Parte
1
O LATIM NÃO ESTÁ MORTO
(Por
Adalberto Pereira)
Não
é difícil ouvirmos dizer que o “Latim é uma língua morta” quando, na realidade
os seus prefixos e sufixos são responsáveis por grande parte da formação das
palavras nas línguas neolatinas. O Latim existe desde o século VII a.C., desde
a fundação de Roma em 753 a.C. até a queda do Império Romano do Ocidente, em
476 d.C.
Esta
língua tem sua origem do Latium, uma região central da Itália. Ela começou a
ser falada pelos pastores humildes e pelos rústicos agricultores.
Passou
a ser usado de duas formas distintas: o Latim Clássico, conhecido como “Sermo
Urbanus”, usado nas escolas e academias;
e o Latim Vulgar, conhecido como “Sermo Vulgaris”, usado sem preocupação de
regras gramaticais.
Vale
salientar que grandes escritores latinos como Cícero, César, Horácio e outros
não usaram em suas obras o Latim Clássico, mas o usado pelo povo: o Latim
Vulgar. Este era usado pelos soldados e pelos colonizadores romanos.
Um
não é consequência do outro, pois os dois passaram a existir de forma
simultânea, paralelamente, embora em situações e ocasiões diferentes.
A
invasão bárbaro-germânica foi a causa principal e imediata da dialetação do
Latim Vulgar. Isso foi o resultado da queda e fragmentação do Império Romano.
Comandados
pelo general Tarique, no século VIII, os árabes, oriundos do norte africano,
atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a Península.
Tentando
impor sua cultura muito superior à da Península, os árabes procuraram sua
língua como oficial, mas os peninsulares preferiram o Latim Vulgar, agora já
bem modificado.
Apesar
do seu alto nível cultural e do seu elevado grau de civilização e mesmo depois
de mais de sete séculos na Península, os árabes exerceram pouca influência
linguística.
Prova
disso é que hoje existem apenas cerca de mil vocábulos de origem árabe no
léxico português. Eles são caracterizados pelo prefixo AL, que é o artigo
definido árabe.
Alguns
exemplos desses vocábulos são: álgebra, algibeira, álcool, alcatifa, alface,
algarismo, alfazema, alcachofra, almofada, alfafa, alfinete, algema, algodão,
alqueire.
A
CHEGADA AO BRASIL
A
Língua portuguesa é considerada um prolongamento do Latim levado pelos romanos
para a Península Hispânica, também conhecida como Ibérica, habitada pelos
Iberos, um povo pacífico que vivia da agricultura.
Esta
Península foi invadida no século VI a.C., pelos Celtas, um povo guerreiro e
bastante turbulento. Eles se misturaram aos Iberos, formando assim os povos
Celtiberos.
Os
anos passaram e com eles surgiram os Fenícios, os Gregos e os Cartagineses, que
estabeleceram suas colônias comerciais ao longo da Península.
Com
o objetivo de socorrer os Celtiberos do poder dos Cartagineses, soldados
romanos foram enviados à Península, que foi invadida no século III a.C.
O
resultado de tudo isso foi o domínio de toda a Península pelas legiões romanas.
Em 197 a.C. a Península Ibérica torna-se província romana. Os povos vencidos
eram obrigados a falar uma nova língua: o Latim.
Eles
foram intransigentes ao imporem o uso do Latim, principalmente nas transações
comerciais e nos atos oficiais, na organização do serviço militar, que era
obrigatório.
Para
mostrar o seu poder e para impor respeito, eles abriram escolas, construíram
estradas, templos religiosos, organizaram o comércio e o serviço de correios.
Só eram servidos aqueles que falassem o Latim.
Em
se tratando da Língua Portuguesa (de Portugal), fundada a monarquia portuguesa,
o dialeto falado era o Galeziano, ou galego-português, expressão vinculada à
Galiza e Portugal.
Surge,
então, duas línguas distintas: o Galego, preferido pela unidade Castelhana, e o
Português, que evoluiu e se nacionalizou, chegando até aqui.
No
entanto, o primeiro texto redigido exclusivamente em português foi a “Cantiga
da Ribeirinha”, uma poesia escrita por Paio Soares Taveirós, dedicada a d.
Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha. Isso, no século XII.
O
Português arcaico foi conhecido através de poesias trovadorescas, reunidas em
“Cancioneiros”, bem como na prosa de cronistas como Fernão Lopes, Gomes Eanes
Zurara e Rui de Pina.
Em
1290 D. Dinis, conhecido como o Rei Trovador, tornas obrigatório o uso da
Língua Portuguesa. É fundada em Coimbra, a primeira Universidade.
Somente
em 1572, com o processo de aperfeiçoamento e enriquecimento linguísticos, e sob
a influência dos humanistas do Renascimento, aparece a obra de Luis de Camões,
“Os Lusíadas”. Este fato marcou a história do nosso idioma, sendo considerado o
maior monumento literário e linguístico.
No
século XVI, um fato histórico: inicia-se a gramaticalização do idioma, com a
publicação, em 1536, da primeira Gramática da Língua Portuguesa, escrita pelo
Pe. Fernão de Oliveira. A segunda veio em 1540, escrita por João de Barros.
Ambas tiveram o mesmo título: Gramática da Língua Portugueza.
FIM
DA PRIMEIRA PARTE
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