sábado, 28 de julho de 2018


O MUNDO ENCANTADO DO RÁDIO  -  Parte 2

Por Adalberto Pereira

                            O CORREDOR DA MORTE

     Durante a minha carreira de radialista cheguei a fazer de tudo um pouco. Fui locutor, redator, operador de áudio, discotecário, narrador esportivo, repórter de campo, comentarista esportivo, cronista e até gerente administrativo.

     Como repórter policial tive a ajuda do soldado Albino, que sempre me informava quando acontecia um fato interessante. Graças a ele, os casos policiais eram levados aos nossos ouvintes em primeira mão. Isso me colocava entre os repórteres mais atuantes na região.

     E foi através de uma informação do Albino que fiz a cobertura do assassinato de um “puxador” de carro conhecido como Joel, que se encontrava na cadeia pública de Patos e, segundo os policiais, tentara fugir. Descobri que tudo não passara de uma armação.

     Pelos hematomas nos braços e no pescoço, descobri que ele fora obrigado a sair de sua cela para dar a impressão de uma tentativa de fuga. Por ter resistido, Joel foi empurrado para fora e  fuzilado no corredor da cadeia. O fato foi publicado pelo Diário da Borborema e eu fui ameaçado pelo então comandante do III BPM.

     Sabendo do que estava acontecendo, o Pe. Joaquim de Assis Ferreira, nosso diretor, mandou que fossem gravados todos os telefonemas a mim dirigidos. O caso foi parar na Secretaria de Segurança Pública do Estado e o comandante do III BPM foi substituído imediatamente.

     A imparcialidade na divulgação dos fatos é uma obrigação do bom profissional. Esta não tem preço e a sua credibilidade passa a ser uma característica de bom caráter. Não resta dúvida de que o preço a pagar é muito alto, mas vale a pena arriscar, mesmo sabendo que vai desagradar alguns.

(...)

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