PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
23 - Entre os muitos colegas que guardo na lembrança, dos meus tempos de
estudante no Colégio Estadual Pedro Aleixo, em Patos, um merece destaque.
Trata-se de José de Arimatéia, a quem chamávamos carinhosamente de “Tetéia”.
Ele integrava, assim como eu, a banda marcial Monsenhor Manoel Vieira.
Arimatéia conseguia bater "surdo" e errar o passo. Marcos Maia, nosso
instrutor, tentou por diversas vezes, fazer com que ele acompanhasse a batida
forte do "surdo" com o pé direito. Não teve êxito e preferiu deixar como estava.
Até o professor José Carlos, que ajudava o Marcos na árdua tarefa, arriscou uma
ajudinha, sem sucesso.
Bem! Mas o Arimatéia também aprontava nas aulas. Certa vez, uma
professora (não lembro o nome), mandou que fizéssemos uma redação falando a
respeito de William Shakespeare, autor
do romance Romeu e Julieta. Todos ficaram apavorados, menos o “Tetéia”, que não
entendera bem o nome do personagem mencionado pela professora.
A sala inteira parou para acompanhar a tranquilidade de Arimatéia no
desenrolar da redação. Foram alguns minutos de euforia por parte de Arimatéia e
de perplexidade por parte da turma. Como eu conhecia bem o drama de Romeu e
Julieta, fiz uma “enrolada” e escrevi algumas linhas (só para não passar em
branco), o suficiente para não ficar sem nota.
O silêncio profundo em que mergulhara a classe foi quebrado com uma
pergunta de impacto feita pelo Arimatéia. Chamando a atenção de todos, ele
bradou:
- Alguém, por acaso, sabe o nome daquela rua onde ele mora?
- Ele quem? – perguntou alguém, com ar de admiração.
- Ora! O professor Chico Pires! – respondeu ingenuamente o “Tetéia”.
A pergunta deixou a professora de “queixo caído”. Depois de alguns segundos,
toda a classe deu uma gostosa gargalhada, deixando o colega sem graça.
Foi então que descobrimos o porquê da facilidade com que o colega
desenrolava o assunto: ele havia entendido Chico Pires (*), em lugar de Shakespeare.
(*) Chico Pires era um professor de Português, bastante conhecido na
cidade de Patos e que lecionava no Colégio Cristo Rei.
- Por Adalberto Pereira –
-o-o-o-o-o-o-o-
PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
24 – Meu pai sempre foi um cidadão que se vestia bem. Funcionário da
Fundição Vulcano, do Sr. Luiz Rodrigues, em Campina Grande, ele investia bem o
dinheiro que ganhava. Para isso, não
cansava de fazer horas extras no serviço. Até as joias de minha mãe eram de ouro
legítimo e suas roupas de linho puro.
Um dos melhores do Estado em sua profissão, ele era sempre chamado para
montar fundições em outras cidades. Conhecido como “Seu” Barreira, apelido
herdado do seu irmão Severino, meu pai era muito respeitado. Nunca mostrou
dificuldades para realizar um trabalho e costumava dizer: - O que um homem faz
que eu não faço?
Certa vez, ele foi convidado para fazer um trabalho numa fundição na
cidade de Arapiraca, no Estado de Alagoas. Para chegar com moral, ele foi de
terno e gravata, com apenas uma bolsa preta de lado. Ele me dizia que o profissional devia se
apresentar bem para mostrar o seu valor e não chegar em “traje de apaga-fogo”,
termo que usava para definir uma pessoa desleixada.
Mas ele não sabia a reação que iria causar na cidade devido a sua
elegância. Ao descer do ônibus, notou
que à proporção em que passava pela rua principal da cidade, as casas
comerciais iam “cerrando” suas portas, fato este que o deixou bastante
espantado. Ainda quis parar para perguntar a alguém o que estava acontecendo,
mas preferiu seguir o seu caminho.
Ao chegar no local indicado, foi muito bem recebido pelo proprietário.
Foi aí que ele contou o que havia acontecido com a sua chegada à cidade. O
proprietário da fundição deu uma risadinha e disse:
- Mestre! Com essa elegância toda, os comerciantes pensaram que o senhor
fosse um Fiscal do Governo, que veio à cidade cobrar impostos. Meu pai jamais pensara em ser confundido com uma pessoa tão "temida" na época.
Depois de saberem que se tratava de uma pessoa que vinha fazer um
trabalho na fundição da cidade, os comerciantes foram abrindo as portas e o comércio
voltou à sua normalidade.
- Por Adalberto Pereira –
-o-o-o-o-o-o-o-
Nenhum comentário:
Postar um comentário