terça-feira, 31 de janeiro de 2023
domingo, 29 de janeiro de 2023
sábado, 28 de janeiro de 2023
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
domingo, 22 de janeiro de 2023
sábado, 21 de janeiro de 2023
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
AINDA NOS RESTA UMA ESPERANÇA
UMA HISTÓRIA A SER CONTADA
Hoje, veio-me à memória os áureos tempos em que nas escolas e nos colégios, professores orgulhosos contavam-nos a história dos heróis que, em defesa da Pátria, empunhavam fuzis, metralhadoras e canhões, avançando contra inimigos perigosos.
Aqueles heróis, intrêmulos e dispostos a colocar suas vida em defesa dos nossos direitos e da nossa democracia, não temiam os perigos que a guerra lhes proporcionava. Ele sabiam que estavam em defesa da própria família.
Mesmo sem entender muito bem os principais objetivos de tudo aquilo, eu alimentava o sonho de um dia vestir o uniforme do glorioso Exército de Caxias. Queria prestar continência aos destemidos coronéis, majores e capitães, comandantes de respeito e verdadeiros defensores da nossa Pátria.
Os anos passaram e o meu desejo de servir ao Exército aumentava cada vez mais. Meu pai, já convencido de que aquele meu desejo era irreversível, passou a ensinar-me os primeiros movimentos cam as armas. Ele usava uma vassoura para ensinar-me apresentar armas, e outros movimentos militares.
Foi ele quem me ensinou os primeiros movimentos do rastejo. fazendo-me passar por baixo das cadeiras e passar alguns momentos escondido debaixo das camas, como se estivesse aguardando a presença do inimigo. Tudo era cansativo, mas me fazia bem. Eu me achava um soldado de verdade.
Campina Grande. Janeiro de 1959. Batalhão de Serviços de Engenharia - BSvE. Lá estava eu recebendo todo o material que usaria ao longo dos doze meses de caserna. Orgulhoso, optei pelo nome de guerra de CLAUDINO e recebi do tenente a informação de meu número de guerra seria o 216. Antes de mim, somente o Aleixo - 215.
Eu sonhava com uma guerra para mostrar o meu patriotismo. Dediquei-me como se estivesse me preparando para um combate. Não contra frágeis inimigos que atacam com o VERBO e se defendem com o SILÊNCIO. Eu queria ser um verdadeiro herói. Queria ser um grande exemplo para meus pais e minha família.
No salão nos reuníamos para, sob o comando do segundo sargento Paulo, entoarmos os hinos Nacional Brasileiro, da Bandeira, do Soldado e do Exército Brasileiro. Entoado ou não, cada um procurava cantar com muito vigor, como se estivesse a caminho de uma batalha.
Éramos soldados comprometidos com a nossa Pátria, prontos a defendê-la contra a presença de inimigos que tentassem atentar contra a nossa DEMOCRACIA, contra a Soberania Nacional.
O sargento Paulo, meu instrutor, não tirava os olhos de mim. Em todos os movimentos eu procurava ser o melhor. No final de uma cansativa "Ordem Unida", ele perguntou-me como eu sabia de tudo, sendo ainda recruta. E eu, orgulhoso e feliz respondi: meu pai me ensinou tudo direitinho. Ele fora um bom exemplo quando serviu no (15 RI) 15º Regimento de Infantaria, em João Pessoa. Passei a ser o "guia" do meu pelotão.
No manuseio dos revólveres, das metralhadoras, no lançamento de granadas e no uso de outras armas, eu passei a ser destaque. Fui convocado para fazer parte do pelotão de artilharia, como um dos exímios atiradores. Era o que chamam hoje de "atiradores de elite". Tudo aquilo, fruto do sonho de que um dia eu estaria num campo de batalha, enfrentando poderosos inimigos.
Passei a fazer parte de um pelotão especial, para missões que exigiam de nós, coragem, competência e perfeitos reflexos nos momentos de agir. Era a PE - Patrulha Especial. Eu estava avançando muito rápido, até que um dia, o capitão Braga, comandante da Companhia de Comando e Serviços - CCS, convocou-me para reconhecer a minha ousadia.
O tenente Negri, um descendente de italianos, chefe da Fiscalização Administrativa - F. A., onde eu prestava meus serviços diários, tentou remover de mim a ideia de vivenciar uma guerra. Fez relatos assombrosos e chegou a citar o tenente Passos que, mesmo na ativa, guardava sequelas de uma guerra.
Mas a certeza de que devia me preparar cada vez mais, fazia de mim um soldado teimoso, ousado ou, quem sabe, um maluco em busca de condecorações. Olhava para dentro de mim e via um militar em busca da perfeição. Eu queria fazer de tudo um pouco dentro do quartel. Para isso, eu precisava superar a mim mesmo.
Por conta de tudo isso, conquistei a confiança e a admiração do major Maurício. Quando olhava para mim, seus olhos brilhavam de forma diferente. Era um olhar de respeito e um sorriso de quem via em mim um verdadeiro defensor da Pátria.
Orgulhei-me pelo fato de ter um admirador tão forte dentro do quartel. Isso fez com que o comando do BSvE me convocasse para o engajamento. não poderia haver felicidade maior. Eu queria ficar eternamente vestindo aquele uniforme verde oliva. Minha mãe não deixou e eu deixei o Exército Brasileiro com lágrimas nos olhos.
Hoje, como quem procura uma agulha num paiol, tendo entender como o nosso Exército mudou de forma radical. Pergunto a mim mesmo: onde estão aqueles homens de coragem? Os verdadeiros "cabras machos", que faziam do nosso Exército uma corporação querida e respeitada? Não encontro respostas para estas e outras indagações.
Até parece uma brincadeira de "faz de conta". Militares que enfrentavam adversários perigosos, armados até os dentes e prontos a matar e morrer, agora agem contra aqueles que atacam com o VERBO e se defendem com o SILÊNCIO. São adversários frágeis que, para enfrentá-los nem precisam de cassetetes. São cidadãos impotentes e que não inspiram perigo algum.
Fico até a pensar como estes militares se sentem diante dos familiares e, principalmente dos filhos, que esperam ver em cada um deles um verdadeiro herói que acaba de vencer inimigos perigosos. Heróis ou frágeis combatentes? Como eles se qualificam? Envergonham-se ou se tornam insensíveis?
Como é triste e irritante vermos um grupo de policiais, armados com fuzis e metralhadoras, colocando algemas nos punhos de um cidadão, cuja arma de defesa é apenas a obrigação de ficar calado! Pergunto a mim mesmo: Será que esses policiais se consideram verdadeiros heróis? Ou não passam de aproveitadores da fragilidade dos indefesos?
Ao comentar com um amigo a situação das nossas Forças Armadas ouvi dele a seguinte expressão: "No Exército, na Marinha e na Aeronáutica ainda temos soldados valentes e prontos para agirem com rigidez em defesa da nossa Pátria. O problema está naqueles que os comandam. Estes são fracos e inoperantes."
Parei de pensar! Impulsionado por um incômodo silêncio, cumprimentei aquele amigo, dei meia volta, como fiz muitas vezes no quartel e tomei o meu destino, magoado por não ter nenhuma chance de mostrar o meu patriotismo.
Em casa, sentado na minha velha cadeira de descanso, voltei a meditar nas palavras daquele amigo. Os pensamentos eram os mais diversos. Foi aí que lembrei de uma frase pronunciada pelo meu ex-subcomandante major Marcelo: "A hierarquia foi criada para manter a ordem e a disciplina nos quartéis".
Se o tempo mudou o sentido verdadeiro da palavra HIERARQUIA, esta frase tão verdadeira não passe de lembranças de um passado que vale a pena rememorar. E como eu não posso mudar comportamentos, morre aqui, o meu sonho e ontem, sepultado pela realidade de hoje.
- Por Adalberto Pereira -
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
DE VOLTA AO LAR, DOCE LAR!
O PRIMEIRO RETORNO
Assim como temos a primeira viagem, certamente teremos o primeiro retorno. E isso foi o que aconteceu comigo em 2023, com a nossa primeira viagem do ano. O destino: Marcolândia, no Piauí.
No curto espaço de tempo em Marcolândia, não tive tempo para visitar os amigos na Câmara Municipal, na Rádio Arari FM e no Colégio Destak. O ponto negativo de uma dessas visitas foi saber, através do amigo Rômulo Jacó, que a FAFOPA encerrara suas atividades. Isso significa dizer que os cursos de Letras, Geografia, História, Ciências e Matemática deixaram de funcionar.
Até parece que o Poder Executivo não está agradando à população como um todo, principalmente na Vila Serrana, onde, segundo ficamos sabendo de pessoas ali residentes, a Prefeitura parece ter esquecido que aquela Vila pertence ao Município de Araripina. Mas eu não fui pesquisar os deslizes de uma administração e muito menos as suas benfeitorias.
Mas, apesar dos pesares, ainda deu para encontrar amigos como Rômulo Jacó e Batista do Posto Quatro Rodas, em Araripina. Também tivemos a alegria de encontrarmos a Hilda Nunes, a Flaucézia e outras pessoas dos nossos velhos tempos em Araripina, Em Marcolândia, meus encontros foram com os amigos Osvaldo e Alencar Costa, Antônio Carlos e mais uns dois ou três com acenos de bons cumprimentos.
A nossa ida à Marcolândia teve como objetivo principal participar do aniversário da minha sogra, d. Valdeni. A comemoração, mesmo sendo numa segunda-feira, dia 9, foi muito festejada. Houve até cerimônia religiosa e o número de presentes foi surpreendente. Tudo foi maravilhoso e emocionante, com as homenagens que lhe foram dirigidas.
O nosso retorno à Brasília aconteceu no dia 10 de janeiro Esta nossa aventura começou às 06:20, quando Eliomar chegou em sua Van, para nos levar da residência dos meus sogros, em Marcolândia até Picos, onde chegamos às 08:20 e de onde saímos às 09:08 com destino à Brasília. Lá se foram nossos primeiros 70 reais do dia.
O início da viagem foi tranquila, sem novidades para apresentar. O relógio marcava 10:26 quando chegamos à Oeiras, a primeira Capital do Piauí. Graças a Deus, não havia aparecido nenhum garotinho para tirar o nosso sossego com seus choros estridentes.
Nossa chegada a Floriano aconteceu às meio-dia. A tranquilidade da viagem até que chegava a me incomodar. Eu achava que aquilo era sinal para coisas não muito agradáveis que poderiam acontecer a qualquer momento.
A primeira troca de motoristas aconteceu na cidade de Itaueira, onde chegamos às 14:35. Queiramos ou não, a mudança de motoristas sempre nos deixa meio apreensivos. Este se apresentou e disse até onde ia e quantas horas estaria ao volante. Como de costume, ele deixou claro como seriam as regras da viagem.
Eu amo CDB! Isso foi o que eu vi estampado na praça principal da cidade de Canto do Buriti, onde acabamos de chegar. Para os curiosos, aquelas iniciais não passavam de motivos de questionamentos. Na verdade, elas significam "Eu amo Canto do Buriti". Ali estava estampado o carinho da população por Canto do Buriti, cidade onde chegamos por volta das 15:38. Descobri que gastamos exatamente uma hora desde que saímos de Itaueira.
E lá vamos nós cortando as rodovias piauienses. As chuvas que caíam por lá deixavam um verde meio encabulado, mas tirava aquela melancólica visão de outras viagens que por ali fizemos. Vez por outro, um roçado aparecia apresentando o milharal dando o ar de sua graça. Até o verde da soja encheram os meus olhos de felicidades.
A Cleide notou que a carga do seu celular estava se esgotado. Procurou um carregador, que deveria estar localizado entre as poltronas e não encontrou. Foi aí que lembrei as palavras do primeiro motorista: "... os carregadores estão localizados entre as poltronas; umas têm,,, outras não! E nem sei se funcionam!". Desânimo total! Pior é que os nossos "vizinhos" mais próximos enfrentavam o mesmo problema!
Fui verificar a situação do meu e vi que ainda estava com 83%. Dei graças a Deus e passei a ecomizar o máximo. Até as músicas e os filmes eu tive que renunciar. Para uma empresa como a Guanabara, não seria um bom exemplo restringir os direitos dos seus clientes. Até cheguei a duvidar se estava mesmo em um vaículo daquela conceituada empresa. O da nossa ida era bem diferente... até na cor.
Seguindo em frente, chegamos em Eliseu Martins por volta das 16:54. Alegrava-me saber que já haviamos vencido dez horas das trinta que separavam Brasília de Marcolândia. E a contagem regressiva continuava, enquanto nos deleitávamos com os matagais à direita e à esquerda.
Bem! Apesar de tudo, a viagem continuava. Eram 18:35 ainda do dia 10, quando chegamos na cidade de Cristino Castro. E tudo que consumíamos durante a viagem era muito caro. Como costumam dizer "os olhos da cara". Até parecia que estávamos no aeroporto Internacional de Brasília. Basta dizer que uma água mineral de 600ml "sacou" das minhas economias a bagatela de 8 reais. Uma Coca (pequena)variava entre 8 e 9 reais.
Arrisquei tomar um cafezinho, pelo qual paguei 4 reais. Mas ele até valeria o preço pago, se estivesse quentinho. Perguntei ao moço se o sorvete ali era gelado ou fazia concorrência com o café. Ele riu e disse: - Pague só dois reais pelo café. Ora! Frio como estava o cafezinho, e mesmo pagando a metade do preço cobrado, pensei lá comigo mesmo: "de graça ainda era caro"!
Às 19:15 chegamos a Bom Jesus. A viagem em si nos proporciona muitas emoções, colocando diante de nós fatos agradáveis e desagradáveis. Por exemplo, ser obrigado a se servir de banheiros imundos, onde as palavras zelo e conforto ainda não encontraram guarida. Vi, por exemplo, um rapaz entrar em um deles já com a camisa servindo de protetor anti fedor.
Estava envolvido nesses e em outros pensamentos quando senti o ônibus fazer uma curva se desviando do seu trajeto. Estávamos entrando numa cidadezinha chamada Redenção. Aquele antigo lugarejo quase que desconhecido e abandonado, agora já é uma cidade. Pode não ser ainda uma metrópole, mas é bem interessante.
Olhei no relógio e vi que já eram 20:25 quando o ônibus parou na acanhada rodoviária local. Numa situação dessa sempre vem ao nosso pensamento a célebre pergunta: como essa gente sobrevive aqui, meu Deus? Então eu mesmo me respondo: calma, Adalberto! Tu também viveste nove meses no ventre de tua mãe, lugar bem menor que este! E estás aqui contando a história.
Saindo de Redenção, a próxima parada seria em Monte Alegre. Às 21:55, o motorista anunciava que sua missão já estava cumprida, desejando-nos uma boa viagem. O motorista substituto depois de se apresentar, informou que nos levaria até a cidade de Barreiras e que seriam cinco horas de viagem. Este seria o nosso terceiro motorista desde a saída de Picos.
Ali, a demora foi rápida. Eu, que não durmo viajando e nem viajo dormindo, fui traído pelo cansaço. Que decepção! Passar por Gilbués e Correntes sem dar a mínima atenção, é pior do que acreditar na vitória de um candidato, cuja derrota já era algo inevitável. Mas aconteceu! Somos traídos até pelo abstrato cansaço.
Mas, independente dos revezes, a viagem continuava sem quaisquer anormalidades. Então, chegamos à Formosa do Rio Preto. O relógio marcava meia noite e 50 minutos. Olhei para Cleide, que havia acordado pela vigésima vez, e falei: filha, já vencemos 15 horas das trinta, isso quer dizer que estamos mais perto de casa.
Mas nem tudo são flores, não é mesmo? De repente, entra um casal com dois filhos. O menor devia ter uns dois anos. E foi justamente este que nos deu a sensação de que a viagem passava a ser um pesadelo. Felizmente, este foi bem diferente daquele que enfrentamos na ida. Ele foi menos cruel chorando menos. O pai sempre procurava consolá-lo. E eu dei graças a Deus.
Às 03:04 da madrugada chegamos em Barreiras. Ali, a demora foi maior, pois, além da mudança de motoristas, o veículo foi levado para o seu abastecimento. O motorista que nos deixou, educadamente acenou da porta e nos desejou uma boa viajem. O que o substituiu não deu a mínima. Que sujeito mal educado! Pensei eu lá como "meus botões".
Se a alegria já era grande por termos chegado em Formosa do Rio Preto, ela se renovou ainda mais quando saímos de Barreiras. Foi, sem dúvida alguma, um grande alívio. Agora, era esperar por Luiz Eduardo Magalhães, que nos recebia às 05:04. Ufa!!! Que grande alívio.
Voltei a fazer as contas e alegrei-me ao concluir que só faltavam três cidades para chegarmos no Distrito Federal (Roda Velha, Alvorada do Norte e Formosa de Goiás). Às 06:30 chegávamos em Roda Velha. Afinal, o dia já havia amanhecido e a beleza do nascer do sol fez com que eu não resistisse e registrasse com três fotos aquele cenário Divino.
Confesso que me deu vontade de sair daquele veículo e dar um gostoso e demorado grito de "OBRIGADO, SENHOR!", quando o ônibus parou na rodoviária de Alvorada do Norte. Olhei para o relógio e notei que ele marcava 10 horas em ponto.. Faltavam apenas 5 horas! Parecia um sonho!
Duas horas e 10 minutos depois (12:10) chegávamos em Formosa de Goiás. Era hora de almoçar e de trocarmos de motoristas. E se o cara não se apresentou e nem deu "bolas" na chegada, não seria diferente ao ser substituído. Cheguei a pensar que ele estava com algum problema na empresa, ou havia brigado com a mulher.
Aproveitei para dar uma carga no meu celular e no da Cleide. Procurei saber de um rapaz funcionário do restaurante, sobre a distância para Brasília e educadamente ele disse que faltavam 104 quilômetros e seriam exatamente duas horas de viagem. Sorrindo, como uma criança que ganha um pirolito, passei a informação para Cleide.
Às 13:45 passamos por Planaltina. Eu olhava para todos os lados, como se estivesse procurando alguma coisa ou esperando ver alguém para gritar lá de dentro do ônibus: "EI, PESSOAL! CHEGUEI!". Mas quem nos recepcionou com vontade mesmo foi a forte chuva que caía sobre o DF. Não importava! Eu já estava praticamente em casa. Era questão de mais um pouquinho de paciência.
O fato que nos deixou entristecidos só veio acontecer ao entrarmos em Planaltina, quando ouvimos insistentes batidas na porta que dá acesso à cabine do motorista: era um rapaz que ficaria na rodoviária daquela cidade e que, ao sentir que o ônibus não pararia na rodoviária local, ficou apavorado. Lamentavelmente, o motorista não levou em consideração o desespero do passageiro, que foi obrigado a seguir até a rodoviária de Sobradinho.
Bem! Afinal, estamos na Rodoviária Interestadual de Brasília. Eram 14:30. Agora era providenciar um UBER. Isso nós deixamos por conta da nossa filha Joycecleide, que conseguiu um no valor de 43 reais. Não foi uma viagem com muitas emoções, como a de ida, mas deu para fazer um relato completo, mas sem graça nenhuma. Ufa!!! Terminei!!!
Agora, só no próximo ano, se DEUS quiser e se os sistemas político e judiciário que mandam e desmandam, permitirem.
- Por Adalberto Pereira -
domingo, 15 de janeiro de 2023
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
AVENTURAS DE ANO NOVO
A PRIMEIRA VIAGEM
Todos nós temos o que chamamos de "a primeira vez". Eu, por exemplo, nunca esqueci a minha primeira professora, d. Maroca, lá de Abreu e Lima, Dizem até que a mocinha não esquece o primeiro beijo, assim como não esquece do primeiro sutiã. E se isso é verdade, então não quero esquecer as aventuras da minha primeira viagem no ano de 2023.
E a nossa aventura começa na rodoviária do Gama, de onde saímos ao meio-dia e 38 minutos com destino à Marcolândia, no Piauí. Mas o que eu não esperava era que o motorista da Guanabara nos daria o prazer de conhecer um pouco de Brasília. E tudo começou no Recanto das Emas, onde chegamos por volta das 13 horas e 15 minutos.
De lá, fomos até Samambaia, de onde saímos às 13 horas e 30 minutos. O nosso "turismo" prosseguiu com a nossa ida até Taguatinga, de onde saímos pontualmente às 14 horas. Passei a pensar que não chegaríamos nunca à Rodoviária Interestadual de Brasília para nossa viagem até o nosso destino.
Nossa viagem propriamente dita só aconteceu pontualmente às 15 horas. Ufa!!! Depois deste momento de "turismo", finalmente lá estávamos nós, eu e minha esposa Cleide, seguindo nosso destino rumo ao Piauí. Foi uma viagem para se guardar na memória por muitos anos. Daria até para escrever um romance.
Como acontece em todas as viagens terrestres, ali naquele ônibus ninguém conhecia ninguém. Apenas o motorista que, antes de dar partida ao veículo, se dirigia aos passageiros para sua tradicional apresentação, sem esquecer das devidas, mas necessárias advertências.
"Bom dia, senhores! Meu nome é fulano de tal e estarei com os senhores até lugar tal. Para nossa segurança, o uso do cinto é obrigatório; é proibido fumar no interior do veículo, inclusive no banheiro; não é permitido o uso de bebida alcoólica. Boa viagem para todos". Eram estas as recomendações de cada motorista.
E começa a viagem que, independente da minha vontade, tinha suas surpresas a serem apresentadas; umas saudáveis, outras nem tanto. Por volta das 3 e 40 minutos chegamos à Sobradinho e às 4 e 20 já estávamos saindo de Planaltina, para dar sequência a uma viagem de 31 horas.
O choro de uma criança nos chamou a atenção. Era um choro de quem não estava bem de saúde (dizem que o choro de uma criança faminta é diferente de uma criança enferma). Mas como eu não sou pediatra e muito menos nutricionista,, limitei-me a me acostumar com aquele incômodo que duraria até nossa chegada a Oeiras. Calculem o tamanho do sofrimento! Estou falando do meu sofrimento e não no da criança.
Isso me fez lembrar quando eu viajava de Araripina, no Pernambuco, para Juazeiro do Norte, no Ceará, na Viação Pernambucana. Ali, havia uma mistura de seres humanos com galinhas, porcos e até bodes, isso sem falar nas poltronas que se o passageiro se encostasse, caía no colo do passageiro de trás. Era um verdadeiro "Deus nos acuda",
Mas a viagem continua até chegarmos à Formosa de Goiás por volta das 5 e 30 da tarde daquela segunda-feira, dia 2 de janeiro. A viagem continuava bem, devido ao conforto que nos oferecia o ônibus da Viação Guanabara e o profissionalismo dos seus motoristas.
Às 7 e 30 na noite fizemos uma parada um pouco mais demorada em Alvorada do Norte: era a hora do jantar. Tudo sob controle, menos os preços exagerados dos alimentos e sua péssima qualidade. Ao longo da viagem os preços dos refrigerantes variavam entre 8 e 9 reais. Um cafezinho (frio e sem gosto) nos custava a bagatela de 4 reais. Água mineral entre 6 e 8 reais uma garrafa normal. E haja estômago para resistir ao desenfreado desafio.
Nossa saída de Alvorada só aconteceu às 8 e 10 da noite. De repente, o choro daquela criança volta a explodir, ferindo os nossos tímpanos. Só Deus mesmo para colocar diante de nós tamanha provação. Era preciso muita paciência e a esperança de que tudo aquilo tivesse limite. Esperança pedida. Mas a viagem não poderia parar só para me satisfazer. Afinal, os pais pagaram o mesmo valor que eu e minha esposa pagamos.
Eram 11 e 15 da noite quando chegamos a uma cidade chamada Roda Velho (não me perguntem o porquê do nome) e saímos por volta das 11 e 20. Muitos já estavam dormindo, inclusive minha esposa, que dorme o tempo todo. Eu não viajo dormindo e nem durmo viajando. Mas ao meu lado um rapaz passageiro da poltrona 14, conseguia jogar baralho com o filho.
Finalmente as monótonas aventuras do dia 2 se encerravam, dando lugar a outros fatos que marcariam o dia seguinte. E assim, chegamos em Luiz Eduardo de onde saímos por volta da meia-noite e 23 minutos, depois da manutenção do veículo. Nossa chegada à Barreiras girou em torno das 2 horas e 05 minutos. De lá, saímos por volta das 2 e 20 da madrugada.
E lá vamos nós cortando estradas até chegarmos em Formosa do Rio Preto às quatro e meia da manhã. É então que acontece o inesperado: o passageiro da poltrona 14, de joelhos e com a lanterna do celular do filho iluminava o ambiente à procura do seu celular, que havia desaparecido de forma misteriosa. A procura foi longa e foi feita por várias vezes.
De repente, ouve-se um relato meio incômodo, vindo do mesmo passageiro da poltrona 14: ele anunciava que seu celular havia sido roubado. A notícia pegou a todos de surpresa, uma surpresa desagradável. O fato foi comunicado ao motorista que, de imediato comunicou à empresa. E como havia câmeras no interior do ônibus, esperava-se que tudo fosse esclarecido.
Mas, apesar do clima de tensão, a viagem continuou sem nenhum outro fato que viesse tirar a calma dos passageiros. O relógio marcava 6 horas quando chegamos em Correntes. Seguimos viagem e eram 7 horas e 3 minutos quando chegamos na cidade de Gilbués. Mas o passageiro da poltrona 14 não desistia de procurar o seu celular.
Às 9 horas e 27 minutos chegamos a uma cidade chamada Redenção, onde a demora não foi além dos cinco minutos. Em Bom Jesus, chegamos às 10 horas e 22 minutos. Procurei saber do cidadão como acontecera o desaparecimento do celular e ele disse que o seu filho havia adormecido e o celular caiu do seu colo. Segundo ele, isso teria acontecido por volta das duas horas da madrugada do segundo dia de viagem.
Depois disso, seguimos nossa viagem até chegarmos à Cristino Castro. Nesse momento o relógio marcava 11 horas e 02 minutos. Mas o incômodo provocado pelo choro daquela criança continuava "ferindo" os nossos tímpanos, Que coisa insuportável, meu Deus! Mas fazer o quê? Era esperar a chegada ao nosso destino.
A cada minuto que passava, nossa esperança em relação à nossa chegada se renovava. Senti um certo alívio quando o ônibus parou e o motorista anunciou nossa chegada a Cristino Castro. Eram 13 horas e a alegria foi imensa quando o motorista anunciou que tínhamos 30 minutos para o almoço.
É lamentável a maneira como as pessoas tratam aqueles que se propõem a ajudá-las. Um hotel que recebe diariamente viajantes de várias partes do nordeste deveria, no mínimo, cuidar melhor dos seus banheiros e estar atento na reposição dos alimentos. Já é demais a péssima qualidade e o alto preço do que nos oferecem.
Mas já que não somos capazes de mudar comportamentos, resta-nos apenas ouvir o motorista anunciar a próxima cidade. E assim chegamos ao Canto do Buriti às 14 horas e 20 minutos. Até aí, nenhuma novidade. Ninguém desceu e ninguém subiu, mas o nosso passageiro da poltrona 14 vez por outra tentava encontrar seu celular. Era a esperança de alcançar um milagre.
Eram 15 horas e 20 minutos quando chegamos a uma cidade chamada Itaueira. E lá vem aquele garotinho quebrar a tranquilidade com um grito de quem estava sendo atacado por uma dor insuportável. Foi aí que cheguei para o motorista e perguntei o tempo que gastaríamos até chegar em Floriano. Ele respondeu que seria em menos de uma hora.
Olhei para o alto e dei graças a Deus por estarmos mais perto de Picos, onde chegaríamos, segundo o motorista, por volta das oito e meia da noite. Usei a matemática e fiquei sabendo que ainda nos restavam pouco mais de três horas.
Dei um cochilo, o que é uma raridade nas minhas viagens, e fui despertado ´pelo "despertadorzinho" lá de trás. E lá vem outra crise do garotinho. Até parecia ser de propósito. O ônibus continuava cortando a rodovia, alisando seus pneus na vasta e escura pista. Foi aí que ouvi o motorista anunciar que estávamos em Floriano, Olhei no relógio e vi que eram 16 horas e 58 minutos (que tal arredondar?)
Ôpa!!! Gritei para mim mesmo! Agora só faltam três horas e meia! Era só ter um pouquinho mais de paciência. Ora, depois de mais de 25 horas de viagem, com roubo de celular, choro de criança e comida de péssima qualidade, o que representava 3 horas e mais ou a menos? Era só uma questão de tolerância.
Quando o relógio marcou 19 horas o ônibus fazia sua penúltima parada. Ali estávamos nós em Oeiras, a primeira Capital do Piauí. Veio então o meu grito de ALELUIA!!! A mamãe da criança chorona descia desejando a todos um feliz final de viagem. Eu nunca pronunciei um "muito obrigado" com tanta ênfase! Ali ficaria também o passageiro da poltrona 14, com certeza entristecido por ter que comprar outro celular.
Bem! Agora era chegado o momento de esquecer o que houve de negativo, dar Graças a Deus e esperar que meus cunhados aparecessem para nos levar até Marcolândia. Finalmente chegamos à Rodoviária de Picos. Eram 20 horas e 30 minutos. Um longo e delicioso suspiro de alívio explodiu das minha narinas.
Finalmente, uns vinte minutos depois, um sorriso de felicidade brota dos nossos lábios com a chegada do Cláudio e seu filho Claudio Henrique que nos conduziriam até Marcolândia, onde permaneceremos até o dia 10, uma terça-feira, quando iniciaremos nossa viagem de volta à Brasília.
Mas eu não finalizaria este relato sem registrar a alegria das pessoas que ainda nos esperavam, permanecendo acordadas até às 10 horas da noite. Ali estavam meu sogro, minha sogra, duas cunhadas, meu cunhado Adriano, sua esposa e sua filha. Depois de muitas conversas, um leve lanche e uma deliciosa cama para vencer o cansaço.
Se Deus me der coragem, tentarei fazer um novo relato da viagem de volta. Isto é... se tivermos fatos interessantes. Pelo menos o título já está pronto: O RETORNO.
- Por Adalberto Pereira -