LEMBRANÇAS DA CASA
DO ALTO
I
As lembranças que
tenho do passado, ainda guardo aqui no pensamento
A saudade é grande
e não aguento na memória tudo vive bem
guardado
No presente eu vivo
inconformado, relembrando de tudo a cada dia.
Já não sinto a
mesma alegria, e agora eu confesso essa verdade:
Que ainda estou
morrendo de saudade lá da casa do Alto onde eu vivia.
II
Meu cachorro
deitado no oitão, minha mãe trabalhando na cozinha
Bem distante uma
casa de farinha e eu na mesa estudando a lição;
Lá no canto tinha
um pote e um pilão, e eu tomando o café que mãe fazia;
Eu ficava feliz
quando ouvia minha mãe a cantar uma canção
Preparando a nossa
refeição, lá na casa do Alto onde eu vivia.
III
Lá no sítio tinha
tudo em fartura: tinha manga, tinha jaca
e mamão.
Macaxeira, inhame e
melão; tinha doce de leite e rapadura,
Lá na horta todo
tipo de verdura pra comida que a minha mãe fazia
Era vida de muita
alegria da infância não consigo esquecer,
Só lamento que não
posso mais viver lá na casa do Alto onde eu vivia.
IV
Lá na casa do Alto
era assim: tinha manga, banana e abacaxi.
Bem na frente um pé de sapoti; só não tinha sacada nem
jardim,
Minha mãe sempre me
dizia assim: seja sempre o filho que eu queria,
Viva a vida em paz
e harmonia, seja amigo e respeite todo mundo!
De meus pais sempre
tive amor profundo lá na casa do Alto onde eu vivia.
V
Eu gostava de ver
quando passava a boiada levantando a poeira
As pessoas
caminhando para a feira; a viagem era longa e não faltava
Quem pra gente de
longe acenava, desejando para todos um bom dia
Minha mãe na
calçada com alegria desejava a todos boa sorte
É assim que eu
lembro nossa sorte lá na casa do Alto onde eu vivia.
VI
Lá no sítio tinha
manga e fruta-pão, abacate, caju e cajarana;
Tinha jaca, laranja
e banana; tinha porco, galinha e pavão,
Tinha coco, batata
e limão, que a gente catava todo dia;
O beiju que a minha
mãe fazia, por meu pai era muito elogiado,
E assim era a vida
no passado, lá na casa do Alto onde eu vivia.
VII
Bem ao lado da casa
onde eu morei tinha um rio de água cristalina,
Era um rio que
servia de piscina, onde sempre meu corpo eu banhei.
Foi ali que eu
sempre mergulhei o meu corpo de criança sadia,
Era essa a minha
rebeldia. Minha mãe inocente, nem sonhava.
O que eu escondido
aprontava lá na casa do Alto onde eu vivia.
VIII
Mas a vida também
nos apresenta os momentos de dor e de tristeza,
Que nos tiram a paz
e a beleza; é ai que todo cristão lamenta,
E o coração ferido
não aguenta suportar tão ferrenha agonia
O cachorro que era
a nossa alegria, foi levado pela morte traiçoeira,
Foi enterrado aos
pés da bananeira, lá da casa do Alto onde eu vivia.
IX
Quando era o meu
aniversário, tinha festa até de madrugada;
Brincadeiras pra
toda meninada, e ninguém esquecia o calendário.
Não esqueço a
beleza do cenário e os momentos de muita alegria
O cardápio minha
mãe mesmo fazia, na cozinha ela era a primeira;
O meu pai comandava
a brincadeira, lá na casa do Alto onde eu vivia.
X
Inda lembro o café
que mãe torrava e o cuscuz com o leite ensopado,
Só açúcar lá em
casa era comprado, pois o resto lá na roça mãe plantava.
Tinha chuva que a
plantação molhava, era vida de amor e de alegria,
E com Deus mãe
falava todo dia; quem mandava lá em casa era Jesus.
Candeeiro e
lamparina era a luz lá na casa do Alto onde eu vivia.
(Produzido por Adalberto Pereira)
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