PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
35 - Em Campina Grande, onde chegamos lá pelos idos de 1950, residimos
em várias rua e a primeira delas foi a Rua Liberdade. Depois seguiram outras
como: Rua Paraguai, na Prata; Arrojado Lisboa; Av. Rio Branco, na Bela Vista;
Rua Idelfonso Aires (Rua Estreita); Rua Coronel José Vicente; Rua Ceará; e
Monte Santo.
Como vizinhos na Avenida Rio Branco dá para lembrar o Sr. Bruxelas, um
udenista chato até demais e puxa-saco de Argemiro Figueiredo; D. Isaura, mãe do
Irã e da Lourdes; do Sr. Zé Crente e Seu Silveira, pai do
Fernando, um rapazinho adolescente e portador de uma deficiência mental. Irã sempre ia brincar comigo e era o colega
mais presente em nossa casa.
Na Rua Ceará, tivemos bons e inesquecíveis vizinhos: Seu Nicolau e d. Inacinha;
Seu Cícero e d. Mariinha; Seu João Coveiro e d. Ambrozina, sem esquecer os
amigos: Pedro, Zé e Antônio (Noca) Nicolau; Inácio (Pelado), Jurandir;
Carminha; e Amariles que, segundo me disseram, foi para o Convento.
Na Rua Monte Santo, lembro os amigos Terezinha e Josemar; Zé Costa,
Birino, Joãozinho, Maria do Carmo, Lurdinha, Titi e Bastinha, todos filhos de
Seu Antônio de Gama e d. Cícera. Marina, Corina, Teté, Olívia, Antônio Correia
e Nivaldo, eram os filhos do casal Seu Misael (funcionário do DNOCS) e d. Moça.
Mas a minha narrativa envolve mesmo os vizinhos do lado esquerdo. Era a
casa de Bila, que servia de encontro dos jogadores do Vasco da Gama do Monte
Santo. Era também a sede da Escola de Samba do clube e como tinha alguns
instrumentos, nós gostávamos de cantar umas musiquinhas para animar o ambiente.
Minha mãe ficava por conta com a minha presença alí.
Certo dia eu fui chamado pelo Bila e fiquei sabendo que no domingo seguinte
a família estaria recebendo uma visita muito especial. Tratava-se de Zito
Borborema, um cantor que sempre se apresentava nos programas da Rádio
Borborema. Ele gostava de visitar os bairros da cidade, fazendo ele mesmo o seu
trabalho de “marketing”. Não deixava de ser um momento histórico na vida
daquela família.
D. Mercedes, cuja família não tinha a mínima condição de receber uma
visita como aquela, procurou minha mãe para pedir alguns ingredientes. Eu ouvi
quando ela confidenciou a minha mãe que tinha uma galinha que estava doente
(com gôgo) e quase dando os últimos suspiros, mas que depois de bem temperada,
nem daria para perceber e tudo seria resolvido. Ela nem percebeu que eu ouvira
a “terrível” confissão.
Nesse dia, todos fizeram questão de tomar um banho especial. Logo cedo eu já
estava na casa do Bila para receber o Zito Borborema, o coitado que nem sabia
que iria comer uma galinha moribunda, aliás, o único item patrocinado pela
família.
Maurício e Carminha, os filhos do casal , não cansavam de obedecer as ordens,
buscando nas casas vizinhas o que precisavam para o “pomposo” almoço. O arroz
vinha de uma casa, o macarrão e o feijão de outra, a farinha e as verduras
também eram doadas pelos vizinhos.
Muito educada, d. Mercedes, que tinha muito respeito à nossa família,
ofereceu-me uma asa da galinha, para provar sua culinária. Sabendo da situação
da sacrificada “penosa”, dei uma desculpa e agradeci a gentileza.
A chegada de Zito Borborema foi realmente um momento inusitado naquela
casa. Quando o Táxi parou, todos correram para recepcionar o cantor, que não
poupou uma “banquinha” de artista famoso. Na sala, os cumprimentos aos amigos
da família. E lá estava eu abraçando o cara!
Foi o primeiro famoso que eu conheci pessoalmente e tive o prazer de
abraçar. E como eu comentei o fato no colégio Alfredo Dantas, onde eu estudava!
Teve colega que só acreditou quando minha mãe confirmou.
Fiquei sabendo que pelos anos de 80, ele conheceu o Pr. José Augusto, da
Assembleia de Deus e se converteu, voltando a Campina Grande como membro daquela
igreja no bairro de Jeremias, onde passou a residir.
OBS.: Zito Borborema, conhecido como o rei do xaxado, nasceu em Taperoá e todos ficamos espantado
quando soubemos por ele mesmo, que seu nome verdadeiro era Manoel Valdivino.
- Por Adalberto Pereira -
-o-o-o-o-o-o-o-
PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
36 – Quando eu iniciei minha carreira como radialista, na Rádio
Espinharas, em 1962, recebi de Luiz Pereira, por sugestão de José Augusto Longo
da Silva, a incumbência de apresentar um programa musical, que começaria às
19:30, logo após a Voz do Brasil, que na época era apenas 30 minutos.
O programa tinha como título “Seu Pedido, Sua Música”. A seleção musical
do primeiro programa foi feito por Amauri de Carvalho e a partir dele, os
ouvintes escreveriam para a emissora
pedindo uma das música rodadas no programa anterior.
O segundo programa não recebeu uma carta sequer. Foi aí que eu perguntei
ao Zé Augusto, como eu ia apresentar o programa, se não tinha nenhum pedido. Zé
Longo olhou pra mim e com aquele jeito de quem já tem tudo sob controle, falou;
- Cadê a relação de ontem? Eu entreguei e ele falou: - Diga um nome de um amigo
seu! Eu disse um nome e ele mandou: - pronto! Você já tem o primeiro ouvinte!
E nós inventamos um monte de nome ouvintes. E assim eu apresentei o
programa com nomes de pessoas que eu nunca pensei conhecer. No final do
programa, Zé Augusto disse: - Pronto! Amanhã, se não tiver nenhuma carta, faça
o mesmo e não atrapalhe mais a minha noite de namoro!
Foi a partir daí que eu aprendi o chamado “pulo do gato”, um termo usado
para os momentos em que você não tinha assunto, mas criava um de última hora e
jogava no ar como se o fato tivesse acontecido.
Na segunda semana do programa, as cartas eram tantas que eu já sentia
dificuldades para atender a todas elas. O ouvinte era quem fazia o roteiro
musical do programa. Muitas vezes eu deixava quase a metade dos pedidos para o
programa seguinte. Lembro que uma das músicas mais solicitadas era “Amor
Fingido”, com Silvinho.
O Zé Augusto não tolerava ouvir essa música. Uma noite, ele havia ficado
na rádio até mais tarde e aproveitou para dar uma passadinha pelos estúdios. E
foi justamente no momento em que eu anunciava Silvinho, com AMOR FINGIDO.
Zé Augusto sentou em uma cadeira que ficava ao lado da mesa de som e eu
desconfiei que alguma coisa não estava normal. Zé Augusto ouvindo Amor
Fingido!!! Quando a música acabou, ele me chamou e como se fosse fazer um
discurso, pegou o disco, ergueu a mão e anunciou:
- Senhores! Neste momento vou fazer o solene lançamento de um dos
maiores sucessos de Silvinho!
Lançou o disco contra a parede
transformando-o em pedaços. Era um disco de cera, 78 rpm (rotações por
minuto), com apenas duas músicas, uma de cada lado. Parece que a música do
outro lado era “Quem É”, também muito solicitada. Nunca mais se ouviu naquela época, “Amor
Fingido” na Rádio Espinharas.
Outras músicas também eram muito solicitadas e as que não fogem da minha
memória eram: “Amo-te” e “Tenho Ciúme de Tudo”, com Orlando Dias; “Quem eu
Quero Não me Quer”, com Raul Sampaio; e
“Alguém me Disse”, com Anísio Silva.
Quem viveu aquela época talvez ainda lembre de músicas como “Boneca
Cobiçada”, com Palmeira e Biá; “Fracasso”, com Núbia Lafayette; “Fujo de Ti”,
com Waldick Soriano; “Espere um Pouco, um Pouquinho Mais” e “A Namorada que
Sonhei””, com Nilton Cesar. Eram músicas da minha época de noviço no rádio.
- Por Adalberto Pereira -
-o-o-o-o-o-o-o-
Nenhum comentário:
Postar um comentário