COISAS
DE SOLDADO
No quartel, o soldado Pereira não era lá muito atento às instruções
recebidas. Até parecia que vivia no “mundo da lua”.
Em um dos momentos da chamada “ordem unida”, o 2º sargento Paulo, com a chatice que lhe era peculiar, perguntava os nomes de determinados equipamentos e quando alguém não acertava,
recebia uma tremenda bronca.
Ao chegar frente a frente com o Pereira, o exigente instrutor, apontou
para a cartucheira do recruta e perguntou:
- Como é o nome disso aí, soldado?
Imediatamente, Pereira respondeu:
- É uma CARCHUTEIRA, sargento!
O sargento já ia se afastando mas, ao ouvir a resposta, virou-se
rapidamente e vermelho de raiva, fixou o olhar severo no recruta e, parecendo que
ia engolir o colega, perguntou:
- É uma O QUÊ???
Outra vez sem vacilar, e mais eufórico ainda, pensando estar "abafando", Pereira respondeu:
- Uma CARCHUTEIRA, tenente!
Enraivecido e parecendo mais uma fera, sargento Paulo respondeu:
- Nem eu sou tenente e nem o nome disso é carchuteira, seu imbecil! Is so aí é uma CAR-TU-CHEI-RA! Entendeu, idiota???
Chato, bruto e ignorante que só ele mesmo, o sargento Paulo mandou que
ele saísse de forma e ficasse esperando sentado na calçada, até segunda ordem.
Mais ingênuo que irresponsável Pereira saiu de forma sorrindo, como se
estivesse recebendo um prêmio pela “excelente” e rápida resposta.
Momentos depois, o sargento Paulo mandou que o cabo Carlos conduzisse o
Pereira até o salão e que ficasse com ele até que este aprendesse dizer CARTUCHEIRA. Não sei dizer com muita certeza, mas, segundo me informaram, foram mais
de duas horas de incansáveis e seguidas tentativas.
Ansioso para saber o resultado da tarefa do cabo, o sargento Paulo foi
até o salão, abriu a porta e gritou com o seu jeito tradicional:
- E aí, cabo? Com o recruta se saiu?
Meio ofegante, o cabo respondeu:
- Demorou, mas o soldado já aprendeu dizer CARCHUTEIRA, sargento!
O resultado, eu nem quero arriscar! Cada um pense da maneira que lhe
convier!
(Por Adalberto Pereira)
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