GENIVAL LACERDA
Ano de 1957, Rádio Borborema de Campina Grande, Zy 07, Rua Venâncio Neiva, esquina com a Cardoso Vieira, programa matinal Retalhos do Sertão, apresentado por Juracy Palhano. Entre as atrações das manhãs alí estava um jovem sonhador, magro, meio engraçado e com um chapéu à moda Jackson do Pandeiro, inclusive fazendo as mesmas mungangas. Seu nome Genival Lacerda.
Foi a maneira mais real que encontrei para iniciar minha narrativa sobre este artista vitorioso, que ganhou a simpatia de um público que precisava de algo que alegrasse os seus momentos de tristezas e de angústias. E lá estava Genival, brincando com os poetas repentistas Cícero Bernardes e José Gonçalves, titulares daquele programa.
Junto com o jeito alegre de Genival Lacerda, o programa Retalhos do Sertão contava com a presença marcante do Capitão Mané Coió, um humorista que deixava as manhãs dos ouvintes da Rádio Borborema muito mais coloridas. Uma ressalva: foi justamente ele que colocou os apelidos de “Cupim” em Cícero Bernardes, e “Coruja” em José Gonçalves. Completava-se o sucesso do programa com a extraordinária apresentação de Juracy Palhano.
Natural da cidade de Campina Grande, onde nasceu no dia 15 de abril de 1931, Genival Lacerda esteve em atividades artísticas desde o ano de 1950 até 2020. No ano de 1953 foi morar na Capital pernambucana.
Mas Genival chegou como quem não quer e querendo e com a música Sebastiana acompanhada de suas macaquices, surpreendeu a todos. E a direção da Rádio Borborema não pensou duas vezes, contratou Genival e o incluiu no seu cast que já contava com artistas como Silvinha Alencar, Maria das Neves, Maria do Carmo, Ronaldo Soares, os irmãos Gilson e Geisa Reis, Geraldo Andrade e outros.
Genival queria mais! E conseguiu! Deus deu-lhe as asas do sucesso e ele as aproveitou muito bem, saindo Brasil a fora em busca da fama. Mas tudo foi muito rápido! Quando menos se esperou lá estava Genival Lacerda fazendo sucesso com Maria Xique Xique, Mate o Véio e outras músicas que fizeram dele um sucesso absoluto. Foram 70 discos gravados por este campinense ousado e corajoso.
Genival era alegria, irreverência, molecagem, e muito mais que isso: cativante, carismático. Onde chegava a tristeza não tinha vez. Ele era contagiante. inquieto. Genival era família, amado e querido pela mãe e sempre preocupado com o seu bem estar. Na primeira oportunidade, construiu um túmulo para o pai, no cemitério do Carmo, no Monte Santo, transportando seus restos mortais para um lugar mais digno.
As informações sobre o estado de saúde de Genival Lacerda começou a preocupar os seus fãs no dia 26 de maio de 2020, quando ele sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), sendo internado durante três dias. Sua rápida recuperação nos deixou aliviados e certos de que ele seguiria firme em suas atividades.
Dia
Dia 7 de janeiro, a notícia que muitos esperavam, mas que ninguém queria que tivesse acontecido. É anunciada a morte de Genival Lacerda aos 89 anos de idade. Consternação nacional! As homenagens passaram a tomar conta do mundo das comunicações. E nós, como admiradores dos grandes astros da música popular brasileira, não poderíamos nos omitir, apegando-nos ao silêncio da indiferença.
Campina Grande não poderia ficar calada, omissa! Em reconhecimento ao filho querido, vestiu-se de luto por três dias. É muito pouco para quem merece muito mais. No entanto, é a prova de que a “mãe” sente-se neste momento com o coração transbordando de lágrimas pelo filho que parte, deixando saudades e eternas lembranças.
Nós, privilegiados como poucos, vimos nascer este grande astro da música nordestina. E não poderia ser diferente! Constrangidos, mas cumprindo uma obrigação que não queríamos que estivesse sob a nossa responsabilidade, registramos aqui esta singela, mas fiel homenagem acompanhada do desejo de que Deus esteja confortando a família do nosso já saudoso GENIVAL LACERDA, que agora se inclui entre os nossos mais ilustres e saudosos homenageados.
- Por Adalberto Pereira –
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