sexta-feira, 22 de maio de 2020

AS HISTÓRIAS QUE MEU PAI ME CONTAVA


A APOSTA DE PEDRO MALAZARTE  

05 - Talvez você ainda se lembre da história de Pedro Malazarte, contada por meu pai e reprisada por mim, aqui, no Face. Pois bem! Meu pai também me contou outra peraltice daquele sujeito cheio de artimanhas.
Pois bem! Depois de vender a frigideira “mágica” aos dois viajantes, Pedro Malazarte seguiu o seu caminho, sempre em busca de novas aventuras. Depois de andar por algum tempo, ele avistou ao longe uma fazenda.

Aproximou-se e deu de encontro com um dos capatazes, a quem perguntou se ali não havia serviço para um homem disposto a trabalhar. O empregado o conduziu até a presença do patrão, um homem rígido e meio ignorante.

De início, o fazendeiro não se mostrou muito interessado, mas a mulher, demonstrando piedade, aconselhou-o a ajudar aquele “forasteiro”. Educadamente, Malazarte se inclinou em agradecimento à ”madame”.
Com aquele jeito de homem da roça, seu Hermógenes, o proprietário da fazenda, mandou que Malazarte fosse cuidar dos patos, animais por quem o patrão tinha um carinho inexplicável. Logo cedo, sua obrigação era levar os patos para um poço, onde controlava a “natação” dos mesmos.

Muito comunicativo,  Pedro Malazarte fez amizade com todos os empregados da fazenda e ganhou a confiança de d. Amélia, a mulher do patrão. Dias depois, ele ficou sabendo pelos empregados que o patrão era muito bruto, e não pensava duas vezes para descarregar sua brutalidade naquele que o desafiasse.

Os dias passaram e Pedro Malazarte sempre fiel pontual no cumprimento de sua obrigação. Numa certa noite, no alojamento, os companheiros desafiaram o Malazarte para uma aposta. Ele deveria desacatar o patrão de forma que este não o agredisse. E o Pedro topou!

Caso ele conseguisse a proeza, todos passariam para Malazarte os salários daquele mês. Caso contrário, além das chicotadas do patrão, Malazarte perderia para cada um deles os seus salários (seriam cinco meses sem salários). Tudo certo.

Veio a manhã e lá estava o Pedro Malazarte, com uma varinha tocando nos patos e fazendo-os nadar em círculo. O patrão se aproxima. Notando que o patrão vai em sua direção, Pedro, propositadamente, mostra-se relaxado, ao que o patrão aos gritos pergunta:

- O que o senhor está fazendo, seu Pedro?

Era isso que Pedro queria. Ele se levanta rapidamente e sob os olhares dos companheiros, cutuca os patos gritando:

- Nada, safado! Nada, nojento!

O patrão, enraivecido, grita ainda mais alto:

- Eu estou  perguntando o que você tá fazendo, seu Pedro!

E Pedro, muito mais alto ainda, e sempre olhando para os patos, continua gritando:

- Nada, safado! Eu num já disse! Nada, seu nojento!

O patrão, vendo que o Pedro não lhe dá ouvidos, sai irritado, balançando a cabeça, batendo com o chicote na perna e resmungando algum impropério, que ninguém conseguia entender.

E assim, além de chamar por várias vezes o patrão de safado e nojento, Pedro Malazarte ainda ganhou os salários dos cinco companheiros, que até hoje não entendem como ele conseguiu desafiar o patrão sem ser vítima das suas dolorosas chicotadas.

Esta foi uma das muitas histórias que meu pai me contou no meu tempo de criança. Ela está com uma nova redação, mas sem fugir da  originalidade dos fatos.

- Por Adalberto Pereira –

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