segunda-feira, 27 de setembro de 2021

TRAIÇÃO NÃO VALE A PENA!

                                            A TRAIÇÃO ANDA DE LAMBRETA.

Ele era funcionário da Rede Ferroviária Federal. Um esposo exemplar; um pai presente e amoroso; um profissional honrado, querido e respeitado por todos. Gostava de cinema e não perdia um sábado à noite no Cine El Dorado, principalmente quando se tratava de um bom faroeste.

Ela, uma bela e ainda nova mulher, “rainha do lar” e mãe de uma filha tão bela quanto a própria mãe. Ao contrário do marido, preferia ficar em casa cuidando da filha, apesar dos insistentes convites feitos por ele para acompanha-lo ao cinema.

Foram vários sábados sempre seguindo a mesma rotina. O porteiro do cinema já o conhecia e sua presença passou a ser algo tão regular que se viesse a faltar um dia, já seria motivo de surpresa para os funcionários do cinema da Pedro Firmino.

É aí que surge um coadjuvante na história. O nome não interessa. Aliás, ninguém nunca chegou a saber. Se ele estragou a rotina do nosso personagem principal, a culpa não é nossa. Afinal, sem ele a história não teria acontecido.

Fofoqueiro ou não, o coadjuvante achou por bem fazer um alerta ao nosso personagem principal. Esperou que ele saísse do cinema, chamou-o em um canto reservado e falou:

- Não me leve a mal! Mas, depois de muito pensar, resolvi fazer-lhe uma revelação: todas as vezes que você vem ao cinema, um bancário vai para sua casa e para ocupar o lugar que deveria ser somente seu.

O funcionário da RFF ficou paralisado diante do que ouvira daquele cara estranho, mas que sabia de fatos envolvendo a sua intimidade familiar, que ele desconhecia. O impacto não poderia ser pior! E o coadjuvante prosseguiu:

- Se você quiser confirmar o que estou dizendo, podemos fazê-lo no próximo sábado. Para não levantar suspeitas, não altere o seu comportamento em casa e aja como se não soubesse de nada. Você topa ficar diante da verdade?

O nosso personagem principal concordou. E no sábado, lá estavam os dois, na esquina da Prefeitura Municipal, de onde conseguiam ver todo movimento nas imediações do cine El Dorado. O coadjuvante observou:

- Veja! Aquela lambreta estacionada no canteiro é do cara. Ele está esperando você entrar no cinema, vai esperar uns vinte minutos e vai tomar o rumo de sua casa. Agora vá, compre o seu ingresso e entre normalmente. Eu entrarei logo em seguida.

Dito e feito! Primeiro entrou o nosso personagem. Em seguida, o nosso coadjuvante. Enquanto isso, o “urso” olhava os cartazes como se estivesse interessado em algum filme. Minutos depois, ouve-se o motor da lambreta.

- Pronto - disse o coadjuvante – vamos tomar um taxi e chegaremos no momento cruciante para você. Você vai precisar de muito controle emocional para a cena que vai presenciar.

Os dois chegaram, o nosso personagem notou     que a lambreta estava escondida entre o jardim e a parede da casa. Ele meteu a chave na porta, abriu lentamente e se dirigiu para o quarto do casal. A cena foi estarrecedora. O bancário e a esposa traidora estavam como vieram ao mundo. O marido traído sacou o revólver, apontou para os dois e pediu que o coadjuvante fosse no mesmo taxi e levasse o juiz e o delegado.

Não sei como ele conseguiu, mas lá estava ele com o Dr. Magalhães e o delegado Ludgero. Os três chegaram e ao presenciar a dolorosa cena, o delegado mandou que ele guardasse a arma, enquanto o Dr. Magalhães convocava a esposa traidora a comparecer ao Fórum na segunda-feira.

Resolvida a situação, o marido traído jogou sobre o corpo da mulher um valor insignificante apenas suficiente para leva-la até Natal, onde moravam os pais da traidora. Perdida e soluçando, ela olha para o “urso” bancário e brada:

- E agora, Fulano? O que nós vamos fazer? Agora eu sói tenho você!

Vestindo-se e olhando para sua amante, o bancário responde ironicamente:

- Nós??? E você pensa que eu vou assumir a responsabilidade? Se você fez o que fez com seu marido, o que não fará comigo? Te manda, mulher! Cai fora da minha vida!

Saiu dali imediatamente, pegou a lambreta e se mandou!

Dizem que na segunda-feira o Dr. Magalhães, juiz da Comarca de Patos, anulou o casamento do casal.

A mulher traidora foi embora para Natal, onde moravam os pais,  e o marido traído continuou suas atividades da RFN, em Patos. Não sei dizer com quem ficou a filha do casal. Especula-se que ela havia ficado com o pai.

- Por Adalberto Pereira –

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