quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O PASSADO CONTINUA VIVO NA MEMÓRIA

                                         


                              O PASSADO NÃO MORREU       -      Parte 2

Bem! Eu contei na primeira parte deste meu relato, um pouco da minha vida, a partir de Abreu e Lima, estendendo-se à Campina Grande, famosa Rainha da Borborema. Agora, começo uma nova etapa desta minha vida meio interessante e meio chata pra quem está lendo esse monte de fatos repletos de monotonias.

Na primeira parte do meu relato, esqueci de citar alguns professores. Assim eu seria um ingrato! Além de d. Maroca e d. Guiomar, minhas primeiras professoras, outros fizeram parte da minha vida estudantil: d. Raimunda; d. Terezinha, Marly carvalho (Francês), Sevi Nunes (Latim), Paloma (Inglês), Gadelha (Canto Orfeônico), Raimundo Suassuna (História Geral), Sinval (Matemática), d. Vanda (Geografia), Pe. Emídio (Latim), Pe. Raimundo (Português), José Carlos (Matemática), Osmar (Geografia), Willy Bullara (Francês). E meus diretores José Loureiro e Severino Loureiro, Raul Córdula e William Ramos Tejo (em Campina Grande); Durval Fernandes e Manoel Messias do Nascimento (ambos em Patos).

Quando eu estava no Exército, um cidadão chamado Alício Barreto, fez um convite para meu pai gerenciar sua fundição, localizada nas proximidades do antigo Terminal Rodoviário de Patos. As vantagens oferecidas não poderiam ser rejeitadas e meu pai aceitou “in loco”!. Minha mãe ficou em Campina Grande cuidando de mim e do meu irmão Abinoan, que tinha apenas dois anos.

No final do mês de janeiro, sabendo que eu havia cumprido o meu tempo do BSvE, meu pai voltou à Capina Grande para levar-me para Patos. Ele havia conseguido, junto ao Sr. Eliezer de Holanda Cavalcante, um emprego na algodoeira Anderson & Clayton. Era um emprego muito legal: eu era responsável pela conferência das cargas que ali chegavam. Conferia o peso do caminhão carregado e dele sem a carga.

Dia 3 de março de 1961. Por volta das 19 horas eu e meu pai chegávamos à cidade de Patos, na Paraíba. Tudo era muito estranho para mim, inclusive a temperatura. Sair de Campina Grande com uma temperatura girando em torno dos 21ºC, para enfrentar um calor de 35ºC, não era moleza! Por mim, teria ficado em Campina Grande, onde já estava fazendo o curso de Paraquedista do Exército. Mas minha mãe não permitiu o meu engajamento.

Pelo menos foi uma viagem divertida. Teve até o lance de um passageiro que adormeceu e passou da cidade onde deveria descer! Foi um “Deus nos acuda!”. Pela segunda vez eu viajava de trem. O cenário era uma beleza! Mato de um lado, mato de outro e o único colorido que agradavam aos meus olhos era o dos gravetos espalhados pelos áridos terrenos por onde o trem passava numa lentidão de dar náuseas.

Mas não deixou de ser uma aventura a mais na minha vida, já acostumada com as surpresas, em sua grande maioria, surpreendentes. A primeira coisa a fazermos foi seguir da Estação Ferroviária para o Hotel Santa Terezinha, de um cidadão chamado Vicente. O local era ótimo! Ficava a uns 50 metros da estação e a uns 150 metros do Terminal Rodoviário.

No início era tudo muito estranho. Meu pai, que chegara em Patos a alguns meses, já era hóspede do hotel. Bom mesmo foi saber que a empresa onde eu iria trabalhar, a Algodoeira multinacional Anderson & Clayton, ficava quase em frente ao hotel Santa Teresinha. Bastava atravessar a pista e pronto. Ao lado, ficada a SANBRA (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro).

Para ser mais preciso, tudo isso: Hotel, algodoeiras e até a Cadeia Pública, ficavam no início da rua Horácio Nóbrega. Hoje, fazendo o mesmo percurso, se continuássemos caminhando, chegaríamos ao Hospital Regional Janduhy Carneiro e ao Estádio Municipal José Cavalcanti. Mesmo sendo noite, eu já procurava decorar alguns pontos da cidade.

Começava aí, mais uma etapa da minha vida, agora na cidade de Patos, conhecida como a “Morada do Sol”. Já no primeiro domingo, fui com meu pai para a Escolas Dominical na Igreja Batista, na rua Felizardo Leite. Fiz minhas primeiras amizades, a começar pelo Pastor Silas Melo e sua esposa, d. Maria José Melo, (d. Zezé).

Outros amigos surgiram: Juvenal Jerônimo, Severino Siqueira, Manoel Lucena, Manoel Ananias, Silvino Lucena, Wilson Dias Novo, Neemias Quaresma, Agripino Santos (Pepino), José Inácio, Aristides, Abraão Luiz, José Vicente, Leonila Lemos (Ir. Nila), Olindina Siqueira, Maria Souza, Maria Belchior, Rosa (esposa do Abraão) e muitos outros.

Conquistando a amizade e o carinho de todos, passei a ter uma vida bastante ativa naquela igreja, onde fui professor, superintendente da Escola Dominical, Secretário e responsável pelo serviço de som da igreja, função que me levou aceitar ao convite para coordenar e apresentar, com o pastor Silas Melo, o programa “A Voz Batista do Sertão”, pela Rádio Espinharas de Patos, a pioneira da região.

Ano de 1962. Em atendimento ao convite do radialista José Augusto Longo da Silva, fui apresentar com ele o programa esportivo daquela emissora, levado ao ar às 18 horas. Foi o primeiro passo para ficar trinta anos como radialista, tendo passagens por várias emissoras de rádio da Paraíba e do Pernambuco, bem como oito jornais paraibanos, pernambucanos e baianos. Foram 30 incansáveis anos de profissão.

Naquela época, a Rádio Espinharas pertencia ao deputado Federal Drault Ernani de Melo e Silva e tinha como diretor Maurício Leite. No quadro de locutores lembro o Artur Dionísio, Luiz Pereira, José Augusto Longo da Silva, Mainardo Santos, Ramalho Silva, Batista Leitão e Bosco Boró. No quadro de operadores: Orlando Xavier, Edilson Brandão, José Wilson, Pedro Correia, mestre Abdon e Luiz Oliveira. Não poderia esquecer o velho e querido Zacarias e a tesoureira Socorro que casou com o Severino Quirino.

Zé Augusto e Luiz Pereira acharam meu nome ridículo para um locutor e mudaram para Carlos Alberto, que pegou rápido e perdurou por muitos anos, até os ouvintes se acostumarem com o Adalberto Pereira a partir de 1973, minha segunda etapa naquela emissora. Daquele ano até 1964, apresentei os programas “Seu Pedido, Sua Música”, à noite; “A Música das Ruas” e “Cartão Sonoro”, ambos à tarde. O número de cartas recebidas mostrava que a audiência estava indo bem! Já dava até para pedir um aumentozinho de salário!

Com a substituição do Maurício Leite pelo Rackson Torres, as coisas não funcionaram da mesma forma. A rádio já não mais pertencia ao Dr. Drault Ernane, pois fora vendida à Diocese de Patos. Muitas coisas mudaram e eu não via com bons olhos a maneira como o Rackson conduzia a emissora. Preferi sair e seguir a minha vida à minha moda. Fui trabalhar com meu pai na oficina de Seu Alício Barreto.

Ano de 1969. Eu nem pensava mais voltar ao rádio, quando fui procurado para trabalhar na Difusora Rádio Cajazeiras. Foi até uma surpresa, pois já estava afastado dos microfones há quase 5 anos. Em Cajazeiras, fiquei hospedado no Cajazeiras Hotel, de d. Lourdes. Deparei-me com uma proibição ridícula dos diretores Mozart e José Adegildes: Não podia visitar a concorrente Rádio Alto Piranhas. Mas eu visitei, mesmo contrariando à ordem recebida e causando o espanto dos colegas. (Eu não comprara a briga deles!).

Eu apresentava um programa romântico, recitando poesias de minha autoria e de outros autores. Vez por outra, apresentava editoriais escritos por mim. Fechei a audiência do horário e me mantive no ar, mesmo sabendo que já não era bem visto pelos diretores. Não demorei muito tempo ali e resolvi deixar tudo e voltar para Patos. Foram quase quatro anos afastado dos microfones! Isso me incomodava, pois eu já estava com o rádio no sangue.

Final do ano de 1972. A situação financeira não estava boa. Resolvi procurar emprego nas rádios de Campina Grande. Na Caturité, disseram que o quadro estava cheio, na Borborema acharam que não tinha experiência suficiente. Fiquei sabendo que a Cariri estava precisando de locutores. Fui lá e fiz um teste. Fui aprovado, mas só me prometeram o emprego para o mês seguinte. Sabendo disso, Petrônio Gouveia, José Augusto Longo e Batista Leitão pediram ao Pe. Assis que me contratasse.

O padre Joaquim de Assis Ferreira me contratou e daquela data até o ano de 2001, nunca mais fiquei fora do rádio. Eu já era conhecido como Adalberto Pereira e tinha o meu próprio espaço. Foi quando coloquei no ar o programa “O Domingo é Nosso”, que explodiu na audiência. Para o sucesso do programa contei com grandes parceiros: Empresa de Transportes Marajó; Cine São Francisco; Foto Alarcon; Aguardente Coroa; Sorveteria Tchan; Banca de Revistas A Manchete; e Aldo Baterias, além do comércio patoense.

Alcancei o meu objetivo maior: dar oportunidade aos artistas da terra, levando para o programa Jáder, o Garotinho do Forró Quente; Agamenon Show; Gilson Monteiro, com sua voz inconfundível; José Valadares e o seu trio. Pudemos dar oportunidades a artistas como Midian Alves e Gê Maria. Mas não fiz tudo sozinho, contei com a participação de Cilene Medeiros, Sildani Medeiros e Arlene Nóbrega.

Nossa equipe de operadores era sensacional! Juarez Farias, José Medeiros, José do Bonfim, Pedro Correia, Antônio Vieira, José Maria, José Augusto da Costa Nóbrega, Petrônio Gouveia. Todos eles revestidos de uma competência invejável. Isso dava mais brilho ao nosso programa e nos colocava numa situação bastante cômoda para apresentá-lo. Para completar, contávamos com a eficiência do nosso discotecário Amaury de Carvalho.

Na minha segunda passagem pela Rádio Espinharas, outros grandes profissionais, além dos que vieram de 1962, marcaram presença em minha vida: Sousa Irmão, Louraci Freitas, Nestor Gondim, Paulo Porto, Juarez Farias, Batista de Brito, Edleuson Franco de Medeiros, Aloisio Araújo, Roberto Fernandes, Francisco Tomaz de Brito, Luiz Gonzaga Lima de Moraes, Fildani Gouveia, Joaquim Pedra, José Medeiros, Assis Pedra, Petrônio Gouveia, Odísia Wanderley, Corina Gomes.

Somem-se a estes, aqueles que me receberam de braços abertos no início da minha carreira, que só encerrou em 2001, quando decidi morar em Brasília. Vale relembrar: Pedro Correia, Orlando Xavier, Edleuson Franco, Amaury de Carvalho.

Minha amizade com o empresário Pinga, fez com que ele me desse a responsabilidade de apresentar todos os cantores por ele levados a Patos. Entre eles, posso citar: Roberto Leal, Silvio Brito, José Augusto, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo, Roberto Carlos, Teixeirinha e Mary Terezinha, Waldik Soriano (por duas vezes), Perla (a paraguaia), Wando, Altemar Dutra, Odair José e Sidney Magal.


Vários fatos marcaram minha passagem pelas oito emissoras da minha vida. Lembro que no início da minha carreira, havia na Rádio Espinharas o famoso gongo, que soava quando anunciávamos uma nota de falecimento ou um convite de missa. O gongo deu defeito e mestre Abdon levou para concertar em casa. Alguns dias se passaram sem o “sonoro” gongo.

Despreocupado como sempre o foi, o locutor Mainardo Santos (que detestava quando colocavam nota de falecimento para ele divulgar) lançou um olhar de raiva para o operador Luis Oliveira (outro despreocupado), e mandou: “Nota de falecimento!”. Esperou o gongo e nada! Viu quando Luiz gesticulou dizendo que seguisse em frente. Foi aí que o Mainardo lembrou que estava sem o aparelho do gongo. Sem pensar duas vezes, Mainardo fez com a boca os três sons do gongo e divulgou a nota.

E já que estou falando do Mainardo Santos, lá vai outra dele: Era natural naquela época, as pessoas ligarem para a rádio para se informar da hora certa. Isso deixava o operador apavorado. Vendo a preocupação do colega, Mainardo foi atender ao telefone. Do outro lado da linha uma voz feminina fazia a tradicional pergunta: Pode me informar a hora certa, por favor? Mainardo – Venda o telefone e compre um relógio. No dia seguinte a mulher foi com o marido prestar queixas ao Maurício Leite, que demitiu Mainardo na hora!

Em Patos, além de radialista, passei a viver outros momentos de muitas emoções. Primeiro, fui convidado pelo prefeito Edmilson Motta para ser seu assessor de imprensa. Ele mesmo, vendo a minha facilidade no domínio da Língua Portuguesa, convidou-me para lecionar no Colégio Municipal Aristides Hamad Timene. Aceitei aos dois convites.

Isso abriu grandes espaços para outras atividades na área da educação! Lecionei nos cursos preparatórios para vestibular. O primeiro deles foi o Curso Kennedy, do Dr. Efigênio; o segundo foi o Curso Extra 3; e o último, o  Curso Apolo 11. Aí o negócio disparou e fui contratado para lecionar Língua Portuguesa no Colégio Comercial Roberto Simonsen.

Mas eu sempre queria mais! Para isso, passei a estudar as regras de futebol e iniciei minha carreira como árbitro na Liga Patoense de Futebol, filiada à Federação Paraibana de Futebol. Fiz isso durante 12 anos. Da mesma Liga, fui vice-presidente na gestão de Mário Lemos e Diretor do Departamento de Arbitragem da mesma entidade.

E como já estava “na dança”, aceitei ao convite do Francisco de Assis Vieira (Binda), para ser treinador do Central Futebol Clube. Cheguei até a ser goleiro do time em algumas partidas. Mas as emoções não acabaram por aí! O presidente da L. P. F., Juracy Dantas de Sousa, me fez um convite ousado: ser técnico da Seleção Amadora. E quem disse que eu ia perder essa oportunidade?

Mas espera aí! Que negócio é esse de ser Relações Públicas da Polícia Militar? Pois é! Foi durante um jantar oferecido à Imprensa patoense, pelo III BPM, na Churrascaria Buena Brasa, que o então capitão Clementino, comandante da 4ª Companhia, anunciou o meu nome como Relações Públicas da Polícia Militar, comandada pelo Cel. Deuslírio Pires de Lacerda. Lá passei dois anos, até ir trabalhar em Petrolina.

Ôpa, ia esquecendo que também dei uma de cantor e compositor! Pois é! Para participar de um Festival de Músicas Carnavalescas, no Cine El Dourado, compus três músicas: “Saudades dos Carnavais” (marcha-rancho), Até Quarta-Feira e “A Marcha da Peteca” (estas marchas de salão). Somente “Saudades dos Carnavais” ficou entre as cinco melhores. O maestro Saraiva (Valdemir Campos) fez os arranjos dela e de “Até Quarta-Feira”. Por unanimidade da Câmara Municipal, foi-me outorgado o título de CIDADÃO PATOENSE (Projeto de Lei de autoria do vereador Polion Carneiro).

A partir daí, passei a receber propostas para integrar os quadros de cantores das orquestras carnavalescas. Entre elas, lembro-me da orquestra do maestro Rusinho e da orquestra do maestro Zé da Trompa. Cantamos em Coremas, São Mamede, Maturéia, Taperoá e no Centro Recreativo de São Sebastião, em Patos. Eu selecionei um vasto repertório. A minha alegria levava os foliões ao delírio.

Tá bom! Já escrevi demais! Já provei que ainda estou com a memória fértil, apesar dos quase 7.8. Depois, se me der coragem e se a memória continuar ajudando, na terceira parte, falarei de outras aventuras do meu passado que, graças a Deus, ainda não morreu!

(Por Adalberto Pereira)
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