdias mortíferas, fortalecendo os vírus deprimentes e colaterais.
As fendas profundas
das coronárias obstruídas pela mácula das mentes desnutridas, são sinais mais
que evidentes de que os fatos desmentem as realezas destronizadas.
O impacto das
consequências indesejáveis mutilarão os asteroides intermoleculares infiltrados
nas chamas vulcânicas de uma sociedade despragmatizada.
As ações
perifrásticas dos gastrozoários mostram sua ineficácia e misturam-se às
manemolências dos malandros que compactuam com os imitadores das negligências
padronizadas.
Assim como os
termitófilos, os sestrosos usam de subterfúgios medíocres descamuflando sua
mente virulenta, a fim de que sua recalcitrância seja sufocada pelo saracotear
monótono e inoportuno das ondas.
Temerosos, reagem
ilicitamente, apegando-se ao habeas-corpus em defesa de suas prosopopeias
hilariantes, mas ingratas e desconfortáveis.
Veredicto est! Dura
lex sed lex!
AGORA, VOTE EM MIM!
Mas se continuares zombando da minha prosopopeia dar-te-ei uma bengalada no
alto da tua sinagoga desconectada, lançando-te no ápice das desprezíveis
pirâmides da tua imaginação!”.
TENHO DITO!
(Criado por Adalberto Pereira)
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quinta-feira, 22 de setembro de 2022
segunda-feira, 19 de setembro de 2022
O FIM DO TERROR - ACONTECEU.
MATUSALÉM SILENCIOU O JOÃO CABELUDO
Existem fatos que são tão
absurdos, que se torna perigoso
lembrá-los. Mas como eu sou ousado, não poderia deixar de levar ao conhecimento
dos nossos amigos, um acontecimento
ocorrido na cidade de Campina Grande, conhecida como a “Rainha da
Borborema”, onde morei por onze anos. Se a memória não me falha, eu tinha uns
15 anos e morava na Rua do Monte Santo.
Campina Grande passava por
momentos de “terror”, devido aos atos praticados por um sujeito conhecido por
“João Cabeludo”. Era um sujeito que se faz lembrado quando falamos naquele cara
chamado Lázaro, o perigoso e cruel assassino que colocou em pânico o Distrito
Federal e parte de Goiás.
Pois bem! João Cabeludo era
um sério problema para a polícia campinense e, mas ainda para a sociedade
local. Garotas de 15 a 21 anos, estudantes principalmente, já não se arriscavam
sair de casa sozinhas. A maioria delas precisava da companhia dos pais ou irmãos
até para ir à padaria ou a bodega da esquina.
A exemplo do que aconteceu
com o Lázaro do DF, as pessoas passaram a dizer que o sujeito tinha parte com o
diabo. Ouvi de algumas pessoas, principalmente lá do bairro de José Pinheiro,
que ele se metia no matagal e se transformava num “tôco seco” de onde saia uma
fumaça diabólica, como se alguém estivesse fumando um grosso charuto.
O tempo passava e ao ouvir a
música característica do “Campinense Repórter”, noticiário da Rádio Borborema,
a população correu para o “pé” do rádio, esperando mais uma das terríveis
astúcias do facínora. A polícia já se sentia impotente e até certo ponto
desmoralizada. Ouvi um soldado comentando com um colega na porta do bar de Seu
Silva, próximo a cadeia pública: - Quando eu pegar esse sujeito, ele vai ver
com quantos paus se faz uma canoa!
Disseram que o João Cabeludo
se enfiava num saco de carvão e ficava escorado numa parede esperando a
presença de uma jovem. De repente, o saco se abria e lá estava o sujeito pronto
para o bote fatal. Aí... mais uma garota entrava na desastrosa lista do
maníaco.
Certo dia, eu estava na
calçada com alguns amigos quando notei uma movimentação diferente nas
proximidades da Praça Félix Araújo. Era a viatura da polícia, que recebera o
apelido de “Viuvinha”, por ser de cor preta,
que chegava com a “relíquia” no momento.
- “Prenderam o João
Cabeludo!!!”, gritou alguém lá da esquina.
A correria foi algo
espetacular. Vi mulheres secando as mãos com o avental e outras pedindo que
alguém olhasse o caldeirão que estava no fogão. A frente da cadeia pública, que
ficava na Rua Quintino Bacaiúva, por trás da minha casa, estava tomada de
curiosos. Todos queriam conhecer o terror das donzelas e o grande pesadelo da
polícia.
Dias depois, eu e meus
colegas ouvimos um barulho estranho vindo lá dos fundos da cadeia pública.
Curiosamente e com muito cuidado, subi num cano encostado no muro e vi os
soldados dando uns “conselhos” num sujeito de média estatura e com os cabelos
caídos nos ombros. Um dos soldados ainda arriscou atirar uma pedra contra mim,
mas desistiu.
Já não aguentando tantos “conselhos”,
o sujeito implorou: - Me matem logo! Me matem logo!
De repente, o soldado Matusalém,
que estava de sentinela e fora do grupo dos “conselheiros”, falou: Vamos acabar
logo com isso, pessoal. Ao mesmo tempo em que falava, tirava o fuzil das costas
e, apontando para o sujeito e disparou! PUUUM! Foi um único tiro.
Eu pulei de onde estava,
corri pra dentro de casa e gritei: Mãe! Mataram João Cabeludo! Acredito que os
colegas que estavam comigo, também fizeram o mesmo.
Estava encerrada a cruel
trajetória de JOÃO CABELUDO, um dos piores assassinos já vistos na história de
Campina Grande.
- Por Adalberto Pereira –
domingo, 18 de setembro de 2022
sábado, 17 de setembro de 2022
sexta-feira, 16 de setembro de 2022
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
terça-feira, 13 de setembro de 2022
segunda-feira, 12 de setembro de 2022
OS OSSOS DO OFÍCIO
VENCENDO OBSTÁCULOS
O ano era 1979. Eu estava muito bem no exercício da minha função no Departamento de Jornalismo da Rádio Espinharas de Patos. Surpreendentemente, recebo uma proposta para trabalhar na Emissora Rural a Voz do São Francisco, em Petrolina.
O salário era tentador, mas a indecisão colocava-me diante de uma situação inusitada: eu estava na Rádio Espinharas há seis anos em minha segunda passagem pela emissora, onde comecei em 1962, ainda desconhecido e com o nome artístico de Carlos Alberto, ideia de José Augusto Longo e Luis Pereira. Não foi fácil suportar a separação da minha família e dos amigos, mesmo sabendo que poderia superar tudo isso.
Sabendo do convite que me fora feito pela Direção da Emissora Rural de Petrolina, alguns colegas me aconselharam a não aceitar. Alegavam eles que era um grande risco, uma vez que lá só tinha “feras” e que eu ia me decepcionar.
Ora, se eu já estava indeciso, calculem a minha situação diante dos “estímulos” dos colegas! Além disso, eu não sabia nem onde ficava Petrolina. Já me colocava na condição de um estranho na multidão. E cada vez que pensava assim, a dúvida aumentava e o receio dominava os meus neurônios.
Resolvi dizer SIM! Fui até o Pe. Luiz Laires da Nóbrega, meu Diretor e comuniquei: - Recebi uma proposta da Emissora Rural de Petrolina! Não pretendo deixar a Espinharas e meus amigos daqui. Se vocês pelo menos chegarem ao mesmo salário, eu ficarei. Não quero mais que isso.
O Pe. Laires consultou o Departamento Pessoal e este informou não ter condições de conceder-me um aumento que chegasse ao prometido pela outra emissora. Na época eu deixara de ser o Carlos Alberto de 1962 e já era o Adalberto Pereira, nome que eu mesmo escolhi.
O Pe. Laires fez o que estava eu seu alcance para manter-me na emissora. Não era eu o melhor, mas eu era Diretor de Jornalismo, repórter, redator, apresentador do Jornal da Manhã e Comunicação Total e ainda integrava o quadro de esportes da emissora. E isso sem nenhum interesse financeiro.
Quem não queria um funcionário assim? Acredito que este detalhe chamou a atenção dos Diretores da Emissora Rural (Monsenhor Gonçalo, Sr. Paulo Brito e Pe. Mansueto de Lavor). Não nego que estava feliz com o convite. Mas era dominado pelo medo, quando lembrava os comentários negativos dos colegas.
Procurei não levar aquilo a sério. Na rodoviária de Patos e já dentro do ônibus da Viação Brasília, olhava para os amigos que passavam e acenavam para mim. Confesso: não conseguia conter as lágrimas. Eu amava a Rádio Espinharas e Patos ocupava e ainda ocupa um lugarzinho especial no meu coração. Quantas vezes pensei em desistir!
Em Petrolina, fui recebido na rodoviária pelo saudoso colega Juarez Farias e por ele conduzido até um apartamento na própria emissora. Tudo era muito estranho. A falta dos amigos e do carinho dos patoenses não me permitiram um sono tranquilo. E haja sofrimento! E foram muitos dias assim.
Cheguei a pensar que as previsões dos amigos lá de Patos começavam a virar realidade. Mas um dia fui surpreendido com um chamado dos diretores. Eles me incumbiram de apresentar um noticiário. Estaria eu sonhando? Aquilo era verdade? Quase que beliscava meu próprio corpo para saber se estava acordado.
Ao entrar no estúdio para apresentar o noticiário, notei que um grupo de curiosos me observava do outro lado do vidro. E, para minha surpresa, aquele grupo era formado pelos senhores Paulo Brito, Monsenhor Gonçalo, Mansueto de Lavor e Vinicius de Santana. Na verdade, eu estava diante de uma verdadeira “prova de fogo”.
Antes da última notícia, todos eles
haviam desaparecido. O que teria acontecido? Aquilo era um bom ou um mau sinal?
Seria a confirmação das previsões dos amigos de Patos? Ao levantar-me, vi o
sonoplasta fazendo um sinal de positivo. Mas ele não fazia parte daquele grupo.
Logo...!
No dia seguinte, o Monsenhor Gonçalo Pereira Lima, chegou à porta da sala de redação, olhou pra mim com aquele sorriso próprio dele e falou: - O senhor vai apresentar os noticiários de hora em hora, a partir da próxima semana. Ao dar os primeiro passos, deu meia volta para dizer: - Parabéns!
Naquele momento, desejei ver ao meu lado os colegas da Rádio Espinharas que duvidaram da minha capacidade de estar entre os que eles chamaram de “Feras”. Também queria que eles testemunhassem que eu não havia me decepcionado. Afinal, eu havia vencido o grande obstáculo que via pela frente.
Vencer desafios não é tremer diante
das oportunidades, mas encará-la com coragem, colocando-se lado a lado com os
competentes e se tornando “fera” como eles. No rádio, os desafios não são pouco
e também não são fáceis de vencê-los. Mas ao longo dos 30 anos de rádio,
consegui vencer os mais complexos obstáculos.
Mas, se alguém perguntar sobre meu desejo de retornar às atividades radiofônicas, eu serei muito sincero em dizer que nada hoje me estimula a isso. A nossa imprensa, de um modo geral, está voltada para os interesses pessoais.
É lógico que existem as exceções às regras. Ainda conseguimos encontrar uma dúzia de bons profissionais, embora as empresas, em sua grande maioria, não colaborem no sentido de que o profissional exerça os seus trabalhos com dignidade.
A força da política partidária e os poderes aquisitivos de empresários inexperientes tornaram os ambientes de trabalho dos profissionais da imprensa em grandes “senzalas”, onde a escravatura de muitos se expandiu de forma assustadora.
Estes são na atualidade os maiores inimigos dos profissionais da imprensa, escrita, falada e televisada. Esta realidade é vivida de forma silenciosa pelos que precisam manter vivos os seus empregos.
Dizer que não sinto saudades dos meus momentos como locutor, redator, repórter, apresentador e até de diretor de jornalismo, funções exercidas ao longo dos meus 30 anos de trabalho, seria tentar enganar a mim mesmo. Mas estas saudades limitam-se aos tempos da nossa independência profissional.
Chegar ao exercício da função de Gerente Administrativo de uma emissora de rádio foi, além de um grande desafio, fruto de um trabalho revestido de responsabilidade, competência e dedicação. Sem essas qualidades eu seria apenas um a mais neste mundo de parcialidade e subserviência jornalísticas.
- Por Adalberto Pereira –
domingo, 11 de setembro de 2022
sábado, 10 de setembro de 2022
sexta-feira, 9 de setembro de 2022
quinta-feira, 8 de setembro de 2022
quarta-feira, 7 de setembro de 2022
O SONHO DE UM SERTANEJO
LUCRÉCIO, O DETETIVE.
Todos nós temos um sonho de
criança e ele nasce dentro de nós de forma mágica, mesmo contrariando outros
sonhos bem mais fecundos. Meu sonho era ser motorista de caminhão! Eu ficava
deslumbrado vendo um Chevrolet carregado saindo de Campina Grande para São
Paulo ou Rio de Janeiro. Meu pai ficava uma fera, pois o seu sonho era ter um
filho doutor. Teve que se conformar vendo o filho optando pela chata, mas
gostosa profissão de radialista, depois de não obter sucesso como agrônomo.
Mas o sonho do menino Lucrécio
era ser detetive. E qual não foi a surpresa dos colegas de colégio quando a
professora perguntou o que os alunos queriam ser no futuro e ouviram do
Lucrécio: “Eu quero ser detetive, professora!”.
Detetiiiiiive??? Bradou a
classe, como se tivessem ensaiado um coral natalino. Mas detetive é muito
chato! Comentou Ariosto, acrescentando: “Pois eu quero mesmo é ser jogador de
futebol!”. Houve um início de tumultuo até que a professora apaziguou os
ânimos, mudando de assunto.
Os dias passaram e num certo
momento, alguém gritou lá dos fundos: - Professora, a minha caneta desapareceu!
Houve uma mudança de comportamento da turma. Cada um se manifestava dizendo não
ter nada com a história. A confusão terminou na Diretoria. Ariosto aproveitou a
confusão para ironizar o colega: - Vai, detetive, descobre quem pegou a caneta
do Fabrício! A gargalhada foi geral. Mas Lucrécio permaneceu indiferente a
tudo.
Dias depois, Lucrécio chegou
mais cedo e procurou a professora Valquíria e, sussurrando ao seu ouvido disse:
- Eu descobri quem ficou com a caneta do Fabrício! Pasmada, a professora chamou
o garoto a disse: - Isso é assunto da Diretoria! Você vai ter que contar ao Dr.
Rosalvo, nosso Diretor. O aluno acusado foi chamado e choramingando, devolveu a
caneta do colega e foi sumariamente expulso da escola, para servir de exemplo.
Eufórico com o prematuro
sucesso, Lucrécio chegou em casa e correu até a cozinha onde d. Leonora, sua
mãe, estava ultimando os preparativos para o almoço. Eu vou ser detetive, mãe,
disse ele na maior felicidade. D. Leonora olhou para o filho com as duas mãos
na cintura e retrucou:
- Detetiiiiive? Que diacho é isso, minino?
Depois de ouvir as explicações do filho, deu um resmungado e completou: -
Espera só pra vê a cara de teu pai quando tu disser isso pra ele!
Dito e feito! Mal entrou em
casa, seu Belízio ouviu um grito vindo da cozinha: - Chega aqui, hômi! Vem
ouvir a história que teu fio tem pra te contá! Ele deu um suspiro de alívio por
ter chegado em casa, tirou o chapéu de palha, jogou em cima da mesa e, olhando
para o filho, perguntou: - Qui história é essa qui tu tem pra mi contá, minino?
Depois de ouvir as
explicações de Lucrécio, o pai com a mão no queixo, como se estivesse lembrando
algo, replicou: - Já mi falaru desse tá de detetive particular! Num é aquele sujeito
que ispivita a vida alheia? Minino, minino! Tu num sabe onde tás metendo a
venta! Isso é muito perigoso, meu fio, mas se tu aguenta o rojão, isso é
problema teu! Olhou pra d. Leonora e gritou: - Bota o almoço, muié que história
de trancoso num enche a pança de ninguém!
Lucrécio não desistiu!
Matriculou-se no IUB – Instituto Universal Brasileiro e lá foi ele meter a cara
nos livros de “Detetive Particular”. E não é que conseguiu!!! Passados dois
anos, lá estava o Lucrécio recebendo o seu diploma e o distintivo de Detetive.
Agora já podia arranjar uma namorada, casar e ter uma família como sempre
sonhara!
Lucrécio ficou famoso pelos
casos por ele resolvidos. E haja cliente à procura do detetive mais procurado
da cidade. Uma senhora bastante aflita o procurou para um caso meio complicado:
uma amiga, daquelas fofoqueiras, confidenciou pra ela que o marido dela
tinha uma amante. Isso a deixou muita
chateada e precisava tirar a limpo essa
história! Para ela, o marido era muito carinhoso e sua fidelidade, até aquele
momento, era incontestável. Mesmo assim, procurou o detetive Lucrécio.
- Não se preocupe minha
senhora! Casos piores eu tenho resolvido! Isso pra mim, é “café pequeno”, disse
o detetive, deixando aquela aflita senhora mais conformada. “Pé na estrada”,
Lucrécio iniciou as investigações. Foram dois meses de um trabalho difícil, mas
não impossível. Passo a passo, ele acompanhava as trajetórias do marido
traidor. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, lá estava o sujeito
em companhia de uma mulher que, cuidadosamente cobria o rosto para não ser
descoberta.
Mas ai daquele que caísse
nas mãos do detetive Lucrécio! Sorrateiramente, ele foi se aproximando do
“misterioso” casal! – Em algum momento, ela vai ter que descobrir o rosto –
pensou Lucrécio consigo mesmo. Demorou, mas chegou o momento! Pronto!!! É
agora. Preparou a câmera preparada para fotos noturnas e... clik... clik...
clik! Três fotos para não ter dúvidas! Deu maia volta e eufórico pelo sucesso
da investigação, correu para casa a fim de revelar os negativos e saber quem
era a ”cabeça de porco” que tomara o lugar da esposa traída.
Lucrécio teve um sobressalto
ao ver a foto! Não é possível, pensou! Você??? Era a sua esposa! O feitiço
virara contra o feiticeiro! A mulher que tanto sonhara ter como esposa e com
ele construir um lar feliz? Parecia estar tendo um pesadelo! Sentiu que o mundo
desmoronava ao seu redor! Viu se abrir um abismo diante de si! Pasmado, não
acreditava que a “princesa” dos seus sonhos fosse capaz daquilo! A dor que sentia
naquele momento era sem limites! Era como se tivesse recebido uma punhalada no
coração.
Ah se soubesse que ser
detetive não era tão deslumbrante como pensava! Deixara ser levado pelas
emoções e olhem no que deu! Naquele momento lembrou-se das palavras do pai: “Minino,
minino! Tu num sabe onde tás metendo a venta!” – Meu pai tinha razão! Acabei
metendo o nariz onde não devia! – pensou ele sufocado pelas lágrimas. Um
martírio tomava conta do seu coração: como relatar o fato à mulher traída?
Chorar junto com ela? Fugir para bem longe e deixar tudo pra trás?
De repente, como se tivesse
encontrado a resposta para suas perguntas, levantou-se daquela cadeira
incômoda, limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos, juntou todo material
que utilizara no trabalho, meteu tudo num saco e atirou num depósito de lixo.
Daquele momento em diante,
Lucrécio nunca mais quis saber das palavras DETETIVE PARTICULAR! Agora, uma
dúvida a ser resolvida: Ele não sabia se fora traído mais pela profissão ou simplesmente
pela mulher amada!
MORAL DA HISTÓRIA: Nem
sempre a primeira impressão é a que fica. Ela só perdura enquanto a percepção
não chega.
- Criado por Adalberto
Pereira –
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COISAS DO SERTÃO NORDESTINO
A NOVENA
(História contada pelo
saudoso Alício Barreto e adaptada por Adalberto Pereira)
Seu Tibério era um
fazendeiro bem sucedido, criador de centenas de cabeças de gado e muito
respeitado pela forma como tratava as pessoas, sem olhar se era rico ou pobre,
feio ou bonito, preto ou branco. Era acima de tudo, muito, mas muito religioso!
Todos os anos marcava presença na novena na cidade.
A segurança da fazenda “Cancela
de Prata” estava nas mãos de Sebastião, a quem todos chamavam de Bastião, um
negão de 1 metro e 80 de altura, mais de
80 quilos de carne, osso e gordura, ignorante ao extremo, mas bastante
cuidadoso. Todos os anos seu Tibério tentava levar Bastião para a novena, celebrada
numa vila a uns cinco quilômetros da fazenda. Mas as tentativas nunca surtiam
efeitos.
E o patrão sempre
insistindo: - Bastião! O homem não pode viver longe de Deus! Nós precisamos
ouvir as mensagens que os padres transmitem pra gente, homem! Vamos pra novena
ouvir a pregação do vigário! – Era sempre assim todos os anos. Mas tudo aquilo
não comovia o capataz. As palavras entravam por um ouvido e saiam pelo outro.
- Qui missa qui nada,
patrão! Meu negóço é cuidar da roça e do gado! Lá de cima Nosso Sinhô tá vendo
qui eu num sou má pessoa; ele tá vendo que eu sou um cara trabaiadô, antonce,
pra quê missa? – Era a resposta de Bastião.
Mas como diz o ditado
popular: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, naquele ano,
Bastião acabou cedendo. Mas fez uma exigência: só ia se pudesse levar sua
peixeira e seu facão, “instrumentos” dos quais ele não se separava nem nas
horas das refeições.
- Mas Bastião! Pra que levar
peixeira e facão, rapaz? Lá na missa só
tem gente santa! Nem de polícia precisa! – Insistiu seu Tibério.
A peixeira ele aceitou
deixar em casa, mas o facão! Ah, o facão, de jeito nenhum! Esse ele não deixava nem que a vaca tossisse.
Ou ele levava o facão, ou nada feito! E
como não tinha jeito mesmo, seu Tibério disse: - Tá bom, Bastião! Pode levar
seu facão, mas esconda pra não chamar a atenção das pessoas.
Era normal naquela época do
ano, os estudantes do Colégio Estadual de Patos formarem comitivas para
participarem das novenas. Era mais para namorar as “matutinhas” do que mesmo
pela necessidade de participar da novena. E onde tem estudante, muitas coisas
“estranhas” acabam acontecendo, principalmente
quando Geraldo Mamede estava no comando!
Assim como um velório não
tem graça sem a presença de um bêbado ou de um doido, as novenas não seriam
novenas sem a presença de um santarrão! E lá estava um deles, ajoelhado e
“mastigando” com os dedos as bolinhas do rosário. Era um careca, franzino e bem
vestido, para dar bom exemplo de santidade.
Por trás, Bastião olhava ansioso
para o lugar onde estava o altar. Por trás do capataz, o grupo de estudantes. O
vigário chega e começa o sermão. Ele estava baseado na morte de Jesus Cristo. A
mensagem começou com o vigário mostrando a santidade e a inocência do Filho de
Deus, até que em dado momento, dava início a parte mais comovente da história.
E lá vai o vigário:
- E Jesus Cristo foi julgado
e preso por causa de Pilatos. Bastião se mexeu no lugar e alisou o cabo do
facão, movimento que Geraldo Mamede não deixou passar despercebido.
- E Jesus Cristo foi
açoitado, chicoteado, cuspido e maltratado, tudo por causa de Pilatos. Bastião
não aguentou e resmungou: - Qui cabra safado esse tá de Pilato! E o padre
prosseguiu:
- E Jesus Cristo, um homem
santo e inocente, foi obrigado a carregar uma pesada cruz, sendo chutado,
pisoteado e xingado, tudo por causa de Pilatos.
Foi aí que Bastião não
aguentou mais e bradou: - E num tinha homi lá perto, não, pra defender esse
homi?
Foi aí que Geraldo Mamede,
aproveitando a revolta do capataz, apontou para o santarrão da frente, tocou no
ombro de Bastião e disse: - Fique com raiva não, amigo! Pilatos já se
arrependeu e está aí na frente, ajoelhado, pedindo perdão (disse isso e caiu
fora).
Virado numa fera, Bastião
arrastou o facão, deu uma lapada no religioso e gritou: - Cabra safado, tu faz
o qui fez cum o homi e agora vem pra cá pedi perdão, infeliz! (e tome outra lapada).
O pobre homem largou o
rosário e aos pulos saiu do local, enquanto seu Tibério chegava, tentando
acalmar o Bastião que, ainda mais furioso e inconsolável, riscou o chão com o
bico do facão e gritou: - SE TEM MAIS PILATO POR AQUI QUE APAREÇA!!
Foi o fim da novena. Os
estudantes do CEP sumiram do local e, de longe, se divertiam com a cena
inusitada. Daquele dia em diante, ninguém mais na Fazenda “Cancela de Prata” se
arriscava convidar o Bastião para outros eventos religiosos celebrados nas
redondezas.
- Adaptação de Adalberto
Pereira –
OBS.: Este conto está no
livro “Solos de Avena”, de Alício Barreto.
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