O PASSADO
NÃO MORREU - Parte 4
Cheguei a um passado que não
é tão passado como muitos poderiam pensar! Aliás, prometi na terceira parte,
que já havia encerrado a história do meu passado. Mas eu estava totalmente
enganado. Ainda tinha muita coisa para registrar. Por isso, peço desculpas por
incomodá-los mais um pouco.
Bem! Não se espantem se eu escrever
que cheguei ao passado do presente! Esperem aí! Como é que pode? Passado do
presente? Você enlouqueceu? Perguntariam vocês entre admirados e desentendidos.
É que ontem virou passado, mesmo estando presente! Entenderem? Bem, se eu
explicar com mais detalhes, acabo confundindo o seu fértil raciocínio. Mas,
vamos aos fatos!
Deus tem tudo planejado e
não cabe a nós mudarmos o que Ele determinou. Valdim, tio da Cleide, sempre
visitava os pais e familiares em Marcolândia, no Piauí, onde passava Natal e Ano
Novo. E foi em uma dessas visitas que ele me fez um convite para conhecer
Brasília. Inicialmente fiquei meio temeroso, pois as condições não me permitia
viajar com a família (mulher e duas filhas). Valdim prometeu-me a passagem de
volta e eu topei conhecer a Capital da República.
Lembrei-me do Rivaldo e da
Iracema, amigos de Araripina morando lá e resolvi comunicar-lhes sobre a minha
viagem à Brasília. Foi então que o Rivaldo mandou que eu levasse meus
documentos, pois estavam abertas inscrições para contratar professores
temporariamente. Comigo, levei uma procuração da Cleide para inscrevê-la
também.
O PASSADO DÁ LUGAR AO
PRESENTE
Dia 3 de Janeiro de 2001, lá
estava eu chegando à Rodoferroviária de Brasília. Tudo era estranho, principalmente
para quem chega à noite e pela primeira vez a uma cidade que só conhecia por
fotografias, revistas, jornais e, aqui acolá, nos sonhos. Mas agora não era
sonho! Eu estava mesmo na capital da República! Seria uma visita de quinze
dias, segundo o que havia planejado. E lá estava o Valdim, tio da Cleide, com
sua Kombi para levar-me ao Paranoá, onde mora até hoje.
Não deu para conhecer bem a
cidade, pois já era noite e eu precisava descansar da viagem de mais ou menos
30 horas. No dia seguinte, fui com o Valdim para o Plano Piloto, o “coração” de
Brasília. Era realmente um espetáculo! Houve momentos em que fugi de mim e
viajei no tempo para saber se tudo aquilo era verdade mesmo! Congresso
Nacional, Praça dos Três Poderes, Teatro Nacional, Torre de Televisão, Memorial
JK, Catedral Metropolitana, Conjunto Nacional, Jardim Zoológico! Tudo aquilo
era simplesmente maravilhoso!
Era chagado o momento de
visitar os amigos Rivaldo e Iracema. E lá fomos nós para o Gama! Gamei!!! Olhei
para o Valdim e disse com toda convicção: Vou morar aqui! Ele apenas riu! Para
os dois amigos, a minha presença ali era algo incrível! Mas, como eu dissera,
Deus faz tudo de forma a nos deixar perplexos. Fiquei com eles durante seis
dias e fiquei mais gamado ainda no Gama.
Voltei em definitivo no dia
21 de janeiro de 2001, para assumir uma vaga de Contrato Temporário, no Centro
de Ensino Fundamental 416, na cidade satélite de Santa Maria. Fui morar no
Setor Central do Gama. Os primeiros anos em Brasília foram maravilhosos.
Ganhamos muito dinheiro e logo compramos o nosso carro, um Santana preto. Nessa
época, encontrei o amigo patoense Ronaldo Peixoto (filho do saudoso José
Peixoto), e sua esposa Conceição.
VENCENDO AS
DIFICULDADES
O primeiro grande passo foi
no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 416. No ano seguinte, fui para o CEF 213
e, em seguida, para o CEF 404, todos eles na cidade satélite de Santa Maria.
Minha última etapa foi no CEF 201, também em Santa Maria. Não foi nada fácil
conviver com alunos que não demonstravam interesse pela educação, com raras
exceções.
Em 2003 fomos perseguidos
pelo fantasma do desemprego. Fiquei na oitava colocação na lista para renovação
do meu contrato temporário. Foram chamados os sete primeiros, mas não chamaram o
oitavo, que seria eu. Foram seis meses de angústia. Tiramos nossas filhas da
escola particular e as colocamos na escola pública.
Com um currículo bastante
promissor, resolvi apresenta-lo no Palácio do Rádio, no Edifício Assis
Chateaubriand. A jovem que me atendeu ficou perplexa e com um sorriso de
esperança, olhou para mim e disse: “Com um currículo desses, você será chamado imediatamente.
Isso é um verdadeiro dossiê!”. Até hoje espero o chamado!
O problema maior (e isso eu
descobri tarde demais) foi que o meu histórico deve ter assustado muita gente!
Alguns amigos chegaram a dizer que não devemos mostrar tudo o que somos, mas
apenas o mínimo do que fizemos como profissionais. Era tarde demais! Eu ainda
alimentava a ilusão de que vivia num país onde a competência fosse prioridade.
Puro engano!
Deus não nos desamparou e
colocou diante de nós os irmãos Artur Rocha e Nelson que, juntos aos irmãos da
Igreja Batista do Gama, garantiram os seis meses do nosso aluguel. Somem-se a
eles o Valdim e algumas pessoas anônimas que não nos deixaram faltar a
alimentação. Graças à iniciativa do irmão Denil, consegui um emprego na
COMBRASIL, onde fiquei até a minha aposentadoria.
Nove anos passamos no Gama,
até que conseguimos comprar nossa casa na cidade satélite de Santa Maria, onde
ficamos por mais nove anos. Deus ouviu e atendeu às nossas preces e nos
presenteou com uma casa no Setor Leste do Gama. Lá estava eu de volta à cidade
dos meus sonhos. Não foi nada fácil! A nossa fé foi provada e saímos
vencedores.
Brasília deu oportunidade
aos nossos filhos. A Patrícia Joyce fez faculdade de Arquitetura e a
Joycecleide, Publicidade. Wesley foi aprovado no teste de seleção para estudar
no CEMI. Cleide, minha esposa, firmou-se na Escola Presbiteriana, sendo
promovida várias vezes. A vida começava a nos mostrar o seu lado positivo. Deus
sempre esteve conosco e a nossa fé, sem murmurações, fez de nós grandes
vencedores.
TRABALHOS
RECONHECIDOS
Ao longo da minha vida
profissional, fui agraciado pelos trabalhos realizados em Patos, Petrolina e
Araripina. Graças a Deus, os esforços para colocar a competência acima das
aflições e longe do alcance dos invejosos, levaram-me a ser laureado com
medalhas, certificados e títulos de cidadanias.
Também fui agraciado com o Certificado - Prêmio Construtores do Futuro,
outorgado pela revista e Jornal Empresarial, Iniciativa de Pedro Oliveira Alves
e Soliandra Alves. Trata-se de um prêmio concedido a todos aqueles que, dentro
de suas respectivas atividades, foram responsáveis pelo crescimento
sócio-cultural e econômico da cidade de Patos, na Paraíba.
Se somos esquecidos por
alguns, também somos colocados diante de pessoas idôneas que não se negam a
reconhecer o nosso valor profissional. Se o passado foi, de certa forma,
ingrato para comigo, o presente trouxe consigo algumas surpresas agradáveis,
das quais não posso e nem devo esquecer. Deus sempre esteve e continua presente
em tudo, ouvindo as nossas súplicas.
A família foi de um valor
extraordinário, encorajando-nos para seguirmos em frente na luta pela sobrevivência
e pela sobresistência. A confiança no Senhor fez com que enfrentássemos tudo
sem blasfêmia e sem alvoroço. Vencemos, finalmente, e aqui estamos contando os
momentos pelos quais passamos ao longo da nossa existência.
Assim como o Monte de Sião,
é a vida daqueles que confiam no Senhor: nada consegue nos abalar. As
adversidades da vida são necessárias para provarmos, pela fé, que podemos
confiar no Deus único e verdadeiro. Ele jamais falhará em suas promessas.
Felizes daqueles que guardam essas promessas e as aguardam pacientemente.
QUE TUDO SEJA FEITO PARA A HONRA
E PARA A GLÓRIA DO NOSSO DEUS!
(Por Adalberto Pereira)
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