MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE
PARTE 5
Graças ao meu bom Deus consegui avançar na elaboração deste trabalho que tem servido de teste para minha memória. Creio que quem viveu a época que está sendo aqui registrada, certamente ficará entusiasmado ao poder rememorar os fatos aqui citados. Vamos aos fatos?
Nesta parte eu tentarei falar de coisas mais agradáveis. E quero começar registrando nomes de pessoas amigas, que foram omitidas nas partes anteriores.
Eu tinha apenas 16 anos quando resolvi fazer uma visita ao então candidato a Prefeito de Campina Grande, senhor Severino Bezerra Cabral, que tinha como adversário o banqueiro Newton Rique, proprietário do Banco Industrial de Campina Grande.
O senhor Severino Cabral residia na Avenida Getúlio Vargas, já próximo ao centro da cidade. Ali, sentada numa confortável cadeira, encontrei d. Anita Cabral que, educadamente, mandou que eu entrasse. Depois, mandou que eu fosse até a sala de jantar, onde o Cabral tomava o seu café da manhã.
Nunca uma pessoa havia me tratado tão bem. Ele mandou que eu sentasse e me convidou para acompanhá-lo no seu desjejum, ao mesmo tempo em que perguntava o que eu estava fazendo ali. O seu jeitão de matuto chegou a me assustar, mas logo notei que aquele era o seu modo de agir.
Eu aproveitei uma oportunidade em que estava sozinho com o Cabral e d. Anita e pedi uma ajuda para o Vasco do Monte Santo. Ele cumpriu a promessa e foi entregar pessoalmente um padrão de camisa e onze pares de meiões. Foi uma festa na sede do time que, costumeiramente se reunia aos sábados à noite, como acontecia com todos os times amadores de Campina Grande.
Acompanhei todas as programações da campanha do Cabral, que, mesmo sendo semianalfabeto, venceu o pleito com uma boa margem de votos. Ele era conhecido como "Pé de Chumbo", porque suas pisadas eram firmes e fortes. Ele tinha em sua "assessoria" as figuras de Vital do Rego e Raimundo Asfora, dois famosos intelectuais campinenses.
Na época, só tínhamos dois partidos políticos: o PSD (Partido Social Democrático) e a UDN (União Democrática Nacional). Meus pais não simpatizavam muito com a UDN, mas também não se manifestavam muito politicamente. Eles eram muito reservados em se tratando de política.
E foi com meu pai que assisti ao primeiro comício da minha vida. Eu tinha apenas 10 anos. Ouvindo alguns bons oradores, fiquei entusiasmado com a política e nunca mais me afastei dela. Daí a facilidade que eu tinha ao assumir várias assessorias (Prefeitura e Câmara municipal; DNOCS e Polícia Militar, em Patos; Câmara Municipal de Araripina
No Monte Santo, destaco pessoas como o casal Misael e d. Moça, os pais de Marina, Olívia, Corina, Teté, Antônio Correia e Nivaldo; a família do Salomão que jogou no Campinense; seu Zé Maria, um cidadão deficiente visual; seu Euclides e Manuel Gago (caminhoneiro); d. Cícera e o marido Antônio de Gama; Terezinha, irmã do cabo Josemar Rodrigues e o José Amilton.
Eu ainda morava na Rua Ceará quando aconteceu uma tragédia envolvendo o seu Euclides e o Manuel Gago. Motivado por uma briga entre os filhos dos dois (os garotos tinham uns nove a dez anos), o motorista Manuel Gago matou seu Euclides com dois tiros de revólver à queima-roupa.
Na Rua Ceará, os amigos mais próximos foram seu Pedro Nicolau e sua esposa d. Inacinha, pais do Pedro, do Antônio, do Noca e da Lília; seu Cícero e sua esposa d. Mariinha, pais do Inácio, da Carminha e do Jurandir; seu João Coveiro e sua esposa d. Ambrozina, pais do Edson e da Amarílis que, segundo me informaram, foi para o Convento.
E foi justamente na Rua Ceará, onde aconteceu um fato curioso. Lembram que eu falei sobre a minha amizade com Genival Lacerda? Pois ele foi o personagem principal do fato que narrarei agora.
Eu estava estudando quando alguém bateu à nossa porta. Minha mãe estava na cozinha e foi atender ao chamado. Eu a acompanhei, curioso. Na porta estavam uma senhora de idade e um jovem franzino e com um jeito engraçado. Era o Genival Lacerda e sua mãe.
Eu já o tinha visto no programa "Retalhos do Sertão", do Juracy Palhano e logo o reconheci. Fiquei entre feliz e nervoso. Era mesmo o cantor da Rádio Borborema, ou eu estava sonhando? O que ele queria lá em casa?
Minha mãe, sempre educada, abriu a porta e mandou que eles entrassem e se sentassem. A senhora pediu um copo com água e perguntou se minha mãe sabia onde morava o responsável pelo cemitério do Carmo. Minha mãe disse que sim e mandou que eu fosse chamar o Alcides, sobrinho de seu João Coveiro, o administrador do "campo santo".
O objetivo da presença dos dois alí era remover os restos mortais do pai do Genival da cova para um túmulo. Eu acompanhei os três. Pela primeira (e última vez) eu vi um esqueleto humano inteirinho se desmanchando ao ser tocado. É aí que a gente vê o fim da arrogância de muitos.
Depois da visita, ele se colocou à disposição para facilitar o meu acesso aos programas dos quais ele participaria na Rádio Borborema. Foi assim que nasceu a minha amizade com aquele jovem, que anos depois se tornou um dos maiores cantores brasileiros.
Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a sexta parte será publicada brevemente. Aguardem!
(História escrita por Adalberto Pereira)
(Direitos autorais reservados)
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