MINHA INESQUECÍVEL CAMPINA GRANDE
PARTE 3
Já estava bastante ansioso para dar sequência a este pequeno relato sobre os meus onze anos em Campina Grande. É preciso falar um pouco sobre os meus momentos de laser.
Na Rainha da Borborema tivemos a felicidade de residir em locais diferentes, como Rua Liberdade, Rua Paraguai, Av. Rio Branco, Rua Idelfonso Aires, Rua Arrojado Lisboa, Rua Ceará e, finalmente, Rua Monte Santo.
Em todos esses locais deixamos grandes amigos, dos quais ainda guardamos muitas boas lembranças. Podemos citar entre eles o senhor Silveira, o senhor Cristiano Barros, d. Sebastiana, d. Isaura, o senhor Zé Crente, o casal Pedro Nicolau e Inacinha, d. Ambrozina, e o casal Cícero e Mariinha.
A minha primeira namorada foi a Lourdinha, filha de d. Isaura e irmã do Irã, um grande amigo meu. Eu posso dizer que foi um namoro inocente envolvendo duas crianças.
E como o destino é um aro gigante, cujas extremidades se encontram quando menos esperamos, oito anos depois nos reencontramos. Foi aí que descobrimos que nos amamos de verdade.
Não foram poucos os namoros e as paqueras. Dá para lembrar a Joana D'Arc (em José Pinheiro), a Célia (na Prata), a Carminha (na rua Ceará),
Mas os momentos que marcaram os meus anos em Campina Grande, foram os vividos nos programas da Rádio Borborema, onde me deleitava ouvindo a orquestra Borborema, regida pelo maestro Nilo Lima.
Algumas vezes assisti ao programa matinal Retalhos do Sertão, apresentado por Juracy Palhano, onde as grandes atrações eram os poetas repentistas José Gonçalves e Cícero Bernardes, apelidados pelo "capitão Mané Coió" (humorista), de "cupim" e "coruja".
As tardes dos domingos a atração principal era o programa "O Domingo Alegre", apresentado por Leonel Medeiros. Alí, se apesentavam os cantoras da "casa": Silvinha Alencar, Maria das Neves, Maria do Carmo, Ronaldo Soares, os irmãos Gilson e Geisa Reis, Geraldo Andrade e Genival Lacerda.
Outro programa que prendia a nossa atenção era a Escolinha do Professor Nicolau, onde se destacavam os alunos Chico (o ignorante), Bobozinho (o ingênuo), Alfeu (o bajulador do professor) e Linda (a inteligente da turma).
Era muito engraçado. Sempre que o professor Nicolau fazia uma pergunta ao Bobozinho, ele começava assim: "fessô... fessozinho... o sinhô é tão bonzinho!". Falava alguma coisa desconexa e não respondia nada.
Tinha uma música que identificava muito bem a escola. Em uma determinada parte dela, os alunos cantavam: "Na escola do Nicolau, nós vai desaprender...". e terminava assim: ..."Salve a escola ideal, do ignorante Nicolau! Quem não quiser aprender no fim do ano leva pau; pararapapau-pa-pau".
No final do ano, o sucesso ficava a cargo dos pastoris, apresentados por Leonel Medeiros (defendendo o cordão azul), e Palmeiras Guimarães (defendendo o cordão encarnado). Eu ficava rouco de tanto gritar "azul é o céu, azul é o mar, azul é a rainha que nós vamos coroar".
Pelo lado cultural, vale lembrar o programa "O Céu é o Limite". Um dos slogans dizia: "Eles são eruditos. Merecem os nossos aplausos". Lembro do poeta Ronaldo Cunha Lima respondendo sobre a vida de Augusto dos Anjos. Ele deu um verdadeiro show de conhecimentos.
Em casa, minha mãe, diante do rádio SEMP (de válvulas), não perdia um capítulo das novelas "O Anjo Negro", "A Cabana do Pai Tomaz", "Maria Alaô" e "Antônio Maria", todos levados ao ar pela Rádio Borborema. Uns enlatados; outros ao vivo, apresentados pelos atores da própria emissora.
A Rádio Borborema era um verdadeiro celeiro de grandes artistas, entre os quais podemos lembrar de Eraldo Cesar, Genésio de Sousa, Epitácio Soares, Temístocles Maciel. o garoto Benjamin Blay. Ariosto Sales, Hilton Mota, Palmeiras Guimarães, Joel Carlos e Pinto Lopes.
Lembro que em um dos programas "Domingo Alegre" eu ganhei no bingo do Café São Braz, uma cama de solteiro tipo faixa azul, produtos São Braz e uma foto da Miss Brasil, Martha Rocha. A última pedra chamada foi a de número 10. Ganhava uma cartela quem levasse cinco saquinhos vazios dos produtos São Braz (Café São Braz, Coloral Primor e Fubá Vitamilho).
Tinha uma sequência chamada "É muita Coincidência". Leonel Medeiros, o animador do programa, perguntava quem havia levado determinado objeto (geralmente os mais antigos possíveis); quem apresentasse primeiro, ganhava o brinde anunciado. Tinha gente que levava sacolas de "bugigangas". Era muito divertido.
Outra sequência muito engraçada e bastante concorrida era a chamada "Dançando e Baixando!", onde vários casais do auditório se apresentavam. À proporção que eles iam dançando e passando debaixo de uma espécie de trave, iam continuando até derrubarem a barra, quando eram eliminados. Tinha até torcida organizada.
O programa era animado pelo Conjunto Regional sob o comando de Orgírio Cavalcante. Lembro de Arlindo do Piston, Jaime Seixas no piano e o próprio Orgírio no acordeom. Isso, além dos cantores pertencentes do cast da Borborema.
Geralmente eu não pagava ingresso. Eu ficava na porta da emissora esperando o Genival Lacerda chegar. Quando isso acontecia, ele subia a escadaria comigo e dizia para o porteiro: "Esse aqui está comigo!". Nossa amizade é assunto para a próxima etapa.
Bem! Vou ficando por aqui! A história é longa e cheia de emoções. Se for a vontade de DEUS a quarta parte será publicada brevemente. Aguardem!
(História escrita por Adalberto Pereira)
(Direitos autorais reservados)
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