DEPOIMENTO DE UMA EMPREGADA
DOMÉSTICA
(Faça de conta que este fato
não seja apenas uma criação do autor)
Tenho 21 anos de idade e
desde os meus 15 anos sou empregada doméstica. Meu nome pouco importa neste
momento.
Durante os seis anos de
profissão sempre demonstrei ser uma pessoa honesta e voltada para o meu
trabalho, herança que meus pais me deixaram antes de partirem para a
eternidade.
Minha vida junto aos meus
patrões era maravilhosa. Querida por todos, sempre fui motivo de orgulho para a
família que me “adotou”, dando-me plena liberdade para fazer o que bem
entendia. Às vezes me sentia como uma das filhas daquele casal.
Certo dia, quando saia para
um passeio em uma das praças da cidade, encontrei um rapaz que parecia ser
alguém em quem pudesse depositar toda a minha confiança. Envolvida por suas
palavras sinceras e carinhosas, acabei tomando-o como namorado. Aliás, era o primeiro namorado da
minha vida.
Em respeito aos meus patrões,
preocupei em apresentá-lo. Todos o receberam de braços abertos e durante os
primeiros encontros, falaram bastante ao meu respeito dizendo que eu não era
simplesmente uma empregada, mas uma parte da família. Isso me deixou bastante
feliz.
Os dias passavam sem que
nada de anormal acontecesse, até que meu namorado me fez uma proposta
horripilante. Como oficial do Exército, meu patrão conduzia um tipo de arma
que, segundo o meu namorado, era uma 45 automática, usada com exclusividade por
militares. Sabendo da existência daquela arma, meu namorado propôs a minha
participação no roubo da arma.
Aquilo passou a ser um
verdadeiro pesadelo na minha vida. Eu jamais pensaria que pudesse ser envolvida
por tantas promessas mentirosas, por tanta falsidade. As propostas passaram a
ser constantes e ele sempre me dizia que tudo daria certo e que eu não devia
ficar preocupada.
Finalmente, quando menos
esperei, o fato estava consumado. Foi um reboliço tremendo naquela casa; um
verdadeiro “Deus nos acuda” e eu tive que fazer todos os esforços possíveis
para não demonstrar nervosismo. Ninguém desconfiou de mim e isso me causou um
certo constrangimento. Eu me sentia uma verdadeira covarde.
Certo dia, meu namorado
ofereceu a arma a um rapaz, sem saber que ele era militar e amigo do meu
patrão. O jovem, que sabia do roubo, comunicou o fato ao meu patrão e armaram
um golpe para pegar meu namorado. Dito e feito.
Na hora marcada, quando tudo parecia dar certo, meu namorado foi cercado
por policiais.
Ao ser perguntado como ele
havia adquirido aquela arma, meu namorado contou tudo com detalhes e me incluiu
naquele ato irresponsável. Foi um grande golpe para uma família que confiara tanto
em mim. Calada e sem qualquer reação, fui algemada e colocada numa viatura
policial.
Hoje, como prisioneira e
desprezada pela família que tanto me amava e me respeitava, sinto-me uma pessoa
desprezível, um péssimo exemplo para as pessoas que exercem tão honrosa
profissão.
Agora, cercada por mulheres marginais
e afastada do convívio social, peço que vocês não sigam o meu exemplo. Sejam
honestas, sinceras, obedientes e conquistem o amor e o respeito de seus
patrões. Nunca se deixem levar por pessoas sem escrúpulos e de mentes poluídas
por atos repudiados pela sociedade. Tenham piedade de mim e não me desprezem
pelo ato impensado que cometi.
(História criada por
Adalberto Pereira)
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