terça-feira, 3 de setembro de 2019

A HORA E A VEZ DA CULTURA


                              O LATIM CONTINUA VIVO   -   Parte 2

(Por Adalberto Pereira)

Levando em consideração a evolução da Língua Portuguesa, podemos apresentá-la em três fases distintas:

1 – FASE PRÉ-HISTÓRICA > Esta fase tem início na época de sua origem, indo até o século IX, sendo que do século V até o IX, foi o período chamado de Romance Lusitano.

2 – FASE PROTO-HISTÓRICA > Esta fase teve seu início no século IX, estendendo-se até o século XII. Nesse período, a língua era falada, mas não era escrita. Palavras portuguesas são encontradas em documentos escritos em Latim Bárbaro.

3 – FASE HISTÓRICA > Esta fase começou no século XII, perdurando até os dias atuais. Ela apresenta dois períodos: o do Português Arcaico (século XII ao XVI), e o do Português Moderno (do século XVI até hoje).

Foi no século XII que apareceu o primeiro texto redigido inteiramente em português: a “Cantiga da Ribeirinha”, uma poesia de Paio Soares Taveirós. Este documento foi datado de 1189, pela filóloga Dra. Carolina Michaelis de Vasconcelos.

Sob a influência dos humanistas do Renascimento, houve, no século XVI, um processo de aperfeiçoamento e enriquecimento linguísticos.

A expansão marítima do século XV provocou a descoberta e a colonização de novas terras, fazendo com que a Língua Portuguesa chegasse às regiões conquistadas. O seu domínio geográfico se expandiu atingindo vários domínios.

Em Portugal, predominou o Português Continental; nas ilhas da Madeira e dos Açores, o Português Insulano.

Surge o Português Ultramarino envolvendo o brasileiro, o indo-português, o dialeto crioulo de Ceilão (Ásia), o dialeto crioulo de Macau, o malaio-português, o português de Timor, o dialeto crioulo de Cabo Verde e de Guiné, e o português de Angola.

Pelos contatos com os idiomas indígenas, em algumas regiões da África e da Ásia, o Português sofreu muitas alterações, o que deu origem ao dialeto crioulo.

O SURGIMENTO DAS LÍNGUAS ROMÂNTICAS

Essas línguas, também conhecidas como neolatinas receberam esse nome por formarem um grupo de idiomas que evoluíram do Latim Vulgar.

Tudo aconteceu no século V, quando aconteceu o fraccionamento da unidade linguística do Império Romano. Foi quando o Latim Vulgar passou a se desenvolver de maneira diferente em cada região.

Essas formações dialetais do Latim Vulgar receberam o nome de Romanços ou Romances. Eram As diferentes falas intermediárias entre o Latim Vulgar e as línguas românticas da atualidade.

Vamos conhecer, agora, as dez línguas neolatinas, então distribuídas de forma geográfica:

PORTUGUÊS > falado em Portugal e suas ilhas e colônias na África e Ásia, e no Brasil.
ESPANHOL > falado na Espanha e suas colônias na América, menos no Brasil, nas Guianas, nos Estados Unidos e no Canadá.
ITALIANO > falado na Itália, na Córsega e na Sicília.
FRANCÊS > falado na França, na Bélgica, na Suíça, em Mônaco, no Canadá, na Tunísia, em Marrocos e no Congo.
ROMENO > falado na Romênia e ao norte da Macedônia.
RÉTICO > falado no Tirol, no Friul e no cantão dos Grisões (Suíça). É também conhecido como reto-romano, romanche e ladino.
GALEGO > falado na Galiza.
PROVENÇAL > falado na Provença (no sul da França).
CATALÃO > falado na Catalunha e nas Ilhas Baleares.
SARDO > falado na Sardenha.
DALMÁTICO > falado na Dalmácia (região da Iugoslávia) até 1898. É considerada língua morta.

Vale salientar que entre as dez línguas românticas citadas, seis são oficiais: o Português, o Espanhol, o Italiano, o Francês, o Romeno e o Rético.

LITTERARUM SONUS ( Sons das Letras)

E – A letra E sempre será pronunciada E, e nunca I. Por exemplo: Fere é pronunciado FERE e não Feri. (paroxítona)

O – A letra O sempre será O e nunca U. Por exemplo: Animo é pronunciado ANIMO e não Animu.

Y – A letra Y só é encontrada em palavras gregas e tem o som de U, a exemplo do francês PUPITRE.

C – A letra C é pronunciada como o C de casa e nunca como o C de cera. Por exemplo, a palavra CICERO deve ser pronunciada KIKERO e não sisseru.

G – A letra G sempre é pronunciada como o G de gato e nunca como o G de gelo. Por exemplo, a palavra latina GERMANA é pronunciada GUERMANA.

H – A letra H é pronunciado como o H do inglês House. Há diferença entre as latinas ORA (praia) e HORA (hora).

V – A letra V é pronunciada como o W do inglês WE. Por exemplo, a palavra UVA é pronunciada U-WA.

X – A letra X tem duas pronúncias. Ela tem o som de KS = LATEX (sem o X de xadrez); e XERXES sendo pronunciada KSERKSES.

Z – A letra Z é pronunciada DZ.

O VERBO SUM (SER)

Em Latim o verbo não tem o seu nome no Infinitivo, como costumamos ver em Português. Ele é conhecido pela Primeira Pessoa do Presente do Indicativo. Veja que o Infinitivo do verbo SUM (ser) é ESSE.

Vejamos os exemplos seguintes:

O Presente do Indicativo do verbo SUM é:
SUM – ES – EST (singular) > SUMUS – ESTIS – SUNT (plural)

O Imperfeito do Indicativo é:
ERAM – ERAS – ERAT (singular) > ERAMUS – ERATIS – ERANT (plural)

O Futuro do Indicativo é:
ERRO – ERIS – ERIT (singular) > ERIMUS – ERITIS – ERUNT (plural).

OBS.: Não existem artigos definidos nem indefinidos em Latim. Assim, a palavra latina ROSA, pode significar em português ROSA, A ROSA ou UMA ROSA. No plural ROSAE, pode significar em português ROSAS, AS ROSAS ou UMAS ROSAS.

Vejamos agora os exemplos do verbo POSSUM (Poder), um verbo composto so verbo SUM com o adjetivo arcaico POTIS (Capaz) > POT(is) + SUM = POTSUM > POSSUM:

O Presente do Indicativo do verbo POSSUM é:
POSSUM – POTES – POTEST (singular)
POSSUMUS – POTESTIS – POSSUNT (plural)

O Imperfeito do verbo POSSUM é:
POTERAM – POTERAS – POTERAT (singular)
POTERAMUS – POTERATIS – POTERANT (plural)

O Futuro do verbo POSSUM é:
POTERO – POTERIS – POTERIT (singular)
POTERIMUS – POTERITIS – POTERUNT (plural)

FIM DA SEGUNDA PARTE
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