PARECE IMPOSSÍVEL, MAS
ACONTECEU.
29 – A Rádio Espinharas, por
onde eu tive três passagens, sendo a primeira em 1962, é uma rádio que
gerou e ainda gera muitas histórias;
umas engraçadas, outras nem tanto. Algumas deles nem podem ser contadas.
Pessoas como Seu Zacarias,
Odísia Wanderley e Corina, são algumas das muitas personagens inspiradoras para
narrativas surpreendentes. Seu Zacarias era um religioso que colocava a cadeira
na entrada da emissora e, de joelhos, acompanhava as missas da Matriz,
transmitidas pelos seus potentes alto falantes.
Corina, apaixonada pelo
colega Francisco Tomaz de Brito, sempre foi fiel ao seu grande amor, levando
para ele o café da manhã, o almoço e o jantar. Também lhe presenteava com
roupas e perfumes. Ele, que não pagava um cafezinho pra ninguém, aproveitava
muito bem as “dádivas” da sua apaixonada “cinderela”. Para não pagar aluguel,
vivia num quarto no prédio da Rádio, que lhe foi cedido pelo Pe. Assis.
Odísia, apaixonada pelo
Roberto Rack, treinador do Esporte Clube de Patos, ficava encantada quando ele
cantava para ela as mais belas canções de Nat King Cole. Com o seu português
meio atrapalhado, provocava sorriso das pessoas quando a chamava de “minha
amor”! Quando eu queria ganhar uma carteira de Minister da Odísia, bastava
elogiar o Rack como treinador.
Dizinha ou Diza, como
muitos de nós carinhosamente a chamávamos,
gostava de saborear uma cervejinha, principalmente quando o seu amado passava
uns dias nas Guianas Francesas, sua terra natal. Quando ela passava dos limites
no consumo, os colegas a escondiam no banheiro feminino, para fugir das
possíveis repreensões do Pe. Constante.
Pe. Constante era um
verdadeiro galã e chegava a chamar a atenção das mocinhas da cidade. Ele era
cuidadosamente tratado por uma bela jovem enfermeira do Hospital da cidade.
Pelo menos, quanto a problemas de saúde ele estava muito bem assistido. E como
ela gostava da Rádio Espinharas! Algumas pessoas chegaram até a me perguntar se
ela era enfermeira da rádio. Ah se fosse!!!
Isso até me faz lembrar do
tempo do Maurício Brasilino Leite, quando nós e a nossa família (parentes de
primeiro grau), tínhamos a assistência médica garantida. Era o tempo em que os
funcionários da emissora eram respeitados. O nome do médico contratado pela Rádio Espinharas, se não me falha a memória, era Francisco Fonseca.
- Por Adalberto Pereira -
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PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
30 - Tem coisas que não devíamos contar, por se tratar de algo
impossível para quem não acredita em fatos estranhos. Mas, se o fato aconteceu,
por que não contá-lo, mesmo contrariando algumas pessoas?
No Batalhão de Serviços de Engenharia, em Campina Grande, onde servi lá
pelos idos de 1960, contava-se a história de um tal “capitão sem cabeça”.
Disseram-me que se tratava do um capitão que teve sua cabeça decepada num
acidente com um Jeep do Exército.
Lá, no BSvE, mais precisamente no flanco esquerdo, existia um “cemitério
de carros velhos”, onde podíamos encontrar sucatas de jeeps e caminhões que
foram muito úteis nas tarefas militares. Esses veículos (sem motores e pneus) eram
colocados sobre tonéis e/ou estacas resistentes.
Pois bem! Diziam os soldados mais antigos, que por volta da meia noite,
as luzes dos referidos veículos acendiam e suas buzinas tocavam, mesmo sem
existirem, o que enchia os soldados de medo. Chegaram a me dizer que os carros
se deslocavam de seus lugares.
Certa noite, estávamos no alojamento, ao lado do Portão das Armas, local
de acesso ao Batalhão, quando ouvimos um barulho estranho. Rapidamente, fomos
surpreendidos com a presença do Relacionador de Viaturas (*) que, ofegante, anunciava
a presença de um soldado caído nas proximidades.
Corremos até o local (uns 20 metros de onde estávamos) e verificamos que
se tratava do soldado Pimentel, que montava guarda no flanco esquerdo. Ele
estava sem voz e pálido como um cadáver. Ninguém sabia o que havia acontecido,
pois ele não falava e os olhos pareciam querer saltar daquele rosto
amedrontado.
Conduzido à enfermaria do quartel, o colega só teve condições de falar
dois dias depois. Foi aí que ele contou que um dos jeeps do “cemitério dos
carros velhos” havia acendido os faróis, ligado o motor e se deslocado do local
onde estava há anos.
Até hoje, ninguém sabe se o jipe realmente se movimentou ou se não
passou de uma reação do sistema emocional do colega, que já havia demonstrado
em outras ocasiões ser bastante medroso. De toda forma, a carreira e o desmaio
do colega não foi nada inventado. Eu mesmo testemunhei.
(*) RELACIONADOR DE VIATURAS era o soldado que ficava na entrada do
quartel com uma prancheta anotando as viaturas que entravam e saiam do quartel,
seus motoristas, sua quilometragem e seus destinos. Ele controlava saídas e
entradas dos veículos.
(Por Adalberto Pereira) - Sd. CLAUDINO – 216
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