O MUNDO ENCANTADO DO RÁDIO - Parte
2
Por Adalberto Pereira
O CORREDOR DA MORTE
Durante a minha
carreira de radialista cheguei a fazer de tudo um pouco. Fui locutor, redator,
operador de áudio, discotecário, narrador esportivo, repórter de campo,
comentarista esportivo, cronista e até gerente administrativo.
Como repórter
policial tive a ajuda do soldado Albino, que sempre me informava quando
acontecia um fato interessante. Graças a ele, os casos policiais eram levados
aos nossos ouvintes em primeira mão. Isso me colocava entre os repórteres mais
atuantes na região.
E foi através de
uma informação do Albino que fiz a cobertura do assassinato de um “puxador” de
carro conhecido como Joel, que se encontrava na cadeia pública de Patos e,
segundo os policiais, tentara fugir. Descobri que tudo não passara de uma
armação.
Pelos hematomas
nos braços e no pescoço, descobri que ele fora obrigado a sair de sua cela para
dar a impressão de uma tentativa de fuga. Por ter resistido, Joel foi empurrado
para fora e fuzilado no corredor da cadeia.
O fato foi publicado pelo Diário da Borborema e eu fui ameaçado pelo então
comandante do III BPM.
Sabendo
do que estava acontecendo, o Pe. Joaquim de Assis Ferreira, nosso diretor, mandou
que fossem gravados todos os telefonemas a mim dirigidos. O caso foi parar na Secretaria
de Segurança Pública do Estado e o comandante do III BPM foi substituído imediatamente.
A imparcialidade
na divulgação dos fatos é uma obrigação do bom profissional. Esta não tem preço
e a sua credibilidade passa a ser uma característica de bom caráter. Não resta
dúvida de que o preço a pagar é muito alto, mas vale a pena arriscar, mesmo
sabendo que vai desagradar alguns.
(...)
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