PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
43 – Minha atuação como árbitro de futebol durou cerca de doze anos. O
começo foi em Patos, na Liga Patoense de Futebol; depois, em Petrolina, prestei
meus serviços à Liga Petrolinense de Futebol. O encerramento foi em Araripina,
na Liga Araripinense de Futebol.
Cheguei a ser Vice-Presidente na gestão Mário Lemos, em Patos, e Diretor
do Departamento de Arbitragem em Patos e Araripina. Muitos foram os desafios,
acompanhados de erros e acertos. Em todas as Ligas eu procurei trabalhar com
dignidade, colocando a imparcialidade acima de tudo.
Nunca fui daqueles árbitros hipócritas que dizem não ter seu time de
coração e inventam um time de várzea para desviar a atenção de alguns. Eu
sempre tive e sempre terei. Sou Vascaíno declarado e Nacionalino por convicção.
Mas essas minhas preferências jamais chegaram a interferir nas minhas atuações
como árbitro. Quem acompanhou os meus trabalhos sabe bem disso.
Trabalhei como bandeirinha no jogo entre Nacional de Patos e Vasco da
Gama do Rio de Janeiro. Fui xingado pela torcida vascaína todas as vezes que
marcava impedimento do ataque cruzmaltino. Eles queriam que por ser vascaíno,
eu não marcasse as irregularidades do clube carioca.
Certa vez fui escalado pelo Presidente Juracy Dantas para atuar como
juiz central no jogo entre Nacional e Charme, pelo campeonato amador da cidade
de Patos. Como sempre fazia, meu almoço foi balanceada, seguido por um bom
descanso sob a sombra de uma mangueira, ouvindo Strauss.
Segui para o Estádio, preparado física e psicologicamente para o grande
jogo. Ao chegar ao José Cavalcanti, fui surpreendido quando o Sr. Elizardo
Crispim, diretor (dono) do Charme, disse que não jogaria se eu fosse o árbitro,
pois todos sabiam que eu era nacionalino.
O problema só foi resolvido com a chegada de Juracy Dantas, que tentou
de várias formas fazer com que o dono do Charme de opinião. Então Juracy propôs
que se fizesse um sorteio, que foi aceito pelos Elizardo e pelo Bastinho.
O presidente da Liga escreveu em três papéis, os nomes dos três árbitros
escalados para o jogo. Misturados os ditos papéis, Juracy pediu que Elizardo
tirasse o que seria o árbitro central do jogo. Inconformado, entregou o papel
ao Juracy e lá estava ADALBERTO PEREIRA.
O jogo foi muito tranquilo e no final, o Charme venceu ao Nacional por 4
X 1. Terminada a partida, senti que o Sr. Elizardo se dirigia até a minha
pessoa, mas sucintamente me retirei com meus auxiliares. Ele não iria se sentir
bem com a resposta que eu lhe daria.
Essa “tapa de luva” na cara daquele diretor foi mais que suficiente para
mostrar a minha integridade moral e ser, a partir daí, respeitado por quem
tivesse qualquer intenção de fazer prejulgamentos a respeito do meu trabalho.
Nunca mais duvidaram da minha condição de árbitro imparcial.
Até aproveito este trabalho para fazer o que sempre desejei, mas não o
fiz por falta de oportunidade: apresentar os meus sinceros elogios à pessoa de
Sebastião Firmino (Bastinho) que, mesmo com a derrota do seu time, o Nacional,
nunca me dirigiu palavras agressivas, tentando denegrir a minha imagem
profissional. Ele soube reconhecer a superioridade do seu adversário.
- Por Adalberto Pereira –
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