segunda-feira, 16 de março de 2020

ACONTECEU DE VERDADE - 12


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

23 - Entre os muitos colegas que guardo na lembrança, dos meus tempos de estudante no Colégio Estadual Pedro Aleixo, em Patos, um merece destaque. Trata-se de José de Arimatéia, a quem chamávamos carinhosamente de “Tetéia”. Ele integrava, assim como eu, a banda marcial Monsenhor Manoel Vieira.

Arimatéia conseguia bater "surdo" e errar o passo. Marcos Maia, nosso instrutor, tentou por diversas vezes, fazer com que ele acompanhasse a batida forte do "surdo" com o pé direito. Não teve êxito e preferiu deixar como estava. Até o professor José Carlos, que ajudava o Marcos na árdua tarefa, arriscou uma ajudinha, sem sucesso.

Bem! Mas o Arimatéia também aprontava nas aulas. Certa vez, uma professora (não lembro o nome), mandou que fizéssemos uma redação falando a respeito de William Shakespeare,  autor do romance Romeu e Julieta. Todos ficaram apavorados, menos o “Tetéia”, que não entendera bem o nome do personagem mencionado pela professora.

A sala inteira parou para acompanhar a tranquilidade de Arimatéia no desenrolar da redação. Foram alguns minutos de euforia por parte de Arimatéia e de perplexidade por parte da turma. Como eu conhecia bem o drama de Romeu e Julieta, fiz uma “enrolada” e escrevi algumas linhas (só para não passar em branco), o suficiente para não ficar sem nota.

O silêncio profundo em que mergulhara a classe foi quebrado com uma pergunta de impacto feita pelo Arimatéia. Chamando a atenção de todos, ele bradou:

- Alguém, por acaso, sabe o nome daquela rua onde ele mora?

- Ele quem? – perguntou alguém, com ar de admiração.

- Ora! O professor Chico Pires! – respondeu ingenuamente o “Tetéia”.

A pergunta deixou a professora de “queixo caído”. Depois de alguns segundos, toda a classe deu uma gostosa gargalhada, deixando  o colega sem graça.

Foi então que descobrimos o porquê da facilidade com que o colega desenrolava o assunto: ele havia entendido Chico Pires (*),  em lugar de Shakespeare.

(*) Chico Pires era um professor de Português, bastante conhecido na cidade de Patos e que lecionava no Colégio Cristo Rei.

- Por Adalberto Pereira –

                                  -o-o-o-o-o-o-o-

PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

24 – Meu pai sempre foi um cidadão que se vestia bem. Funcionário da Fundição Vulcano, do Sr. Luiz Rodrigues, em Campina Grande, ele investia bem o dinheiro que ganhava.  Para isso, não cansava de fazer horas extras no serviço. Até as joias de minha mãe eram de ouro legítimo e suas roupas de linho puro.

Um dos melhores do Estado em sua profissão, ele era sempre chamado para montar fundições em outras cidades. Conhecido como “Seu” Barreira, apelido herdado do seu irmão Severino, meu pai era muito respeitado. Nunca mostrou dificuldades para realizar um trabalho e costumava dizer: - O que um homem faz que eu não faço?

Certa vez, ele foi convidado para fazer um trabalho numa fundição na cidade de Arapiraca, no Estado de Alagoas. Para chegar com moral, ele foi de terno e gravata, com apenas uma bolsa preta de lado.  Ele me dizia que o profissional devia se apresentar bem para mostrar o seu valor e não chegar em “traje de apaga-fogo”, termo que usava para definir uma pessoa desleixada.

Mas ele não sabia a reação que iria causar na cidade devido a sua elegância.  Ao descer do ônibus, notou que à proporção em que passava pela rua principal da cidade, as casas comerciais iam “cerrando” suas portas, fato este que o deixou bastante espantado. Ainda quis parar para perguntar a alguém o que estava acontecendo, mas preferiu seguir o seu caminho.

Ao chegar no local indicado, foi muito bem recebido pelo proprietário. Foi aí que ele contou o que havia acontecido com a sua chegada à cidade. O proprietário da fundição deu uma risadinha e disse:

- Mestre! Com essa elegância toda, os comerciantes pensaram que o senhor fosse um Fiscal do Governo, que veio à cidade cobrar  impostos. Meu pai jamais pensara em ser confundido com uma pessoa tão "temida" na época.

Depois de saberem que se tratava de uma pessoa que vinha fazer um trabalho na fundição da cidade, os comerciantes foram abrindo as portas e o comércio voltou à sua normalidade.

- Por Adalberto Pereira –

                                      -o-o-o-o-o-o-o-

Nenhum comentário:

Postar um comentário