sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A HORA E A VEZ DA CULTURA


Parte 1
                           O LATIM NÃO ESTÁ MORTO

(Por Adalberto Pereira)

Não é difícil ouvirmos dizer que o “Latim é uma língua morta” quando, na realidade os seus prefixos e sufixos são responsáveis por grande parte da formação das palavras nas línguas neolatinas. O Latim existe desde o século VII a.C., desde a fundação de Roma em 753 a.C. até a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.

Esta língua tem sua origem do Latium, uma região central da Itália. Ela começou a ser falada pelos pastores humildes e pelos rústicos agricultores.

Passou a ser usado de duas formas distintas: o Latim Clássico, conhecido como “Sermo Urbanus”, usado nas escolas  e academias; e o Latim Vulgar, conhecido como “Sermo Vulgaris”, usado sem preocupação de regras gramaticais.

Vale salientar que grandes escritores latinos como Cícero, César, Horácio e outros não usaram em suas obras o Latim Clássico, mas o usado pelo povo: o Latim Vulgar. Este era usado pelos soldados e pelos colonizadores romanos.

Um não é consequência do outro, pois os dois passaram a existir de forma simultânea, paralelamente, embora em situações e ocasiões diferentes.

A invasão bárbaro-germânica foi a causa principal e imediata da dialetação do Latim Vulgar. Isso foi o resultado da queda e fragmentação do Império Romano.

Comandados pelo general Tarique, no século VIII, os árabes, oriundos do norte africano, atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a Península.

Tentando impor sua cultura muito superior à da Península, os árabes procuraram sua língua como oficial, mas os peninsulares preferiram o Latim Vulgar, agora já bem modificado.

Apesar do seu alto nível cultural e do seu elevado grau de civilização e mesmo depois de mais de sete séculos na Península, os árabes exerceram pouca influência linguística.

Prova disso é que hoje existem apenas cerca de mil vocábulos de origem árabe no léxico português. Eles são caracterizados pelo prefixo AL, que é o artigo definido árabe.

Alguns exemplos desses vocábulos são: álgebra, algibeira, álcool, alcatifa, alface, algarismo, alfazema, alcachofra, almofada, alfafa, alfinete, algema, algodão, alqueire.

A CHEGADA AO BRASIL

A Língua portuguesa é considerada um prolongamento do Latim levado pelos romanos para a Península Hispânica, também conhecida como Ibérica, habitada pelos Iberos, um povo pacífico que vivia da agricultura.

Esta Península foi invadida no século VI a.C., pelos Celtas, um povo guerreiro e bastante turbulento. Eles se misturaram aos Iberos, formando assim os povos Celtiberos.

Os anos passaram e com eles surgiram os Fenícios, os Gregos e os Cartagineses, que estabeleceram suas colônias comerciais ao longo da Península.

Com o objetivo de socorrer os Celtiberos do poder dos Cartagineses, soldados romanos foram enviados à Península, que foi invadida no século III a.C.

O resultado de tudo isso foi o domínio de toda a Península pelas legiões romanas. Em 197 a.C. a Península Ibérica torna-se província romana. Os povos vencidos eram obrigados a falar uma nova língua: o Latim.

Eles foram intransigentes ao imporem o uso do Latim, principalmente nas transações comerciais e nos atos oficiais, na organização do serviço militar, que era obrigatório.

Para mostrar o seu poder e para impor respeito, eles abriram escolas, construíram estradas, templos religiosos, organizaram o comércio e o serviço de correios. Só eram servidos aqueles que falassem o Latim.

Em se tratando da Língua Portuguesa (de Portugal), fundada a monarquia portuguesa, o dialeto falado era o Galeziano, ou galego-português, expressão vinculada à Galiza e Portugal.

Surge, então, duas línguas distintas: o Galego, preferido pela unidade Castelhana, e o Português, que evoluiu e se nacionalizou, chegando até aqui.
No entanto, o primeiro texto redigido exclusivamente em português foi a “Cantiga da Ribeirinha”, uma poesia escrita por Paio Soares Taveirós, dedicada a d. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha. Isso, no século XII.

O Português arcaico foi conhecido através de poesias trovadorescas, reunidas em “Cancioneiros”, bem como na prosa de cronistas como Fernão Lopes, Gomes Eanes Zurara e Rui de Pina.

Em 1290 D. Dinis, conhecido como o Rei Trovador, tornas obrigatório o uso da Língua Portuguesa. É fundada em Coimbra, a primeira Universidade.

Somente em 1572, com o processo de aperfeiçoamento e enriquecimento linguísticos, e sob a influência dos humanistas do Renascimento, aparece a obra de Luis de Camões, “Os Lusíadas”. Este fato marcou a história do nosso idioma, sendo considerado o maior monumento literário e linguístico.

No século XVI, um fato histórico: inicia-se a gramaticalização do idioma, com a publicação, em 1536, da primeira Gramática da Língua Portuguesa, escrita pelo Pe. Fernão de Oliveira. A segunda veio em 1540, escrita por João de Barros. Ambas tiveram o mesmo título: Gramática da Língua Portugueza.

FIM DA PRIMEIRA PARTE
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