sexta-feira, 13 de março de 2020

ACONTECEU DE VERDADE 09


PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

17 – A campanha para a sucessão do prefeito Edimilson Motta estava iniciando. De um lado, o Dr. Rivaldo Medeiros, apoiado pelo grupo Mota e do outro, o Dr. José Carlos Candeia, apoiado pelo ex-prefeito Olavo Nóbrega.

As pesquisas indicavam o Dr. Carlos Candeia como favorito e isso estava incomodando o candidato do MDB, Rivaldo Medeiros. Por conta disso, o partido precisava de um outro nome para a sublegenda. E como a campanha de Candeia já estava nas ruas, o grupo do Dr. Rivaldo precisava de urgência na escolha do nome para a sublegenda.

Edivaldo Motta, irmão do  então prefeito Edimilson, convocou uma reunião com as principais lideranças do MDB. O local escolhido foi o gabinete do prefeito. O nome do advogado Romero Abdon da Nóbrega, bastante conceituado, foi o mais cotado, mas ele disse estar sobrecarregado, pois tomara para si os processos que eram de seu  pai, o também advogado Napoleão Nóbrega, que havia falecido.

Outros nomes foram indicados até chegar ao nome de Adão Eulâmpio da Silva, um jovem pertencente ao Conselho do partido. Imediatamente Adão foi convocado, aceitando ao convite com uma condição: se ele  fosse eleito, o Dr. Rivaldo teria livre acesso ``a Prefeitura, o mesmo acontecendo, caso o Dr. Rivaldo fosse o vitorioso.

Todos esperavam uma reação brusca da parte do Dr. Rivaldo, mas a surpresa foi de alívio, quando Rivaldo bateu com a palma da mão na coxa de Adão e respondeu: - Tá feito! Espero que você cumpra a promessa se for eleito. Adão respondeu com a “mesma moeda”. Agora era ir a procura do vice. E o escolhido foi Virgílio Trindade Monteiro, que aceitou na condição de não “gastar um centavo”. Rivaldo saiu vitorioso com a ajuda dos mais de 2 mil votos de Adão Eulâmpio da Silva.

Eu fui convidado pelo prefeito Rivaldo Medeiros para sua assessoria e aceitei. Certo dia, estávamos conversando, logo no início do expediente, quando entrou uma senhora e entregou um papel ao Dr. Rivaldo. Este leu o conteúdo, fez um sorriso irônico e passou para mim dizendo: - Leia isso, jornalista!

Estava escrito: “Amigo Rivaldo! Por favor, atenda essa senhora! É nossa eleitora”. Abraços, Adão Eulâmpio. Dr. Rivaldo pegou o bilhete, amassou e o atirou no cesto de lixo. Olhou para a pobre mulher e disse: - Volte e diga ao seu Adão que o prefeito de Patos sou eu e não ele! (Rivaldo quebrava assim a promessa feita no gabinete do Prefeito Edimilson Motta).

Começava a partir dali uma grande rivalidade entre ambos. E Adão Eulâmpio não poupava as críticas ao prefeito e isso se tornou no seu “prato preferido”.

- Por Adalberto Pereira -

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PARECE IMPOSSÍVEL, MAS ACONTECEU.

18 – Quem pensa que o Horário Político é uma coisa recente, está completamente enganado! Na década de 60 ele já existia no rádio, mas o Partido que quisesse usufruir do  horário tinha que pagar. Nada era de graça. Só anos depois é que surgiu o “Horário Gratúito”, para não prejudicar os partidos de menor poder aquisitivo.

Algumas vezes eu apresentei os candidatos dos dois partidos fortes da época. O controlista do horário sempre era o Pedro Correia. O programa era sempre acompanhado por um fiscal da Justiça Eleitoral, que ficada ao lado do discotecário. Este tinha o poder de mandar parar a transmissão, caso fosse necessário.

Eu acredito que nem era preciso a presença dele, pois bastava dizer a Pedro o que ele deveria fazer que ele obedecia de forma rigorosa. Ele costumava dizer: “não abro nem para um trem carregado de pólvora e um doido fumando em cima!”. O Pedoca era “duro na queda”: mandou, ele cumpria! O programa tinha a hora de começar a  hora de terminar. Para isso, os políticos deviam planejar bem para cumprir o seu script.

Edivaldo Motta e José Cavalcanti eram amigos íntimos do Pe. Joaquim de Assis Ferreira, na época Diretor da Rádio Espinharas e achavam que isso os levava ao direito de mudar as regras do Programa. Eles atrasaram cinco minutos e, com aquele jeitinho agradável, Edivaldo foi até Pedro e disse: - Pedro,  colabora aí, recompensando esses minutinhos, amigo! Pedro deu o silêncio como resposta.

Começa o programa. Edivaldo Motta faz uso dos minutos a que tinha direito, segundo o cronograma do Partido e passa a palavra para  Seu Zé, ou Zé da Bala, como era conhecido Zé Cavalcanti.  Empolgado, ele ultrapassou o horário e lá se foram mais dez minutos além do horário oficial.

Terminado o seu pronunciamento, ele se dirigiu ao Pedro e se desculpou: “Desculpe aí, Pedro! Falei demais e acabei passando do limite! Sem demonstrar qualquer irritação, Pedro respondeu: “Se preocupe não. O senhor falou dez minutos de graça (*).  E seguiu com a programação normal da emissora.

(*) Falar de graça era um termo usado no rádio quando alguém falava sem estar no ar, ou quando o microfone estava desligado.

- Por Adalberto Pereira -

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