quinta-feira, 19 de março de 2020

ACONTECEU DE VERDADE - 13


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

25 – Severino Alves Siqueira, de saudosa memória, foi um amigo que Deus colocou na minha vida para somar-se ao grande número de outros respeitáveis amigos do meu vasto ciclo de amizade.

Casado com d. Olindina, residia na rua Felizardo Leite, onde recebia os amigos com respeito e alegria, sempre com o tratamento de “amiguinho”. Na época eu morava na Travessa Pedro II, por trás da casa dele e sempre que podia, ia visitá-los.

Siqueira, como eu gostava de chamá-lo, era comerciante instalado na Felizardo Leite e cujo armazém tinha de arroz a pirolito. Manuel era o seu motorista e confidente. Daqueles chamados de “faz de tudo”. Seu jipe servia para conduzir mercadorias e para transportar eleitores de Edivaldo Motta nos tempos de campanha eleitorais.

Na época, os comerciantes costumavam fazer suas compras em Campina Grande e para isso tinha um motorista de muita confiança, em cujo caminhão Chevrolet transportava as mercadorias, muitas  sem Nota Fiscal). Como ele conseguia passar pela fiscalização, só Deus sabe! Se não me falha a memória, seu nome era Milton. E um dos seus fregueses era o próprio Severino Siqueira.

A Coletoria Estadual estava instalada na Rua Pedro Firmino, próximo ao Mercado Modelo. Lá havia um coletor muito temido pelos comerciantes. Era daqueles que não perdoam nem a própria mãe. Podemos dizer que era o “terror” dribladores dos tributos. Se eu disser que Siqueira conseguiu ludibriá-lo, vocês perguntarão: - como isso foi possível? Eu estava lá no momento e vou contar como tudo aconteceu!

Milton descarregou na calçada do armazém umas caixas de sabão (em barra) que Siqueira havia comprado (sem nota fiscal) em Campina Grande. A caminhoneta preta da Coletoria parou no local e dela desceu o famigerado coletor. O diálogo:

O COLETOR: - Boa tarde, Severino! Cadê a Nota Fiscal desse sabão?

SIQUEIRA: - Manuel!!! Você ainda não foi entregar esse sabão de “Fulano”? (vou omitir o nome do comerciante).

Ao mesmo tempo se virou para o coletor dizendo que aquela mercadoria, que nem sabia o que era, fora colocada ali por engano e que ela pertencia ao citado comerciante. Enquanto ele falava, Manuel (muito bem orientado), pegava caixa por caixa e colocava no jipe.

Sabendo que o coletor iria até o citado comerciante para tirar “prova” da história, Siqueira não pensou duas vezes. Ligou imediatamente para o amigo, que confirmou ser o proprietário da mercadoria.

Manoel deu uma volta pelas imediações e depois de algum tempo retornou com a mercadoria e imediatamente levou-a para o depósito, colocando-a num lugar seguro.

Como se nada tivesse acontecido e com uma calma inacreditável, olhou para mim e disse; - É, amiguinho, o Governo já tem dinheiro demais. Se a gente não fizer assim tá ferrado (e caiu na risada).

OBS.: Milton era de tanta confiança que muitos comerciantes nem iam à Campina Grande. Entregavam o dinheiro e ele resolvia tudo. Vale salientar que não eram todos os comerciantes de Patos que compravam sem Nota Fiscal!

- Por Adalberto Pereira –

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PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

26 - Antônio Palmeira era um cidadão respeitado pela sua inteligência e pela responsabilidade ao encarar uma situação. Residente na Capital pernambucana, ele sempre recebia os amigos patoenses que visitavam a “Veneza Brasileira”. Beca Palmeira, nosso personagem, sempre ia a Recife para visitar o irmão e passar alguns dias curtindo a bela metrópole pernambucana.

Em uma dessas viagens, ao fazer sua costumeira visita ao comércio, Seu Du, como era conhecido o Beca, viu numa das lojas de eletroeletrônicos, um rádio portátil, a coqueluche da época. Ele ficou empolgado com o rádio. Tomou-o nas mãos, olhou por todos os lados, sintonizou algumas emissoras e, chamando o vendedor perguntou o preço! - Custa cinquenta cruzeiros, senhor, respondeu o rapaz.

Ele agradeceu e saiu da loja pensando como conseguiria adquirir aquele objeto. Olhando de frente, no lado oposto da loja, viu uma panificadora. Atravessou a avenida e, ao chegar no local perguntou se eles faziam pastéis sob encomenda. Com a resposta positiva, perguntou por quanto ficaria cem pastéis: - custam cem cruzeiros, moço! Respondeu o funcionário. Veio então a “jogada” de seu Du:

- é que minha sobrinha está aniversariando hoje e vamos dar uma festinha surpresa. Cada parente ficou responsável para levar os salgadinhos, o bolo e as bebidas. Pra mim, couberam os pastéis. Mas eu quero para as três horas, pois o aniversário será às quatro.

Tudo certo! Minutos depois, ele estava de volta à loja, para concretizar a compra do rádio. Chamou o vendedor e perguntou se ele conhecia o rapaz da pastelaria:

- Sim, nós o conhecemos! Somos muito amigos – respondeu o vendedor. Foi aí que seu Du deu o golpe fatal.

É que eu tenho cem cruzeiros para receber daquela pastelaria, de uns produtos que vendi e queria saber se você fazia questão de receber os cinquenta cruzeiros deles. Daqui mesmo eu falo com ele confirmando! Pode ser? O rapaz não pensou duas vezes: - Pois não! Pode confirmar!
Com um assovio, ele chamou a atenção do funcionário da pastelaria e gritou:

- Escuta aí, garoto! Daqueles cem, entregue cinquenta a este moço (apontou para o vendedor). Do outro lado, o pasteleiro fez um sinal de positivo e o negócio foi fechado.

Imediatamente, o vendedor fez a entrega do produto e Seu Du saiu avenida afora, com o rádio debaixo do braço, feliz da vida. Dali mesmo, ele seguiu direto para a rodoviária de onde tomou o ônibus com destino a Patos.

Enquanto isso,  pontualmente, às três horas, um funcionário da pastelaria chegava à loja com cinquenta pastéis empacotados. Foi aí que eles, o pasteleiro e o vendedor, descobriram o golpe do qual foram vítimas.

O resultado de tudo isso eu prefiro deixar a critério de cada um dos leitores!

- Por Adalberto Pereira -

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