quarta-feira, 25 de julho de 2018

COMO ERA MINHA VIDA NA ROÇA


Até os meus 9 anos de idade, morei em Abreu e Lima, então Distrito de Paulista - Pernambuco. Nasci na Usina Timbó, na Rua Azul,  quando Abreu e Lima ainda era conhecida por Maricota. Hoje, lembrando os meus tempos na “casa do alto”, resolvi contar um pouco de lá em versos, com o título:

A VIDA NA ROÇA  EM ABREU E LIMA

No sítio em Abreu e Lima pouca coisa se comprava,
Pois meu pai sempre plantava muitas frutas e verduras
Era um tempo de farturas sendo Deus o nosso escudo.
Tinha remédio pra tudo, dor de cabeça e coceira;
Tinha erva-doce,  e cidreira, capim santo e sabugueiro,
Nem precisava dinheiro pra comprar medicamentos.
Trabalhos para os  jumentos lá na roça não faltavam
Nas cangalhas transportavam mangas, sapotis e cajus.
E no meio dos bambus  muitas cobras venenosas.
As mocinhas vaidosas usavam vestido de chita.
Cada uma mais bonita requebrando a cintura,
Era a beleza mais pura, presente vindo do céu.
Tinha o canto do xexéu, do canário e sabiá,
Um pé de maracujá se espalhava no cercado
E o mugido do gado era a mais bela canção.
Tinha pés de fruta-pão, de graviola e caju,
Jabuticaba e umbu, laranja cravo e mamão.
Tinha jaca e limão e nada faltava pra gente.
Cada amigo e parente que a roça visitava
Sempre dali levava muitas frutas e verduras.
Até mel de rapadura tinha na roça também.
Na nossa casa ninguém passava necessidade,
Diferente da cidade, onde o povo chora e clama,
Na roça não se reclama por falta de amor e paz.
Na cidade  não se faz a vida ter alegria;
Seja noite, seja dia não se encontra segurança;
De lá só quero lembrança, além disso, nada mais.
Na roça se vive em paz, lá não tem poluição,
Não se vive de ilusão, tudo é felicidade.
Lá se vive de verdade contemplando a natureza.
Nossa vida tem beleza, pois na roça só Deus manda;
Lá tem rede na varanda para o corpo descansar,
Tem água de coco e cajá, cana caiana e maçã.
Banana prata e anã, e água na cachoeira.
Mandioca e macaxeira, batata doce e cará,
Tudo isso tinha lá no sítio onde eu morava
Nada pra gente faltava e todo mundo era feliz.
Quem vai lá sempre diz: daqui eu não saio mais!
Lá tem moça e tem rapaz  e segurança pra gente.
Lá tem peba e tem serpente, jararaca e cascavel,
E as estrelas no céu brilham com mais beleza
Como é bela a natureza na roça onde eu vivia!
Quando meu pai saia de casa pra trabalhar
Minha mãe ia cuidar dos bodes,  e das galinhas
E para nossas vizinhas mandava ovos e frutas
Eu via sair das grutas muitas cobras venenosas
Eram muito perigosas mas eu nem tinha medo
Pois  era mais um segredo que Deus guardava na roça.
Carro de boi e carroça passavam pelas estradas
Neles eram transportadas mercadorias pra feira
E levantavam poeira para o vento espalhar.
Agora vou encerrar esta minha narração,
Sem tirar do coração as lembranças do passado,
Quero sempre estar lembrado  da minha vida  na roça.

AUTOR: Adalberto Pereira.


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