quinta-feira, 20 de junho de 2019

LEMBRANÇAS DO MEU PASSADO


                             LEMBRANÇAS DA CASA DO ALTO
                                                         I
As lembranças que tenho do passado, ainda guardo aqui no pensamento
A saudade é grande e não aguento na memória tudo vive  bem guardado
No presente eu vivo inconformado, relembrando de tudo a cada dia.
Já não sinto a mesma alegria, e agora eu confesso essa verdade:
Que ainda estou morrendo de saudade lá da casa do Alto onde eu vivia.
                                                        II
Meu cachorro deitado no oitão, minha mãe trabalhando na cozinha
Bem distante uma casa de farinha e eu na mesa estudando a lição;
Lá no canto tinha um pote e um pilão, e eu tomando o café que mãe fazia;
Eu ficava feliz quando ouvia minha mãe a cantar uma canção
Preparando a nossa refeição, lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                                      III
Lá no sítio tinha tudo em fartura:  tinha manga, tinha jaca e mamão.
Macaxeira, inhame e melão; tinha doce de leite e rapadura,
Lá na horta todo tipo de verdura pra comida que a minha mãe fazia
Era vida de muita alegria da infância não consigo esquecer,
Só lamento que não posso mais viver lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                                     IV
Lá na casa do Alto era assim: tinha manga, banana e abacaxi.
Bem na frente  um pé de sapoti; só não tinha sacada nem jardim,
Minha mãe sempre me dizia assim: seja sempre o filho que eu queria,
Viva a vida em paz e harmonia, seja amigo e respeite todo mundo!
De meus pais sempre tive amor profundo lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                                    V
Eu gostava de ver quando passava a boiada levantando a poeira
As pessoas caminhando para a feira; a viagem era longa e não faltava
Quem pra gente de longe acenava, desejando para todos um bom dia
Minha mãe na calçada com alegria desejava a todos boa sorte
É assim que eu lembro nossa sorte lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                                  VI
Lá no sítio tinha manga e fruta-pão, abacate, caju e cajarana;
Tinha jaca, laranja e banana; tinha porco, galinha e pavão,
Tinha coco, batata e limão, que a gente catava todo dia;
O beiju que a minha mãe fazia, por meu pai era muito elogiado,
E assim era a vida no passado, lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                                  VII
Bem ao lado da casa onde eu morei tinha um rio de água cristalina,
Era um rio que servia de piscina, onde sempre meu corpo eu banhei.
Foi ali que eu sempre mergulhei o meu corpo de criança sadia,
Era essa a minha rebeldia. Minha mãe inocente, nem sonhava.
O que eu escondido aprontava lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                                 VIII
Mas a vida também nos apresenta os momentos de dor e de tristeza,
Que nos tiram a paz e a beleza; é ai que todo cristão lamenta,
E o coração ferido não aguenta suportar tão ferrenha agonia
O cachorro que era a nossa alegria, foi levado pela morte traiçoeira,
Foi enterrado aos pés da bananeira, lá da casa do Alto onde eu vivia.
                                                  IX
Quando era o meu aniversário, tinha festa até de madrugada;
Brincadeiras pra toda meninada, e ninguém esquecia o calendário.
Não esqueço a beleza do cenário e os momentos de muita alegria
O cardápio minha mãe mesmo fazia, na cozinha ela era a primeira;
O meu pai comandava a brincadeira, lá na casa do Alto onde eu vivia.
                                         X
Inda lembro o café que mãe torrava e o cuscuz com o leite ensopado,
Só açúcar lá em casa era comprado, pois o resto lá na roça mãe plantava.
Tinha chuva que a plantação molhava, era vida de amor e de alegria,
E com Deus mãe falava todo dia; quem mandava lá em casa era Jesus.
Candeeiro e lamparina era a luz lá na casa do Alto onde eu vivia.

(Produzido por Adalberto Pereira)


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