A APOSTA DE PEDRO MALAZARTE
05 - Talvez você ainda se lembre da história de Pedro Malazarte, contada
por meu pai e reprisada por mim, aqui, no Face. Pois bem! Meu pai também me
contou outra peraltice daquele sujeito cheio de artimanhas.
Pois bem! Depois de vender a frigideira “mágica” aos dois viajantes,
Pedro Malazarte seguiu o seu caminho, sempre em busca de novas aventuras.
Depois de andar por algum tempo, ele avistou ao longe uma fazenda.
Aproximou-se e deu de encontro com um dos capatazes, a quem perguntou se
ali não havia serviço para um homem disposto a trabalhar. O empregado o conduziu
até a presença do patrão, um homem rígido e meio ignorante.
De início, o fazendeiro não se mostrou muito interessado, mas a mulher,
demonstrando piedade, aconselhou-o a ajudar aquele “forasteiro”. Educadamente,
Malazarte se inclinou em agradecimento à ”madame”.
Com aquele jeito de homem da roça, seu Hermógenes, o proprietário da
fazenda, mandou que Malazarte fosse cuidar dos patos, animais por quem o patrão
tinha um carinho inexplicável. Logo cedo, sua obrigação era levar os patos para
um poço, onde controlava a “natação” dos mesmos.
Muito comunicativo, Pedro
Malazarte fez amizade com todos os empregados da fazenda e ganhou a confiança
de d. Amélia, a mulher do patrão. Dias depois, ele ficou sabendo pelos
empregados que o patrão era muito bruto, e não pensava duas vezes para
descarregar sua brutalidade naquele que o desafiasse.
Os dias passaram e Pedro Malazarte sempre fiel pontual no cumprimento de
sua obrigação. Numa certa noite, no alojamento, os companheiros desafiaram o
Malazarte para uma aposta. Ele deveria desacatar o patrão de forma que este não
o agredisse. E o Pedro topou!
Caso ele conseguisse a proeza, todos passariam para Malazarte os
salários daquele mês. Caso contrário, além das chicotadas do patrão, Malazarte
perderia para cada um deles os seus salários (seriam cinco meses sem salários).
Tudo certo.
Veio a manhã e lá estava o Pedro Malazarte, com uma varinha tocando nos
patos e fazendo-os nadar em círculo. O patrão se aproxima. Notando que o patrão
vai em sua direção, Pedro, propositadamente, mostra-se relaxado, ao que o
patrão aos gritos pergunta:
- O que o senhor está fazendo, seu Pedro?
Era isso que Pedro queria. Ele se levanta rapidamente e sob os olhares
dos companheiros, cutuca os patos gritando:
- Nada, safado! Nada, nojento!
O patrão, enraivecido, grita ainda mais alto:
- Eu estou perguntando o que você
tá fazendo, seu Pedro!
E Pedro, muito mais alto ainda, e sempre olhando para os patos, continua
gritando:
- Nada, safado! Eu num já disse! Nada, seu nojento!
O patrão, vendo que o Pedro não lhe dá ouvidos, sai irritado, balançando
a cabeça, batendo com o chicote na perna e resmungando algum impropério, que
ninguém conseguia entender.
E assim, além de chamar por várias vezes o patrão de safado e nojento,
Pedro Malazarte ainda ganhou os salários dos cinco companheiros, que até hoje
não entendem como ele conseguiu desafiar o patrão sem ser vítima das suas
dolorosas chicotadas.
Esta foi uma das muitas histórias que meu pai me contou no meu tempo de
criança. Ela está com uma nova redação, mas sem fugir da originalidade dos fatos.
- Por Adalberto Pereira –
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