quarta-feira, 3 de julho de 2019

EDITORIAL DA VIDA


RECORDANDO PARA VIVER MELHOR 

Quem esquece o passado não vive o presente nem sonha com o futuro. O passado sempre será importante para que possamos corrigir os erros cometidos e não repeti-los no presente. Dizem que errar é humano, mas permanecer no erro é diabólico. Outros chegam a dizer com muita ênfase que permanecer no erro é burrice. Na verdade, de uma forma ou de outra, não mostra ser inteligente quem continua  errando.

Um amigo meu conheceu uma jovem que parecia ser um presente de Deus. Namoraram, noivaram e casaram. Ela o traiu com seu melhor amigo. Tentando vencer a decepção, partiu para outra. Conversando animadamente com os colegas, disse ter, finalmente, encontrado a mulher de sua vida. Namoraram, noivaram e casaram. Alguns meses depois ela o traiu. Anos depois, encontrei-o feliz da vida dizendo não recordar o passado, para não voltar a sofrer.

Como a vida é repleta de contradições, conheço pessoas que fazem questão de reviver o passado para viverem mais felizes. Dizer que o passado fora cem por cento de momentos felizes, não condiz com uma realidade vivida por todos os seres viventes. O meu amigo que fora traído duas vezes que o diga. Uma colega de colégio, quando eu ainda era adolescente, disse que as alegrias do passado, quando lembradas, podem ser um “antídoto” para as decepções do presente.

Quando criança, sempre ouvia do meu pai as histórias interessantes dos momentos felizes por ele vividos. Lembrava o tempo em que fazia parte da banda de música do 15º Regimento de Infantaria, em João Pessoa. Ele fazia questão de contar-me suas aventuras em Santa Rita. Eram tão bem contadas as suas histórias que eu pensava estar vivendo aqueles momentos. Valia a pena vê-lo feliz ao lembrar o passado.

Os anos passaram e o presente chegava com fatos não muito agradáveis: as mortes do meu tio e da minha avó paterna antecederam a perda da minha mãe, que veio muitos anos depois. Hoje, eu tenho certeza de que, se vivo estivesse, meu pai não contaria aos seus netos, com a mesma alegria, esses três acontecimentos desagradáveis que marcaram o seu passado. Com certeza, ele nem gostaria de recordá-los.

Se resolvêssemos realizar uma pesquisa, perguntando a algumas pessoas quais os fatos que marcaram  suas infâncias, as repostas seriam bastante variadas, mas também muito engraçadas. Se a mesma pergunta fosse feita, levando-se em consideração fatos da adolescência, as respostas seriam diferentes, mas talvez não muito interessantes.

Muitos vivem melhor sem lembrar o passado. Para estes, seria bem melhor se  ele nem tivesse existido. Mas há quem diga que o passado traz boas lembranças. Na Praça da Bengala, um local onde se reuniam os sexagenários patoenses, os assuntos nos chamavam a atenção. Como era agradável vê-los rindo ao lembrarem suas artimanhas do passado. Certamente, para eles, as recordações traziam muitas felicidades.

Mas não podemos deixar de registrar conversas entre pessoas que fazem do presente trampolim para um futuro feliz. Ouvindo um grupo de garotas que se reuniam para tomar sorvetes, na sorveteria Tchan, o que me chamou a atenção foi a certeza que elas demonstravam quanto ao futuro. Uma delas chegou a dizer: “se meu futuro for 50% igual ao presente, já me dou por satisfeita!”. As demais chegaram a aplaudi-la.

Eu prefiro viver o presente para viver melhor. Mas isso não  tira de mim o direito de recordar os momentos felizes do meu passado, que não deixa de ser bastante oscilante quanto às alegrias e às decepções. Muito amado pelos meus pais e vitorioso em algumas aventuras, não posso reclamar da minha infância e nem lamentar a minha mocidade. Graças a Deus, fiz muitas coisas agradáveis e esforço-me para não repetir aquelas que não fariam de mim o bom exemplo para meus filhos.

(Por Adalberto Pereira)
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