JORNALISTA OU JORNALEIRO?
EIS A QUESTÃO!
Dizer que o jornalismo
representa o quarto poder passou a ser algo muito perigoso, principalmente nos
dias atuais, quando a mídia se transformou em canal de interesses pessoais e
políticos. Podemos assegurar que 95 por cento dos que se dizem jornalistas, não
passam de mercenários bajuladores que sentam no colo dos poderosos ou de quem
paga melhor.
A imprensa, que antes era
orgulho para todos e gozava do respeito e da admiração de todos, transformou-se
em motivo de menosprezo e descrédito numa sociedade que clama por informações
sérias e imparciais capazes de levar até os ouvintes, leitores e
telespectadores os fatos reais de forma confiável. Esta mesma sociedade olha
com ironia os ostentadores de crachás, que pouco ou quase nada se identificam
com o seu conteúdo.
As redes sociais,
infelizmente, têm sido uma verdadeira “fábrica” de pseudos jornalistas, pessoas
sem a mínima capacidade para o exercício de uma profissão tão carente de
pessoas de caráter, revestidas de competência e donas de uma imparcialidade
inquestionável, “pedra fundamental” para a credibilidade popular. Nelas, os
picaretas se acomodam para dar ênfase à sua imaturidade profissional.
A culpa de tudo isso está em
empresários que abocanharam o direito de uma concessão irresponsável, recebendo
nas mãos uma empresa cujo objetivo é por eles desconhecido. São “endinheirados”
que nunca passaram nas calçadas de uma emissora de rádio ou televisão, que
nunca botaram um aviso nos classificados de um jornal, mas que, na ganância de
se promoverem, se travestiram de “jornalistas” e continuam sendo tratados como
tais.
Ser jornalista não é apenas
ser funcionário de uma empresa jornalística. Conheci um jovem que separava os
jornais para serem distribuídos pela cidade e mesmo assim, era tratado como “o
jornalista Fulano de Tal”. Fatos como
estes denigrem a verdadeira imagem de uma imprensa responsável e respeitada. E
o mundo jornalístico está repleto de pessoas assim.
O bom jornalista mostra os
dois lados da notícia. Sua principal função é manter uma sociedade bem
informada sobre os fatos que marcam o dia a dia de um país, de um Estado ou de
um município. O que passar disso é PICARETAGEM, incompetência moral, ética e
profissional.
INFORMAR é um verbo bem
diferente do BAJULAR. Aquele é próprio de jornalistas capazes de credibilidade
e respeito. Este nada mais é do que o “alimento apodrecido” de quem usa uma
profissão tão honrada para suprir suas necessidades e seus interesses pessoais.
A sociedade precisa diferenciar o picareta do bom profissional. Aliás, a
picaretagem está presente em todos os setores ativos de uma sociedade que se
curva e se fragiliza diante de falsas informações ou de informações
tendenciosas.
A Troca da verdade pela
mentira é o caminho mais fácil para falsos “jornalistas” alcançarem o
descrédito popular. Mas infelizmente isso muitas vezes respinga nos bons
profissionais. Os mercenários da comunicação estão soltos e caminhando a passos
largos em busca de novas “vítimas” chamadas ouvintes, leitores e
telespectadores.
Para a grande maioria dos
empresários, vale a pena investir em pessoas incompetentes. Elas se conformam
com quaisquer migalhas. Enquanto isso, os bons profissionais, substituídos
pelos inconsequentes, estão “batendo de porta em porta” subjugando-se à
humilhação, à indiferença e ao desrespeito dos aproveitadores da fraqueza
humana.
Fui assessor dos prefeitos
Edimilson Mota e Rivaldo Medeiros, homens que abominavam bajulações e evitavam os
bajuladores. Não foram poucas as vezes em que Edimilson Mota mudava de assunto
quando alguém começava a tecer-lhe elogios. Eles sabiam da minha índole e não
esperavam de mim elogios pessoais. Foi muito bom trabalhar com os dois.
Certa vez, a pedido do
deputado Múcio Sátyro, fui entrevistar o então ministro Ernani Sátyro. Ao
chegar a sua residência, ele quis saber a respeito das perguntas da entrevista.
Eu disse que não fazia entrevistas seguindo “questionários” e que as perguntas
surgiam de acordo com as respostas. Senti que ele não gostou, mas mesmo assim
concedeu a entrevista. E ele era o dono da rádio.
O que vemos no jornalismo
atual são perguntas sediciosas, que levam os entrevistados a reações brutais. Eles têm razão, pois no
lugar deles eu faria o mesmo. O bom repórter não procura prejudicar o seu
entrevistado, mas fazer com que ele responda de forma a convencer a sociedade
da veracidade dos fatos. Isso é profissionalismo. O que passar disso é ardil
para prejudicar alguém.
Quem já assistiu as
reportagens do Roberto Cabrini, teve diante de si um jornalista da mais alta
competência. Ele não elogia os seus entrevistados. Suas perguntas são diretas e
contundentes. Ele olha os seus entrevistados nos olhos, uma forma de saber se
eles mentem ou falam a verdade. Repórter que elogia seus entrevistados é um
medroso, um covarde. Elogiar não é função de um bom jornalista.
Eu comparo o jornalista ao
árbitro de futebol: eles têm suas convicções políticas e esportivas (faz parte
dos direitos individuais), mas elas jamais deverão estar presentes no exercício
de suas funções.
O jornalista não deixa de
ser um cidadão comum, mas precisa deixar de lado as suas paixões
político-partidárias e mostrar o lado da verdade.
O árbitro não deixa de ser
um cidadão comum, mas as suas paixões esportivas não devem estar presentes no
exercício de suas funções como árbitro. Ter ideologias é um direito do cidadão,
mas estas não devem se fazer presente em momentos inoportunos.
Um locutor, por exemplo, não
tem que se justificar aos seus ouvintes, dizendo que naquele dia está
indisposto, pois passou a noite em branco, com problemas de saúde. Se não tem
condições, fique em casa ou vá para o hospital. Os ouvintes querem um locutor
alegre e descontraído, pronto a transmitir o que há de melhor como profissional
e não um coitado carente de piedade.
Nos meus 30 anos como
radialista e tendo passagens por oito emissoras diferentes, conheci bons e
péssimos jornalistas. Com eles convivi, mesmo sentindo as dificuldades de
conviver com elementos tão nocivos à profissão. Ficava pasmado diante da falta
de respeito à profissão. E agiam assim como se nada de mal estivesse
acontecendo. Mesmo irritado, nada podia fazer.
Talvez você esteja
perguntando a si mesmo por que eu estou fazendo denúncias tão desastrosas. A
minha revolta não é algo de agora. Ela vem de longos anos e está revestida de
verdades que muitos, ou talvez uma grande maioria desconhece. A imprensa
despencou ladeira abaixo até alcançar a sua mais trágica realidade.
Tornou-se incompetente e perdeu a credibilidade.
A desunião no meio
jornalístico é algo impressionante. Em Cajazeiras, na Paraíba, eu fui proibido
pela Direção da Difusora Rádio Cajazeiras de visitar as dependências da Rádio
Alto Piranhas. Não levei a proibição a sério e fui conhecer os colegas da
concorrente. Eu não fui contratado para comprar e nem protagonizar a briga
entre as duas empresas. Fui repreendido, mas estava feliz por não comungar com
aquele desastroso comportamento.
Convido você a fazer um
paralelo entre os jornais veiculados nas principais redes de televisão
brasileiras. Sugiro escolher uma notícia onde o protagonista seja o governo
federal. Grave a mesma notícia no SBT, na Bandeirantes, na Record, na Globo e
Rede TV. Faça uma avaliação. Certamente você vai ficar perplexo diante das
diversidades nos conteúdos e, consequentemente, descobrirá qual Departamento de
Jornalismo é o mais e o menos confiável; o sério e o tendencioso; o parcial e o
imparcial.
O interesse financeiro dos
meios de comunicação está levando empresas ao desespero moral, ético e
profissional. Acostumados a mamatas e viciados na exploração dos governos, os
veículos de comunicação se desvinculam da probidade comercial e partem para
perseguições pessoais. Isso nada mais é do que o submundo da imprensa brasileira.
Junto a tudo isso está o que
chamamos de jornalismo tendencioso, cada vez mais proliferado pela
subserviência e pela mediocridade daqueles que se orgulham e até fazem questão
de serem deprimentes. Eles se envaidecem de “roubarem” os espaços que deveriam
ser ocupados por jornalistas competentes, profissionais comprometidos em manter
bem informada uma sociedade que se enoja do quadro que já se acostumou a ser
obrigada a tolerar.
Enquanto tivermos
jornalistas antiéticos, desprovidos de personalidade ao ponto de serem vendidos
pelas “esmolas” dos interesseiros, a nossa confiança na imprensa brasileira fica
cada vez mais enfraquecida. A estrutura moral dos petulantes integrantes deste
grupo de indesejáveis mensageiros das inverdades se aproxima de forma rápida e
brutal do abismo apodrecido pronto a recepcionar os incompetentes.
- Por Adalberto Pereira -
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