DESARME-SE!
A arma é um instrumento
usado para ataque e defesa. Por isso, ela tem sido motivo de distorcidas
opiniões. Uma pessoa pode ser desarmada por um sorriso, pela meiguice, por uma
palavra equilibrada, por uma ação educada, e até mesmo pela beleza de uma
mulher ou de um homem.
São várias as formas de
interpretarmos a palavra desarmamento. Um amigo meu, ao falar sobre a sua nova
namorada, fez-me ver que aquele namoro era mesmo pra valer. “Ela me desarmou
por completo, com sua beleza e com o seu jeitinho meigo!”. Então a meiguice é
um instrumento de desarme.
Um amigo de faculdade, ao
comentar com vários colegas o roubo de um dos livros mais importantes de sua
biblioteca, disse que o ladrão cometera um crime imperdoável. Ele se sentia, a
partir daquele momento, como um soldado desarmado num campo de batalha. Nesse
caso, o livro pode ser uma arma necessária.
O general Santos Cruz disse
que “o Estado foi criminoso quando desarmou o cidadão sem condições de desarmar
o bandido”. Se o povo brasileiro soubesse que a Lei do desarmamento estaria
restrita ao cidadão de caráter, com certeza, não teria optado por este ato
criminoso dos nossos frágeis representantes no Congresso Nacional.
Infelizmente eu sou obrigado
a concordar com o general, uma vez que, desarmar um cidadão idôneo, honesto,
trabalhador e respeitado, deixando em poder de elementos de alta
periculosidade, armas de grossos calibres, é assinar o termo de comprometimento
com o crime organizado. E isso, infelizmente, muitos sabem fazer com grande
maestria.
O imperativo “DESARME-SE!”,
enfraqueceu quem deveria ser fortalecido e fortaleceu quem deveria ser
enfraquecido, ou seja, os inimigos da paz e do respeito ao patrimônio alheio.
Prova disso está no alto índice de criminalidade. As investidas praticadas
contra pessoas indefesas, marcadas pela impotência física, só não incomodam os
que adotaram bandidos como peças de alto valor aquisitivo.
Um cidadão ligado à nossa
família viajava com a família, quando foi abordado por uma blitz. O policial
perguntou se ele conduzia alguma arma e ele disse que não. Mas o policial viu
um facão e disse: - O senhor sabe que isso é uma arma? Imediatamente ele disse
que aquilo não era uma arma e sim instrumento de trabalho. Olhando nos olhos do
cidadão, o policial disse que aquilo
matava. Sem pensar duas vezes, o amigo respondeu: - nesse caso a chave de rodas
também é uma arma, pois mata bem mais rápido do que o facão.
Pensando mais atentamente na
afirmativa de que uma chave de rodas também mata, chegaremos à conclusão óbvia
de que tudo aquilo que mata é uma arma, com a diferença apenas de como as
autoridades policiais consideram a mais ou a menos perigosa, bem como o ser ou
não ser.
Desarmar uma população vai
muito mais além do explicado na lei. A condução ou a posse de uma arma de fogo
por um cidadão que precisa defender a sua integridade física e da sua família,
foge de quaisquer necessidades de questionamento.
Na ansiedade de invadir um
patrimônio alheio, disposto a tudo para subtrair os bens materiais de suas
vítimas, o bandido pensaria muitas vezes antes de colocar em prática a sua
perversa e criminosa ideia. As penitenciárias não mais seriam vítimas das tão
criticadas superlotações. Os altos volumes de processos nas mesas de juízes e
promotores declinariam para um índice digno de louvores.
E o que dizer das bombas
caseiras e as dinamites tão bem usadas nos assaltos e nos incêndios ao
patrimônio público? Serão elas armas perigosas, ou não ocupam lugar de destaque
no vasto rol dos ceifadores de vidas inocentes? Como, então desarmar os seus
fabricantes?
Cidadãos! Desarmem-se!
Fragilizem-se! Ajoelhem-se! Os desordeiros e desbravadores da criminalidade
estão cada vez mais fortalecidos pelos políticos que nós elegemos pensando em
tê-los como verdadeiros defensores da nossa soberania. Ostentando distintivos
de organizações criminosas, eles invadiram os lugares antes reservados aos
verdadeiros representantes do povo brasileiro.
Cidadãos, desarmem-se do
direito à cidadania; desarmem-se do direito à uma educação de qualidade;
desarmem-se do direito a uma segurança pública de qualidade; desarmem-se do
direito a uma assistência médico-odontológica de primeiro mundo. Desarmem-se de
tudo aquilo que a Constituição mentirosa lhe dá direito.
Desarmem-se do sonho de ter
uma justiça digna do seu respeito; desarmem-se do sonho de confiar nos que
sujam as togas com a podridão de suas ações criminosas; desarmem-se, cidadãos,
da esperança de ter um país onde poderão bater com a mão no peito e dizer:
ORGULHO DE SER BRASILEIRO!
(Por Adalberto Pereira)
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