sábado, 30 de maio de 2020

ACONTECEU DE VERDADE - 22


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.  

42 – Durante muitos anos fui árbitro de futebol, integrando o quadro arbitral da Liga Patoense de Futebol, gestão de Juracy Dantas de Souza, e Liga Petrolinense de Futebol, gestão de Vinícius de Santana. Ao todo, foram mais de doze anos de atividade.

Mas tudo começou de uma casualidade, ou necessidade, podemos assim dizer. Em companhia de Juracy Dantas, fui assistir a um jogo no Bairro do Jatobá. Um dos times era o Espinharas, sob o comando do saudoso e muito respeitado Donato da Peixada. Os dois times já estavam para entrar em campo, mas não tinha um juiz para apitar o jogo. Foi aí que Juracy perguntou se eu não poderia “quebrar o galho”. Eu aceitei e me sai tão bem que fui imediatamente convidado pelo próprio Juracy para fazer parte do quadro de árbitro da L. P. F.

Comprei um Livro “Regras do Futebol” e o “devorei” como se devora uma macarronada. A L. P. F. contratou um árbitro da Federação Paraibana de Futebol para dar aulas teóricas, envolvendo regras e algumas decisões que deveriam ser tomadas pelos árbitros para manter o “equilíbrio” das partidas.

Sinceramente, fui um aluno muito dedicado. Queria estar entre os melhores. Vários foram os testes, até chegar à primeira partida oficial, pelo Campeonato Amador da cidade. A primeira chance foi no chamado Torneio Início, competição que envolvia todos os times que disputariam o campeonato da temporada.

A Liga contava com bons árbitros, entre eles: Silvaneto Firmino, Mário Leitão, Paulo de Tarso, Dimas Alexandrino, Anchieta, Paulo Cesar, Coremas, Geraldo Carlos e Geraldo Geraldino. Fui contemplado com uma medalha como o melhor juiz daquela competição, escolha feita por uma equipe selecionada e integrada por pessoas ligadas aos clubes filiados àquela Entidade.

Certo dia, fui procurado pelo Presidente Juracy Dantas para me informar que eu fora indicado pela Diretoria do Nacional Atlético Clube, para apitar um amistoso que aquele clube faria com o Treze de Campina Grande, no Estádio Municipal José Cavalcanti.

Fiquei deveras surpreso! Tremi nos alicerces e pensei lá com os meus botões: Eu! Apitando um jogo de Nacional e Treze? Aquele pensamento perdurou dentro de mim até dois dias antes da competição. Eu, apesar de surpreso, não fiquei nervoso.

Dia do jogo! Cheguei ao Estádio e, ao entrar fui abordado pelos Diretores do Nacional, Dr. Romero Abdon da Nóbrega e Antônio de Lavour que, ao lado de um dos Diretores do Treze, pediram que eu não expulsasse nenhum jogador das duas equipes,

Disseram eles que o jogo teria Borderô, exigido pela Federação Paraibana e qualquer anormalidade registrada naquele documento poderia prejudicar as duas equipes que, no domingo seguinte teriam compromissos pelo Campeonato Paraibano. O Treze enfrentaria o Campinense e o Nacional, o Guarabira.

Sem entender a mudança, Joselito Lucena pediu que seu repórter de campo procurasse explicações sobre a mudança na arbitragem. Para não comprometer as Diretorias eu disse apenas que eles procurassem o Presidente da Liga Patoense de Futebol, que ele daria as devidas explicações. Não sei qual a justificativa do Juracy.

Eles queriam que, havendo algumas jogadas violentas, eu deveria pedir que o treinador substituísse o atleta violento. Eu não aceitei a proposta  e fui substituído imediatamente pelo colega Geraldo Geraldino, que seria um dos meus auxiliares.

Mas, apesar de ter concordado, Geraldo não cumpriu o acordo e acabou expulsando dois jogadores do Treze, causando grande revolta, até mesmo pela Diretoria do Nacional.

O fato teve repercussão em todo o Estado, depois que os cronistas esportivos das rádios de Campina Grande e os jornais campinenses publicaram severas críticas ao colega. Ele foi até acusado de ter prejudicado o Treze que perdera para o Campinense, seu arquirrival, por 2 X 1, no domingo seguinte.

A grande verdade é que esse tipo de acordo não vale para quem pretende cumprir com rigor as 17 regras do Futebol. É claro que existem aqueles que maculam o nome do bom árbitro, deixando-se levar pelo poder econômico que tiram a beleza e as emoções do esporte das multidões.

- Por Adalberto Pereira -

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