segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O FALSO E O VERDADEIRO JORNALISTA

 

                               JORNALISTA OU JORNALEIRO? EIS A QUESTÃO!

Dizer que o jornalismo representa o quarto poder passou a ser algo muito perigoso, principalmente nos dias atuais, quando a mídia se transformou em canal de interesses pessoais e políticos. Podemos assegurar que 95 por cento dos que se dizem jornalistas, não passam de mercenários bajuladores que sentam no colo dos poderosos ou de quem paga melhor.

A imprensa, que antes era orgulho para todos e gozava do respeito e da admiração de todos, transformou-se em motivo de menosprezo e descrédito numa sociedade que clama por informações sérias e imparciais capazes de levar até os ouvintes, leitores e telespectadores os fatos reais de forma confiável. Esta mesma sociedade olha com ironia os ostentadores de crachás, que pouco ou quase nada se identificam com o seu conteúdo.

As redes sociais, infelizmente, têm sido uma verdadeira “fábrica” de pseudos jornalistas, pessoas sem a mínima capacidade para o exercício de uma profissão tão carente de pessoas de caráter, revestidas de competência e donas de uma imparcialidade inquestionável, “pedra fundamental” para a credibilidade popular. Nelas, os picaretas se acomodam para dar ênfase à sua imaturidade profissional.

A culpa de tudo isso está em empresários que abocanharam o direito de uma concessão irresponsável, recebendo nas mãos uma empresa cujo objetivo é por eles desconhecido. São “endinheirados” que nunca passaram nas calçadas de uma emissora de rádio ou televisão, que nunca botaram um aviso nos classificados de um jornal, mas que, na ganância de se promoverem, se travestiram de “jornalistas” e continuam sendo tratados como tais.

Ser jornalista não é apenas ser funcionário de uma empresa jornalística. Conheci um jovem que separava os jornais para serem distribuídos pela cidade e mesmo assim, era tratado como “o jornalista Fulano de Tal”.  Fatos como estes denigrem a verdadeira imagem de uma imprensa responsável e respeitada. E o mundo jornalístico está repleto de pessoas assim.

O bom jornalista mostra os dois lados da notícia. Sua principal função é manter uma sociedade bem informada sobre os fatos que marcam o dia a dia de um país, de um Estado ou de um município. O que passar disso é PICARETAGEM, incompetência moral, ética e profissional.

INFORMAR é um verbo bem diferente do BAJULAR. Aquele é próprio de jornalistas capazes de credibilidade e respeito. Este nada mais é do que o “alimento apodrecido” de quem usa uma profissão tão honrada para suprir suas necessidades e seus interesses pessoais. A sociedade precisa diferenciar o picareta do bom profissional. Aliás, a picaretagem está presente em todos os setores ativos de uma sociedade que se curva e se fragiliza diante de falsas informações ou de informações tendenciosas.

A Troca da verdade pela mentira é o caminho mais fácil para falsos “jornalistas” alcançarem o descrédito popular. Mas infelizmente isso muitas vezes respinga nos bons profissionais. Os mercenários da comunicação estão soltos e caminhando a passos largos em busca de novas “vítimas” chamadas ouvintes, leitores e telespectadores.

Para a grande maioria dos empresários, vale a pena investir em pessoas incompetentes. Elas se conformam com quaisquer migalhas. Enquanto isso, os bons profissionais, substituídos pelos inconsequentes, estão “batendo de porta em porta” subjugando-se à humilhação, à indiferença e ao desrespeito dos aproveitadores da fraqueza humana.

Fui assessor dos prefeitos Edimilson Mota e Rivaldo Medeiros, homens que abominavam bajulações e evitavam os bajuladores. Não foram poucas as vezes em que Edimilson Mota mudava de assunto quando alguém começava a tecer-lhe elogios. Eles sabiam da minha índole e não esperavam de mim elogios pessoais. Foi muito bom trabalhar com os dois.

Certa vez, a pedido do deputado Múcio Sátyro, fui entrevistar o então ministro Ernani Sátyro. Ao chegar a sua residência, ele quis saber a respeito das perguntas da entrevista. Eu disse que não fazia entrevistas seguindo “questionários” e que as perguntas surgiam de acordo com as respostas. Senti que ele não gostou, mas mesmo assim concedeu a entrevista. E ele era o dono da rádio.

O que vemos no jornalismo atual são perguntas sediciosas, que levam os entrevistados a  reações brutais. Eles têm razão, pois no lugar deles eu faria o mesmo. O bom repórter não procura prejudicar o seu entrevistado, mas fazer com que ele responda de forma a convencer a sociedade da veracidade dos fatos. Isso é profissionalismo. O que passar disso é ardil para prejudicar alguém.

Quem já assistiu as reportagens do Roberto Cabrini, teve diante de si um jornalista da mais alta competência. Ele não elogia os seus entrevistados. Suas perguntas são diretas e contundentes. Ele olha os seus entrevistados nos olhos, uma forma de saber se eles mentem ou falam a verdade. Repórter que elogia seus entrevistados é um medroso, um covarde. Elogiar não é função de um bom jornalista.

Eu comparo o jornalista ao árbitro de futebol: eles têm suas convicções políticas e esportivas (faz parte dos direitos individuais), mas elas jamais deverão estar presentes no exercício de suas funções.  

O jornalista não deixa de ser um cidadão comum, mas precisa deixar de lado as suas paixões político-partidárias e mostrar o lado da verdade.

O árbitro não deixa de ser um cidadão comum, mas as suas paixões esportivas não devem estar presentes no exercício de suas funções como árbitro. Ter ideologias é um direito do cidadão, mas estas não devem se fazer presente em momentos inoportunos.

Um locutor, por exemplo, não tem que se justificar aos seus ouvintes, dizendo que naquele dia está indisposto, pois passou a noite em branco, com problemas de saúde. Se não tem condições, fique em casa ou vá para o hospital. Os ouvintes querem um locutor alegre e descontraído, pronto a transmitir o que há de melhor como profissional e não um coitado carente de piedade.

Nos meus 30 anos como radialista e tendo passagens por oito emissoras diferentes, conheci bons e péssimos jornalistas. Com eles convivi, mesmo sentindo as dificuldades de conviver com elementos tão nocivos à profissão. Ficava pasmado diante da falta de respeito à profissão. E agiam assim como se nada de mal estivesse acontecendo. Mesmo irritado, nada podia fazer.

Talvez você esteja perguntando a si mesmo por que eu estou fazendo denúncias tão desastrosas. A minha revolta não é algo de agora. Ela vem de longos anos e está revestida de verdades que muitos, ou talvez uma grande maioria desconhece. A imprensa despencou ladeira abaixo até alcançar a sua mais trágica realidade. Tornou-se  incompetente  e perdeu a credibilidade.

A desunião no meio jornalístico é algo impressionante. Em Cajazeiras, na Paraíba, eu fui proibido pela Direção da Difusora Rádio Cajazeiras de visitar as dependências da Rádio Alto Piranhas. Não levei a proibição a sério e fui conhecer os colegas da concorrente. Eu não fui contratado para comprar e nem protagonizar a briga entre as duas empresas. Fui repreendido, mas estava feliz por não comungar com aquele desastroso comportamento.

Convido você a fazer um paralelo entre os jornais veiculados nas principais redes de televisão brasileiras. Sugiro escolher uma notícia onde o protagonista seja o governo federal. Grave a mesma notícia no SBT, na Bandeirantes, na Record, na Globo e Rede TV. Faça uma avaliação. Certamente você vai ficar perplexo diante das diversidades nos conteúdos e, consequentemente, descobrirá qual Departamento de Jornalismo é o mais e o menos confiável; o sério e o tendencioso; o imparcial e o parcial.

O interesse financeiro dos meios de comunicação está levando empresas ao desespero moral, ético e profissional. Acostumados a mamatas e viciados na exploração dos governos, os veículos de comunicação se desvinculam da probidade comercial e partem para perseguições pessoais. Isso nada mais é do que o submundo da imprensa brasileira.

Junto a tudo isso está o que chamamos de jornalismo tendencioso, cada vez mais proliferado pela subserviência e pela mediocridade daqueles que se orgulham e até fazem questão de serem deprimentes. Eles se envaidecem de “roubarem” os espaços que deveriam ser ocupados por jornalistas competentes, profissionais comprometidos em manter bem informada uma sociedade que se enoja do quadro que já se acostumou a ser obrigada a tolerar.

Enquanto tivermos jornalistas antiéticos, desprovidos de personalidade ao ponto de serem vendidos pelas “esmolas” dos interesseiros, a nossa confiança na imprensa brasileira fica cada vez mais enfraquecida. A estrutura moral dos petulantes integrantes deste grupo de indesejáveis mensageiros das inverdades se aproxima de forma rápida e brutal do abismo apodrecido pronto a recepcionar os incompetentes.

- Por Adalberto Pereira -

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