segunda-feira, 19 de setembro de 2022

O FIM DO TERROR - ACONTECEU.

 

                         MATUSALÉM SILENCIOU O JOÃO CABELUDO   

Existem fatos que são tão absurdos,  que se torna perigoso lembrá-los. Mas como eu sou ousado, não poderia deixar de levar ao conhecimento dos nossos amigos, um acontecimento  ocorrido na cidade de Campina Grande, conhecida como a “Rainha da Borborema”, onde morei por onze anos. Se a memória não me falha, eu tinha uns 15 anos e morava na Rua do Monte Santo.

Campina Grande passava por momentos de “terror”, devido aos atos praticados por um sujeito conhecido por “João Cabeludo”. Era um sujeito que se faz lembrado quando falamos naquele cara chamado Lázaro, o perigoso e cruel assassino que colocou em pânico o Distrito Federal e parte de Goiás.

Pois bem! João Cabeludo era um sério problema para a polícia campinense e, mas ainda para a sociedade local. Garotas de 15 a 21 anos, estudantes principalmente, já não se arriscavam sair de casa sozinhas. A maioria delas precisava da companhia dos pais ou irmãos até para ir à padaria ou a bodega da esquina.

A exemplo do que aconteceu com o Lázaro do DF, as pessoas passaram a dizer que o sujeito tinha parte com o diabo. Ouvi de algumas pessoas, principalmente lá do bairro de José Pinheiro, que ele se metia no matagal e se transformava num “tôco seco” de onde saia uma fumaça diabólica, como se alguém estivesse fumando um grosso charuto.

O tempo passava e ao ouvir a música característica do “Campinense Repórter”, noticiário da Rádio Borborema, a população correu para o “pé” do rádio, esperando mais uma das terríveis astúcias do facínora. A polícia já se sentia impotente e até certo ponto desmoralizada. Ouvi um soldado comentando com um colega na porta do bar de Seu Silva, próximo a cadeia pública: - Quando eu pegar esse sujeito, ele vai ver com quantos paus se faz uma canoa!

Disseram que o João Cabeludo se enfiava num saco de carvão e ficava escorado numa parede esperando a presença de uma jovem. De repente, o saco se abria e lá estava o sujeito pronto para o bote fatal. Aí... mais uma garota entrava na desastrosa lista do maníaco.

Certo dia, eu estava na calçada com alguns amigos quando notei uma movimentação diferente nas proximidades da Praça Félix Araújo. Era a viatura da polícia, que recebera o apelido de “Viuvinha”, por ser de cor preta,  que chegava com a “relíquia” no momento.

- “Prenderam o João Cabeludo!!!”, gritou alguém lá da esquina.

A correria foi algo espetacular. Vi mulheres secando as mãos com o avental e outras pedindo que alguém olhasse o caldeirão que estava no fogão. A frente da cadeia pública, que ficava na Rua Quintino Bacaiúva, por trás da minha casa, estava tomada de curiosos. Todos queriam conhecer o terror das donzelas e o grande pesadelo da polícia.

Dias depois, eu e meus colegas ouvimos um barulho estranho vindo lá dos fundos da cadeia pública. Curiosamente e com muito cuidado, subi num cano encostado no muro e vi os soldados dando uns “conselhos” num sujeito de média estatura e com os cabelos caídos nos ombros. Um dos soldados ainda arriscou atirar uma pedra contra mim, mas desistiu.

Já não aguentando tantos “conselhos”, o sujeito implorou: - Me matem logo! Me matem logo!

De repente, o soldado Matusalém, que estava de sentinela e fora do grupo dos “conselheiros”, falou: Vamos acabar logo com isso, pessoal. Ao mesmo tempo em que falava, tirava o fuzil das costas e, apontando para o sujeito e disparou! PUUUM! Foi um único tiro.

Eu pulei de onde estava, corri pra dentro de casa e gritei: Mãe! Mataram João Cabeludo! Acredito que os colegas que estavam comigo, também fizeram o mesmo.

Estava encerrada a cruel trajetória de JOÃO CABELUDO, um dos piores assassinos já vistos na história de Campina Grande.

- Por Adalberto Pereira –

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