sexta-feira, 27 de março de 2020

ACONTECEU DE VERDADE. - 15


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

29 – A Rádio Espinharas, por onde eu tive três passagens, sendo a primeira em 1962, é uma rádio que gerou  e ainda gera muitas histórias; umas engraçadas, outras nem tanto. Algumas deles nem podem ser contadas.

Pessoas como Seu Zacarias, Odísia Wanderley e Corina, são algumas das muitas personagens inspiradoras para narrativas surpreendentes. Seu Zacarias era um religioso que colocava a cadeira na entrada da emissora e, de joelhos, acompanhava as missas da Matriz, transmitidas pelos seus potentes alto falantes.

Corina, apaixonada pelo colega Francisco Tomaz de Brito, sempre foi fiel ao seu grande amor, levando para ele o café da manhã, o almoço e o jantar. Também lhe presenteava com roupas e perfumes. Ele, que não pagava um cafezinho pra ninguém, aproveitava muito bem as “dádivas” da sua apaixonada “cinderela”. Para não pagar aluguel, vivia num quarto no prédio da Rádio, que lhe foi cedido pelo Pe. Assis.

Odísia, apaixonada pelo Roberto Rack, treinador do Esporte Clube de Patos, ficava encantada quando ele cantava para ela as mais belas canções de Nat King Cole. Com o seu português meio atrapalhado, provocava sorriso das pessoas quando a chamava de “minha amor”! Quando eu queria ganhar uma carteira de Minister da Odísia, bastava elogiar o Rack como treinador.

Dizinha ou Diza, como muitos  de nós carinhosamente a chamávamos, gostava de saborear uma cervejinha, principalmente quando o seu amado passava uns dias nas Guianas Francesas, sua terra natal. Quando ela passava dos limites no consumo, os colegas a escondiam no banheiro feminino, para fugir das possíveis repreensões do Pe. Constante.

Pe. Constante era um verdadeiro galã e chegava a chamar a atenção das mocinhas da cidade. Ele era cuidadosamente tratado por uma bela jovem enfermeira do Hospital da cidade. Pelo menos, quanto a problemas de saúde ele estava muito bem assistido. E como ela gostava da Rádio Espinharas! Algumas pessoas chegaram até a me perguntar se ela era enfermeira da rádio. Ah se fosse!!!

Isso até me faz lembrar do tempo do Maurício Brasilino Leite, quando nós e a nossa família (parentes de primeiro grau), tínhamos a assistência médica garantida. Era o tempo em que os funcionários da emissora eram respeitados. O nome do médico contratado pela Rádio Espinharas, se não me falha a memória, era Francisco Fonseca.

- Por Adalberto Pereira - 

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PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

30 - Tem coisas que não devíamos contar, por se tratar de algo impossível para quem não acredita em fatos estranhos. Mas, se o fato aconteceu, por que não contá-lo, mesmo contrariando algumas pessoas?

No Batalhão de Serviços de Engenharia, em Campina Grande, onde servi lá pelos idos de 1960, contava-se a história de um tal “capitão sem cabeça”. Disseram-me que se tratava do um capitão que teve sua cabeça decepada num acidente com um Jeep do Exército.

Lá, no BSvE, mais precisamente no flanco esquerdo, existia um “cemitério de carros velhos”, onde podíamos encontrar sucatas de jeeps e caminhões que foram muito úteis nas tarefas militares. Esses veículos (sem motores e pneus) eram colocados sobre tonéis e/ou estacas resistentes.

Pois bem! Diziam os soldados mais antigos, que por volta da meia noite, as luzes dos referidos veículos acendiam e suas buzinas tocavam, mesmo sem existirem, o que enchia os soldados de medo. Chegaram a me dizer que os carros se deslocavam de seus lugares.

Certa noite, estávamos no alojamento, ao lado do Portão das Armas, local de acesso ao Batalhão, quando ouvimos um barulho estranho. Rapidamente, fomos surpreendidos com a presença do Relacionador de Viaturas (*) que, ofegante, anunciava a presença de um soldado caído nas proximidades.

Corremos até o local (uns 20 metros de onde estávamos) e verificamos que se tratava do soldado Pimentel, que montava guarda no flanco esquerdo. Ele estava sem voz e pálido como um cadáver. Ninguém sabia o que havia acontecido, pois ele não falava e os olhos pareciam querer saltar daquele rosto amedrontado.

Conduzido à enfermaria do quartel, o colega só teve condições de falar dois dias depois. Foi aí que ele contou que um dos jeeps do “cemitério dos carros velhos” havia acendido os faróis, ligado o motor e se deslocado do local onde estava há anos.

Até hoje, ninguém sabe se o jipe realmente se movimentou ou se não passou de uma reação do sistema emocional do colega, que já havia demonstrado em outras ocasiões ser bastante medroso. De toda forma, a carreira e o desmaio do colega não foi nada inventado. Eu mesmo testemunhei.

(*) RELACIONADOR DE VIATURAS era o soldado que ficava na entrada do quartel com uma prancheta anotando as viaturas que entravam e saiam do quartel, seus motoristas, sua quilometragem e seus destinos. Ele controlava saídas e entradas dos veículos.

(Por Adalberto Pereira)  -  Sd. CLAUDINO – 216

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