segunda-feira, 16 de setembro de 2019

UM ATO DE ARREPENDIMENTO


                               DEPOIMENTO DE UMA EMPREGADA DOMÉSTICA

(Faça de conta que este fato não seja apenas uma criação do autor)

Tenho 21 anos de idade e desde os meus 15 anos sou empregada doméstica. Meu nome pouco importa neste momento.

Durante os seis anos de profissão sempre demonstrei ser uma pessoa honesta e voltada para o meu trabalho, herança que meus pais me deixaram antes de partirem para a eternidade.

Minha vida junto aos meus patrões era maravilhosa. Querida por todos, sempre fui motivo de orgulho para a família que me “adotou”, dando-me plena liberdade para fazer o que bem entendia. Às vezes me sentia como uma das filhas daquele casal.

Certo dia, quando saia para um passeio em uma das praças da cidade, encontrei um rapaz que parecia ser alguém em quem pudesse depositar toda a minha confiança. Envolvida por suas palavras sinceras e carinhosas, acabei tomando-o como  namorado. Aliás, era o primeiro namorado da minha vida.

Em respeito aos meus patrões, preocupei em apresentá-lo. Todos o receberam de braços abertos e durante os primeiros encontros, falaram bastante ao meu respeito dizendo que eu não era simplesmente uma empregada, mas uma parte da família. Isso me deixou bastante feliz.

Os dias passavam sem que nada de anormal acontecesse, até que meu namorado me fez uma proposta horripilante. Como oficial do Exército, meu patrão conduzia um tipo de arma que, segundo o meu namorado, era uma 45 automática, usada com exclusividade por militares. Sabendo da existência daquela arma, meu namorado propôs a minha participação no roubo da arma.

Aquilo passou a ser um verdadeiro pesadelo na minha vida. Eu jamais pensaria que pudesse ser envolvida por tantas promessas mentirosas, por tanta falsidade. As propostas passaram a ser constantes e ele sempre me dizia que tudo daria certo e que eu não devia ficar preocupada.

Finalmente, quando menos esperei, o fato estava consumado. Foi um reboliço tremendo naquela casa; um verdadeiro “Deus nos acuda” e eu tive que fazer todos os esforços possíveis para não demonstrar nervosismo. Ninguém desconfiou de mim e isso me causou um certo constrangimento. Eu me sentia uma verdadeira covarde.

Certo dia, meu namorado ofereceu a arma a um rapaz, sem saber que ele era militar e amigo do meu patrão. O jovem, que sabia do roubo, comunicou o fato ao meu patrão e armaram um golpe para pegar meu namorado. Dito e feito.  Na hora marcada, quando tudo parecia dar certo, meu namorado foi cercado por policiais.

Ao ser perguntado como ele havia adquirido aquela arma, meu namorado contou tudo com detalhes e me incluiu naquele ato irresponsável. Foi um grande golpe para uma família que confiara tanto em mim. Calada e sem qualquer reação, fui algemada e colocada numa viatura policial.

Hoje, como prisioneira e desprezada pela família que tanto me amava e me respeitava, sinto-me uma pessoa desprezível, um péssimo exemplo para as pessoas que exercem tão honrosa profissão.

Agora, cercada por mulheres marginais e afastada do convívio social, peço que vocês não sigam o meu exemplo. Sejam honestas, sinceras, obedientes e conquistem o amor e o respeito de seus patrões. Nunca se deixem levar por pessoas sem escrúpulos e de mentes poluídas por atos repudiados pela sociedade. Tenham piedade de mim e não me desprezem pelo ato impensado que cometi.

(História criada por Adalberto Pereira)


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