sexta-feira, 24 de abril de 2020

ACONTECEU DE VERDADE. - 18


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

35 - Em Campina Grande, onde chegamos lá pelos idos de 1950, residimos em várias rua e a primeira delas foi a Rua Liberdade. Depois seguiram outras como: Rua Paraguai, na Prata; Arrojado Lisboa; Av. Rio Branco, na Bela Vista; Rua Idelfonso Aires (Rua Estreita); Rua Coronel José Vicente; Rua Ceará; e Monte Santo.

Como vizinhos na Avenida Rio Branco dá para lembrar o Sr. Bruxelas, um udenista chato até demais e puxa-saco de Argemiro Figueiredo; D. Isaura, mãe do Irã e da Lourdes; do Sr. Zé Crente e Seu Silveira, pai do Fernando, um rapazinho adolescente e portador de uma deficiência mental.  Irã sempre ia brincar comigo e era o colega mais presente em nossa casa.

Na Rua Ceará, tivemos bons e inesquecíveis vizinhos: Seu Nicolau e d. Inacinha; Seu Cícero e d. Mariinha; Seu João Coveiro e d. Ambrozina, sem esquecer os amigos: Pedro, Zé e Antônio (Noca) Nicolau; Inácio (Pelado), Jurandir; Carminha; e Amariles que, segundo me disseram, foi para o Convento.

Na Rua Monte Santo, lembro os amigos Terezinha e Josemar; Zé Costa, Birino, Joãozinho, Maria do Carmo, Lurdinha, Titi e Bastinha, todos filhos de Seu Antônio de Gama e d. Cícera. Marina, Corina, Teté, Olívia, Antônio Correia e Nivaldo, eram os filhos do casal Seu Misael (funcionário do DNOCS) e d. Moça.

Mas a minha narrativa envolve mesmo os vizinhos do lado esquerdo. Era a casa de Bila, que servia de encontro dos jogadores do Vasco da Gama do Monte Santo. Era também a sede da Escola de Samba do clube e como tinha alguns instrumentos, nós gostávamos de cantar umas musiquinhas para animar o ambiente. Minha mãe ficava por conta com a minha presença alí.

Certo dia eu fui chamado pelo Bila e fiquei sabendo que no domingo seguinte a família estaria recebendo uma visita muito especial. Tratava-se de Zito Borborema, um cantor que sempre se apresentava nos programas da Rádio Borborema. Ele gostava de visitar os bairros da cidade, fazendo ele mesmo o seu trabalho de “marketing”. Não deixava de ser um momento histórico na vida daquela família.

D. Mercedes, cuja família não tinha a mínima condição de receber uma visita como aquela, procurou minha mãe para pedir alguns ingredientes. Eu ouvi quando ela confidenciou a minha mãe que tinha uma galinha que estava doente (com gôgo) e quase dando os últimos suspiros, mas que depois de bem temperada, nem daria para perceber e tudo seria resolvido. Ela nem percebeu que eu ouvira a “terrível” confissão.

Nesse dia, todos fizeram questão de  tomar um banho especial. Logo cedo eu já estava na casa do Bila para receber o Zito Borborema, o coitado que nem sabia que iria comer uma galinha moribunda, aliás, o único item patrocinado pela família.

Maurício e Carminha, os filhos do casal , não cansavam de obedecer as ordens, buscando nas casas vizinhas o que precisavam para o “pomposo” almoço. O arroz vinha de uma casa, o macarrão e o feijão de outra, a farinha e as verduras também eram doadas pelos vizinhos.

Muito educada, d. Mercedes, que tinha muito respeito à nossa família, ofereceu-me uma asa da galinha, para provar sua culinária. Sabendo da situação da sacrificada “penosa”, dei uma desculpa e agradeci a gentileza.

A chegada de Zito Borborema foi realmente um momento inusitado naquela casa. Quando o Táxi parou, todos correram para recepcionar o cantor, que não poupou uma “banquinha” de artista famoso. Na sala, os cumprimentos aos amigos da família. E lá estava eu abraçando o cara!

Foi o primeiro famoso que eu conheci pessoalmente e tive o prazer de abraçar. E como eu comentei o fato no colégio Alfredo Dantas, onde eu estudava! Teve colega que só acreditou quando minha mãe confirmou.

Fiquei sabendo que pelos anos de 80, ele conheceu o Pr. José Augusto, da Assembleia de Deus e se converteu, voltando a Campina Grande como membro daquela igreja no bairro de Jeremias, onde passou a residir.

OBS.: Zito Borborema, conhecido como o rei do xaxado,  nasceu em Taperoá e todos ficamos espantado quando soubemos por ele mesmo, que seu nome verdadeiro era Manoel Valdivino.

- Por Adalberto Pereira -

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PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

36 – Quando eu iniciei minha carreira como radialista, na Rádio Espinharas, em 1962, recebi de Luiz Pereira, por sugestão de José Augusto Longo da Silva, a incumbência de apresentar um programa musical, que começaria às 19:30, logo após a Voz do Brasil, que na época era apenas 30 minutos.

O programa tinha como título “Seu Pedido, Sua Música”. A seleção musical do primeiro programa foi feito por Amauri de Carvalho e a partir dele, os ouvintes escreveriam para a  emissora pedindo uma das música rodadas no programa anterior.

O segundo programa não recebeu uma carta sequer. Foi aí que eu perguntei ao Zé Augusto, como eu ia apresentar o programa, se não tinha nenhum pedido. Zé Longo olhou pra mim e com aquele jeito de quem já tem tudo sob controle, falou; - Cadê a relação de ontem? Eu entreguei e ele falou: - Diga um nome de um amigo seu! Eu disse um nome e ele mandou: - pronto! Você já tem o primeiro ouvinte!

E nós inventamos um monte de nome ouvintes. E assim eu apresentei o programa com nomes de pessoas que eu nunca pensei conhecer. No final do programa, Zé Augusto disse: - Pronto! Amanhã, se não tiver nenhuma carta, faça o mesmo e não atrapalhe mais a minha noite de namoro!

Foi a partir daí que eu aprendi o chamado “pulo do gato”, um termo usado para os momentos em que você não tinha assunto, mas criava um de última hora e jogava no ar como se o fato tivesse acontecido.

Na segunda semana do programa, as cartas eram tantas que eu já sentia dificuldades para atender a todas elas. O ouvinte era quem fazia o roteiro musical do programa. Muitas vezes eu deixava quase a metade dos pedidos para o programa seguinte. Lembro que uma das músicas mais solicitadas era “Amor Fingido”, com Silvinho.

O Zé Augusto não tolerava ouvir essa música. Uma noite, ele havia ficado na rádio até mais tarde e aproveitou para dar uma passadinha pelos estúdios. E foi justamente no momento em que eu anunciava Silvinho, com AMOR FINGIDO.

Zé Augusto sentou em uma cadeira que ficava ao lado da mesa de som e eu desconfiei que alguma coisa não estava normal. Zé Augusto ouvindo Amor Fingido!!! Quando a música acabou, ele me chamou e como se fosse fazer um discurso, pegou o disco, ergueu a mão e anunciou:

- Senhores! Neste momento vou fazer o solene lançamento de um dos maiores sucessos de Silvinho!  

Lançou o disco contra a parede  transformando-o em pedaços. Era um disco de cera, 78 rpm (rotações por minuto), com apenas duas músicas, uma de cada lado. Parece que a música do outro lado era “Quem É”, também muito solicitada.  Nunca mais se ouviu naquela época, “Amor Fingido” na Rádio Espinharas.

Outras músicas também eram muito solicitadas e as que não fogem da minha memória eram: “Amo-te” e “Tenho Ciúme de Tudo”, com Orlando Dias; “Quem eu Quero Não me Quer”, com Raul Sampaio;  e “Alguém me Disse”, com Anísio Silva.

Quem viveu aquela época talvez ainda lembre de músicas como “Boneca Cobiçada”, com Palmeira e Biá; “Fracasso”, com Núbia Lafayette; “Fujo de Ti”, com Waldick Soriano; “Espere um Pouco, um Pouquinho Mais” e “A Namorada que Sonhei””, com Nilton Cesar. Eram músicas da minha época de noviço no rádio.

- Por Adalberto Pereira -

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