terça-feira, 23 de julho de 2019

ACONTECE CADA UMA!!!


                                                 COISAS ESTRANHAS

Tem coisas que não devíamos contar, por se tratar de algo impossível para quem não acredita em fatos estranhos. Mas, se o fato aconteceu, por que não contá-lo, mesmo contrariando algumas pessoas?

No Batalhão de Serviços de Engenharia, em Campina Grande, onde servi lá pelos idos de 1960, contava-se a história de um tal “capitão sem cabeça”. Disseram-me que se tratava do um capitão que teve sua cabeça decepada num acidente com um Jeep do Exército.

Lá, no BSvE, mais precisamente no flanco esquerdo, existia um “cemitério de carros velhos”, onde podíamos encontrar sucatas de jeep e caminhões que foram muito úteis nas tarefas militares. Esses veículos (sem motores) eram colocados sobre tonéis e estacas resistentes.

Pois bem! Diziam os soldados mais antigos, que por volta da meia noite, as luzes dos referidos veículos acendiam e suas buzinas tocavam, mesmo sem existirem, o que enchia os soldados de medo. Chegaram a me dizer que os carros se deslocavam de seus lugares.

Certa noite, estávamos no alojamento, ao lado do Portão das Armas, local de acesso ao Batalhão, quando ouvimos um barulho estranhos. Rapidamente, fomos surpreendidos com a presença do Relacionador de Viaturas (*) que, ofegante, anunciava a presença de um soldado caído nas proximidades.

Corremos até o local (uns 20 metros de onde estávamos) e verificamos que se tratava do soldado Pimentel, que montava guarda no flanco esquerdo. Ele estava sem voz e pálido como um cadáver. Ninguém sabia o que havia acontecido, pois ele não falava e os olhos pareciam querer saltar daquele rosto amedrontado.

Conduzido à enfermaria do quartel, o colega só teve condições de falar dois dias depois. Foi aí que ele contou que um dos jeep do “cemitério dos carros velhos” havia acendido os faróis, ligado o motor e se deslocado do local onde estava há anos.

Até hoje, ninguém sabe se o jipe realmente se movimentou ou se não passou de uma reação do sistema emocional do colega, que já havia demonstrado em outras ocasiões ser bastante medroso. De toda forma, a carreira e o desmaio do colega não foi nada inventado. Eu mesmo testemunhei.

(*) RELACIONADOR DE VIATURAS era o soldado que ficava na entrada do quartel com uma prancheta anotando as viaturas que entravam e saiam, seus motoristas, sua quilometragem e seus destinos. Ele controlava saídas e entradas de todos os veículos.

(Por Adalberto Pereira)  -  Sd. CLAUDINO – 216

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