PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
19 - Francisco Tomaz de Brito, de
saudosa memória, era um caicoense que chegou a Patos para cursar Veterinária,
na Fundação Francisco Mascarenhas. Para ajudar na sua faculdade, ele pediu um
emprego ao Padre Joaquim de Assis Ferreira, nosso diretor. Como não havia vaga,
eu disse ao padre que daria o programa “Parabéns Pra Você” para ele apresentar.
Pe. Assis ficou meio desconfiado, mas acabou concordando.
O tempo passou e
certo dia, devido às minhas ocupações, eu pedi para o Tomaz fazer uma
entrevista com o professor Manoel Messias do Nascimento, diretor do CEPA – Colégio
Estadual Pedro Aleixo e que estava sendo cotado para ser candidato a Prefeito.
Escrevi algumas perguntas e entreguei ao Tomaz, com a seguinte observação:
“Preste
bem atenção, Tomaz! Se ele responder que não é candidato, encerre a entrevista!
Caso ele confirme a sua candidatura, prossiga com a entrevista, observando as
perguntas seguintes, ok?”. Tomaz disse que sim e lá foi ele. Depois de ser bem
recebido por Dr. Messias, Tomaz fez a primeira pergunta:
TOMAZ: - Professor Manoel Messias, circulam pela cidade informações
segundo as quais o senhor é um dos
postulantes à Prefeitura de Patos. O senhor confirma estas informações?
DR. MESSIAS: - Realmente existem algumas especulações a respeito, mas eu
não sou candidato. Sinto-me muito bem como diretor e acho que não levo jeito
para política!
TOMAZ: - Muito bem! O senhor está recebendo apoio de algum grupo
político?
DR. MESSIAS: - Não, meu jovem repórter, mesmo porque eu não sou
candidato. Como já afirmei, são apenas especulações.
TOMAZ: - Muito bem! É verdade que o senhor poderá receber o apoio do
Grupo Motta?
Aí não! O professor Messias meteu o dedo na tecla Stop do gravador, levantou-se
com o rosto vermelho de raiva, olhou para o Tomaz e bradou:
DR. MESSIAS: - Você é louco, rapaz? Eu não lhe disse que não sou candidato?
Tomaz chegou na rádio, olhou para mim e disse: - Não me mande mais
entrevistas aquele senhor! Ele é muito ignorante e nem parece ser um educador!
Depois de ouvir a gravação, olhei para Tomaz e disse que, no lugar do Dr. Messias faria bem pior.
- Por Adalberto Pereira -
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PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.
20 – Na política tudo é possível. Políticos mudam de opinião em troca de
benefícios próprios, enquanto outros se fazem de inegociáveis, esperando uma
oferta mais atraente. Ao longo dos meus quase 40 anos convivendo com políticos
e partidos, fui testemunha de fatos repugnantes.
O vereador Vigolvino Lopes dos Santos era um adversário ferrenho do
prefeito Edimilson Fernandes Motta, mas não deixava de visitar o gabinete do
Chefe do Executivo Patoense. Com sua bolsa de lado e com o seu jeitinho de
chamar a todos de “Grande”, ele chegava, sentava na poltrona em frente à mesa
do prefeito, dava um longo suspiro e cumprimentava a todos.
Para não chamar a atenção, abria a bolsa, tirava uns papéis e olhava um
por um, como se estivesse procurando algo importante. Mas o que o “Vigó” queria
mesmo era colher informações sobre os serviços a serem realizados na cidade.
Vez por outra levantava os olhos por cima da lente dos óculos, voltando sua
vista em direção ao Dr. Edimilson.
Educado como sempre, o prefeito iniciava uma conversa com o intruso
adversário, mostrando ter por ele um grande respeito. Era a oportunidade para
Vigolvino saber os próximos passos do prefeito. Com seu plano em mente, saia
direto para o local da futura obra, onde reunia as pessoas dizendo que a seu
pedido, o prefeito ia realizar determinada obra no local.
Certo dia um amigo me perguntou por que o prefeito atendia tantos
pedidos de Vigolvino. Diante da minha admiração, ele me contou o que havia
presenciado. Falei com o Dr. Edimilson e armamos uma “armadilha” para o afoito
vereador. Esperamos pela sua próxima visita, o que não demorou a acontecer.
Como ninguém desconfiara da “jogada” do vereador, ele levou vantagens
por duas ou três vezes. Sempre educado e fingindo não saber das intenções do vereador, Dr.
Edimilson conversou animadamente com ele. Depois de alguns minutos de conversa,
o prefeito virou-se para mim dizendo:
- Adalberto, diga ao Chico Sátyro que depois de amanhã, comece os
serviços de calçamento na Rua do Meio. Vamos fazer uma grata surpresa aos
amigos de lá! Começava ali o audacioso plano.
Vigolvino fez grandes elogios ao prefeito e disse que aquela seria uma
obra de grande vulto. Depois de alguns minutos, levantou-se, deu um longo
suspiro e saiu de mansinho, dizendo que precisava fazer uma visita a uma
eleitora enferma.
Na verdade, ele foi mesmo direto à rua do Meio, onde reuniu alguns
habitantes e informou que atendendo ao seu pedido, o Prefeito Edimilson Mota autorizou
a construção do calçamento naquela rua. E eufórico, bradou: - E vai começar
depois de amanhã, pessoal.! A alegria foi geral, não faltando os calorosos
aplausos para o vereador.
Chegado o dia, e como acontecia de costume, lá estava Vigolvino para
acompanhar a realização da obra e aparecer como o “pai da criança”.
Foram mais duas frustrações do Vigó, depois da decepção na Rua do Meio:
uma delas no Bairro da Vitória.
Desacreditado pela população, nunca mais o
vereador “meteu o nariz” onde não devia. E o prefeito se livrou da incômoda
visita.
- Por Adalberto Pereira -
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