PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
42 – Durante muitos anos fui árbitro de futebol, integrando o quadro
arbitral da Liga Patoense de Futebol, gestão de Juracy Dantas de Souza, e Liga
Petrolinense de Futebol, gestão de Vinícius de Santana. Ao todo, foram mais de
doze anos de atividade.
Mas tudo começou de uma casualidade, ou necessidade, podemos assim
dizer. Em companhia de Juracy Dantas, fui assistir a um jogo no Bairro do
Jatobá. Um dos times era o Espinharas, sob o comando do saudoso e muito
respeitado Donato da Peixada. Os dois times já estavam para entrar em campo,
mas não tinha um juiz para apitar o jogo. Foi aí que Juracy perguntou se eu não
poderia “quebrar o galho”. Eu aceitei e me sai tão bem que fui imediatamente
convidado pelo próprio Juracy para fazer parte do quadro de árbitro da L. P. F.
Comprei um Livro “Regras do Futebol” e o “devorei” como se devora uma
macarronada. A L. P. F. contratou um árbitro da Federação Paraibana de Futebol
para dar aulas teóricas, envolvendo regras e algumas decisões que deveriam ser
tomadas pelos árbitros para manter o “equilíbrio” das partidas.
Sinceramente, fui um aluno muito dedicado. Queria estar entre os
melhores. Vários foram os testes, até chegar à primeira partida oficial, pelo
Campeonato Amador da cidade. A primeira chance foi no chamado Torneio Início,
competição que envolvia todos os times que disputariam o campeonato da
temporada.
A Liga contava com bons árbitros, entre eles: Silvaneto Firmino, Mário
Leitão, Paulo de Tarso, Dimas Alexandrino, Anchieta, Paulo Cesar, Coremas,
Geraldo Carlos e Geraldo Geraldino. Fui contemplado com uma medalha como o
melhor juiz daquela competição, escolha feita por uma equipe selecionada e
integrada por pessoas ligadas aos clubes filiados àquela Entidade.
Certo dia, fui procurado pelo Presidente Juracy Dantas para me informar
que eu fora indicado pela Diretoria do Nacional Atlético Clube, para apitar um
amistoso que aquele clube faria com o Treze de Campina Grande, no Estádio
Municipal José Cavalcanti.
Fiquei deveras surpreso! Tremi nos alicerces e pensei lá com os meus
botões: Eu! Apitando um jogo de Nacional e Treze? Aquele pensamento perdurou
dentro de mim até dois dias antes da competição. Eu, apesar de surpreso, não
fiquei nervoso.
Dia do jogo! Cheguei ao Estádio e, ao entrar fui abordado pelos
Diretores do Nacional, Dr. Romero Abdon da Nóbrega e Antônio de Lavour que, ao
lado de um dos Diretores do Treze, pediram que eu não expulsasse nenhum jogador
das duas equipes,
Disseram eles que o jogo teria Borderô, exigido pela Federação Paraibana
e qualquer anormalidade registrada naquele documento poderia prejudicar as duas
equipes que, no domingo seguinte teriam compromissos pelo Campeonato Paraibano.
O Treze enfrentaria o Campinense e o Nacional, o Guarabira.
Sem entender a mudança, Joselito Lucena pediu que seu repórter de campo procurasse
explicações sobre a mudança na arbitragem. Para não comprometer as Diretorias
eu disse apenas que eles procurassem o Presidente da Liga Patoense de Futebol,
que ele daria as devidas explicações. Não sei qual a justificativa do Juracy.
Eles queriam que, havendo algumas jogadas violentas, eu deveria pedir
que o treinador substituísse o atleta violento. Eu não aceitei a proposta e fui substituído imediatamente pelo colega
Geraldo Geraldino, que seria um dos meus auxiliares.
Mas, apesar de ter concordado, Geraldo não cumpriu o acordo e acabou
expulsando dois jogadores do Treze, causando grande revolta, até mesmo pela
Diretoria do Nacional.
O fato teve repercussão em todo o Estado, depois que os cronistas
esportivos das rádios de Campina Grande e os jornais campinenses publicaram
severas críticas ao colega. Ele foi até acusado de ter prejudicado o Treze que
perdera para o Campinense, seu arquirrival, por 2 X 1, no domingo seguinte.
A grande verdade é que esse tipo de acordo não vale para quem pretende
cumprir com rigor as 17 regras do Futebol. É claro que existem aqueles que
maculam o nome do bom árbitro, deixando-se levar pelo poder econômico que tiram
a beleza e as emoções do esporte das multidões.
- Por Adalberto Pereira -
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